domingo, 30 de novembro de 2014

Flandres

DEUTSCHE WELLE
10 de outubro de 2014

Bélgica lembra 100 anos de batalha decisiva para Primeira Guerra

Ao inundarem região para rechaçar avanço dos alemães, belgas forçaram uma guerra de trincheiras, que acabou caracterizando o grande conflito. Exposições e rotas históricas celebram centenário da Batalha de Flandres.

(Bernd Riegert)

Cem anos atrás, os poderosos invasores alemães atacaram a cidadezinha belga de Nieuwpoort, no litoral do Mar do Norte. Lá, desembocavam cinco rios e canais das planícies pantanosas de Flandres.

Os campos que se encontravam abaixo do nível do mar haviam sido drenados com um complexo sistema de canais artificiais e comportas. Movido pelo desespero, um oficial belga apresentou a ideia de transformar o lado alemão do front num gigantesco lago, para conter o rápido avanço do Exército inimigo.

O rei Alberto 1º, que comandava as tropas belgas naquela última ponta restante de Flandres Ocidental, concordou. Ao longo de quatro noites, as barragens e comportas foram abertas por dois civis, sob o fogo dos atiradores inimigos. As águas do Mar do Norte inundaram a região e, de fato, o Exército da Alemanha ficou atolado.

Para o historiador belga Patrick Vanleene, a inundação de Flandres foi uma virada importante na Primeira Guerra Mundial.

"Pela primeira vez, a invasão alemã na Bélgica foi detida. Isso transformou a guerra de movimento numa guerra de trincheira durante quatro anos. Assim conhecemos o grande conflito: uma guerra de posição travada nas trincheiras, de ambos os lados", conta.

PRESENÇA VIVA DE ALBERTO 1º

No local onde se encontravam as antigas barragens realiza-se a cerimônia internacional pelo início da Primeira Batalha de Flandres. Ali os belgas erigiram para Alberto 1º um monumento circular, de tijolos amarelos. Em seu centro está a estátua equestre do monarca; atrás dela, o Rio Yser, que corre ao longo do antigo front.

Alberto foi o único soberano que participou pessoalmente dos combates na Primeira Guerra, recusando-se a abandonar seu país e seu Exército - embora os aliados franceses tivessem preferido ver o rei dos belgas na segurança do exílio.

"O rei rejeitou isso conscientemente", conta o historiador Herbert Ruland, da Escola Superior da Comunidade Germanófona de Eupen, na província de Liège. Alberto sabia que, se deixasse seu país, provavelmente nunca mais retornaria. "Para a Bélgica, esse combate à margem do Yser provavelmente significou sua sobrevivência como nação."

Passados cem anos, Alberto 1º segue popular entre os belgas. Um longo ônibus articulado da companhia de transportes urbanos flandrina leva aos povoados das vizinhanças uma espécie de mostra móvel dedicada a ele. O "Albert bus" é muito bem frequentado, comenta seu motorista na parada em Nieuwpoort.

Na pacata cidadezinha, que vive da pesca e do turismo, naturalmente se come o arenque curado em vinagre matjes na Peixaria Albert. Para a cerveja, os flamengos procuram a taverna Albertbrug (Ponte Alberto). Sua fachada branca está um pouco descascada, mas, nos últimos dias, foi decorada com bandeiras britânicas - as tropas do Reino Unido lutaram na frente de batalha do Yser.

HORROR NAS TRINCHEIRAS

Em 29 de outubro de 1914 iniciou-se em Nieuwpoort uma chacina que só acabaria quatro anos mais tarde. O front corria ao longo dos rios Yser e Yperlee até a cidade de Ypres, onde, em 1915, os militares alemães empregaram pela primeira vez gás tóxico em combate. Ao longo dessa linha escavaram-se centenas de quilômetros de trincheiras – com os alemães na margem leste, e as tropas aliadas, na margem oeste.

Em Diksmuide, a meio caminho entre Nieuwpoort e Ypres, foi reconstituída uma parte do "Corredor da Morte", as trincheiras que tantas vezes se transformaram em armadilhas mortais.

Hoje, passeando pelos fossos sobre o chão firme, de madeira ou cascalho, é quase impossível para os turistas avaliar quão insuportável era a vida dos soldados. Lama, excrementos, crateras de bombas, cadáveres, gritos, chuva, neve e o permanente pavor de morte eram seus companheiros de trincheira, conta Patrick van Wanzele, que pesquisou os abrigos no solo.

ÚLTIMA GERAÇÃO TRAUMATIZADA

Para a população de Flandres Ocidental, a guerra foi inicialmente uma grande surpresa. Camponeses e pescadores não contavam que os alemães fossem tentar justamente por ali a passagem para a França. Em outubro de 1914, milhares de refugiados do leste pensavam ter encontrado segurança em Nieuwpoort.

Mas aí vieram os soldados, conta Patrick Vanleene, organizador de uma exposição histórica sobre a Batalha de Flandres.

"Irrompeu o pânico total, pois os habitantes da cidade não estavam preparados. Não para receber todo o Exército que chegara à cidade e procurava proteção nas igrejas e escolas", relata.

Por causa da anunciada inundação do oeste de Flandres e dos constantes combates, milhares tiveram que deixar suas propriedades. Também os avós de Vanleene foram atingidos.

"Talvez seja da última geração que ainda consegue sentir esse trauma da Primeira Guerra Mundial, pois eu ainda tinha avós que falavam a respeito. Eles viveram dos dois lados da linha do front, e tiveram que fugir, todos, para a França. Alguns dos irmãos se tornaram soldados e dois deles morreram na guerra", afirma.

"GUERRA NÃO É SÓ ALGO QUE SE VÊ NA TV"

O ano de jubileu 2014 atrai muitos visitantes a Flandres Ocidental. Espalhados pelos antigos campos de batalha, ainda há vestígios dos postos e cemitérios militares de todas as nações envolvidas no grande conflito. Trilhas sinalizadas convidam a passeios históricos de carro ou de bicicleta ao longo das pitorescas valetas à beira das quais se travaram os combates.

No momento, transcorrem na Bélgica as férias de outono: muitos pais passeiam por Flandres com os filhos. É preciso sempre explicar por que ali há tantas sepulturas, em parte ornamentadas com papoulas de papel ou plástico. Mas vale a pena o esforço, assegura Patrick Vanleene, diante do monumento a Alberto 1º em Nieuwpoort.

"Eu acredito no poder da educação. Pode-se mostrar de forma interessante aos jovens, numa exposição, quanto cuidado eles precisam ter. Meninos e meninas precisam reconhecer que guerra não é apenas algo que se vê na televisão", enfatiza o historiador.


Fonte:
http://www.dw.de/bélgica-lembra-100-anos-de-batalha-decisiva-para-primeira-guerra/a-18026279

domingo, 23 de novembro de 2014

Canhões de agosto

Trechos de Canhões De Agosto (1962), de Barbara Tuchman.


A Europa era uma pilha de espadas em equilíbrio precário, e não se podia puxar uma sem mover as outras.

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Ele sabia que o sucesso material podia conquistar a opinião pública: esqueceu-se de que o fracasso moral podia perdê-la, o que também pode ser um risco de guerra.

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O cérebro de Foch, como um coração, continha duas válvulas: uma bombeava entusiasmo na estratégia, a outra fazia circular o bom-senso.

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Foch advertiu: a ideia de que o entusiasmo por si só pudesse triunfar era uma infantilidade.

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Dizia-se que os melhores cérebros produzidos pela Escola Superior de Guerra iam para a seção de ferrovias e terminavam nos hospícios.

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[Os Little Englands] Viam a França como a cigarra frívola e decadente, e gostariam de ver a Alemanha como a formiga trabalhadora e respeitável, se os posicionamentos e os rugidos do Kaiser e dos militaristas pangermânicos não desmentissem essa visão.

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A vitória decisiva rápida era a ortodoxia alemã; a impossibilidade econômica de uma guerra longa era a ortodoxia de todos.

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Eles [alemães] acreditavam que a Inglaterra estava ficando velha, apesar de seus amplos domínios e de ser ainda poderosa, e sentiam por ela, como os visigodos pelos romanos do último período, um desprezo que se mesclava ao sentimento de inferioridade de um recém-chegado.

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Os alemães acreditavam que a intenção de lutar declarada pela Bélgica não passava de "raiva de carneiros sonhadores", nas palavras que um estadista prussiano certa vez aplicou a seus oponentes conterrâneos.

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As execuções [de belgas por alemães] pretendiam ser um exercício de terror, segundo a teoria desenvolvida pelo imperador Calígula: Oderint dum metuant - Que nos odeiem, contanto que nos temam.

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Kitchener lidava com a Índia, o Egito, o Império - apenas com conceitos abrangentes; nunca foi visto falando com um soldado raso, ou mesmo tomando conhecimento de sua existência. Como Clausewitz, encarava a guerra como uma extensão da política e partia dessa premissa.

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Como de modo geral a história da Inglaterra no combate a oponentes destreinados e carentes de armas modernas não vinha sendo brilhante, a figura de um herói despertava orgulho no Exército e gratidão no Governo.

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Quando os soldados russos avistaram pela primeira vez na vida um aeroplano, dispararam seus fuzis contra ele, convencidos de que uma invenção tão inteligente só podia ser alemã.

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Ele [Joffre] achava que o dever dos generais era serem leões na ação e cães na obediência.

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Os seres humanos, como os planos, mostraram-se falíveis diante daqueles ingredientes que não estão presentes nas manobras de treinamento: o perigo, a morte, a munição de verdade.

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Para Wilson, neutralidade era o oposto de isolacionismo; ele queria manter-se fora da guerra para poder desempenhar um papel maior, e não menor, nos assuntos mundiais. Desejava a "glória grande e eterna" para si próprio, assim como para seu país, e percebia que só poderia conquistá-la se mantivesse a América fora do conflito, para poder atuar como árbitro imparcial.

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É preciso mais coragem para parecer covarde e arriscar-se a incorrer no desfavor popular do que para arriscar-se a morrer.

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Para aqueles que permaneceram em Paris durante esse período em que ninguém sabia se o próximo dia traria ou não os capacetes pontudos, os voos do Taube, sempre na hora do aperitivo, forneciam a excitação para compensar a proibição governamental ao absinto.

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A verdade do avanço alemão fora oculta pela "reticência patriótica", para usar a esplêndida expressão do Sr. Asquith.

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Não faz diferença se a decisão de Lanzerac nasceu do medo ou da sabedoria, pois às vezes o medo é sabedoria.

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O tempo de pompa passara. Ele não bradou "Avante!", nem convocou os homens para a glória. Depois dos primeiros 30 dias de guerra em 1914, reinava a premonição de que era pequena a glória que os esperava.

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Com a chegada do inverno, veio a transição gradativa e fatal para o beco sem saída de uma guerra de trincheiras. Correndo da Suíça até o Canal da Mancha através do território francês e belga como uma ferida gangrenada, as trincheiras determinaram a guerra de posições e de atrito - a insanidade brutal, enlameada e assassina conhecida como a Frente Ocidental, que perduraria por mais quatro anos.



Mais:
http://www.commentarymagazine.com/article/the-proud-tower-barbara-tuchman
http://docs.google.com/file/d/13Z6HqE_noS685_RW0zNJVsDFD018WayY

domingo, 16 de novembro de 2014

Tsingtao

O cerco de Tsingtao [31/10/1914 a 7/11/1914] marcou a colisão de duas políticas seguidas por motivos políticos inteiramente internos. Como um teatro de sombras, o cerco apenas refletia outras preocupações mais importantes para os combatentes. A Alemanha tinha fundado sua colônia na China como parte da campanha de propaganda de Tirpitz, para construção da frota de batalha germânica. Tirpitz não podia confessar a um Reichstag receoso que ele pretendia desafiar a Marinha Real. Ele tinha problemas em explicar como uma grande frota alemã iria prejudicar a França ou a Rússia em uma guerra. Encontrou aliados no lobby colonial, argumentando que a prosperidade econômica germânica exigia um grande império colonial.

Depois das primeiras semanas da guerra, [o governador] Meyer-Waldeck decidiu que mais nenhum navio passaria pela rede aliada, que se apertava. Ele preparou a cidade para o sítio, esperando que a vitória na Europa o livraria das forças esmagadoras que se reuniam contra ele. Os alemães lançaram minas navais e terrestres, cercas de arame farpado e limparam os campos de fogo.

Os alemães tinham muitos suprimentos, mas teriam que ser cuidadosos com a munição (a carga anual de recompletamento de munição estaria para chegar em setembro).

Desde os estágios de planejamento, o estado maior do exército japonês abandonou todos os limites: mostrariam a precisão e cuidado do exército. Suprimentos e potência de fogo fluíram de forma abundante, de forma a manter as baixas pequenas. A nação iria admirar o aperfeiçoamento das técnicas militares japonesas, apagando as memórias dos banhos de sangue contra a Rússia em 1905.

O estado maior escolheu o General de Divisão Mitsuomi Kamio para o comando, um oficial conhecido mais pela cautela do que por seu brilho, ordenando-lhe que não se arriscasse a sofrer um revés: tinha que mostrar uma vitória exemplar e podia pedir qualquer coisa que precisasse.

Em 27 de agosto, o Segundo Esquadrão, sob o comando do Vice-Almirante Sadakichi Kato, começou o bloqueio a Tsingtao. A inteligência naval britânica suspeitava que o esquadrão germânico de cruzadores da Ásia Oriental já tinha zarpado, mas a Marinha japonesa não se arriscou. Uma frota moderna, de dois dreadnoughts, um cruzador de batalha e dois encouraçados pré-dreadnoughts reforçaram o Segundo Esquadrão, preparado para o combate contra todo o Esquadrão Germânico. A frota tomou três pequenas ilhas costeiras como pontos de observação e começou um cuidadoso processo de varredura de minas.

Em 30 de agosto, o clima piorou. Tsingtao, a "Riviera do Oriente", orgulhava-se de ter outonos suaves e secos. O de 1914 foi um dos mais úmidos na história e até os dias de hoje, pois tufões fora de época encharcaram toda a península. Naquela noite a tempestade forçou o contratorpedeiro japonês Shirotaye contra a costa, fazendo-o encalhar em uma ilha costeira. A tripulação escapou, mas o Jaguar, apoiado pelas baterias costeiras, saiu do porto e o destruiu.

A dois de setembro, os japoneses começaram a desembarcar em Lungkou, na parte norte da península. Quatro companhias de infantaria de marinha, apoiadas por uma companhia de metralhadoras do exército, por sua vez reforçada por marinheiros, rumaram para terra. Espalharam-se pela praia e não encontraram os alemães. Um batalhão de engenharia veio a seguir, construindo um píer flutuante e dois embarcadouros de pedra em 24 horas. Um regimento de cavalaria seguiu e, então, um regimento de infantaria, que reincorporou a companhia de metralhadoras destacada anteriormente. Neste momento o clima caprichoso tinha inundado a praia e uma cena de pesadelo era visível no caos de lama, arrebentação, chuva, vento e ruído. Os animais tropeçavam ao puxar os carroções atolados, caixotes eram levados para o mar e afundavam, controladores de praia histéricos xingavam os soldados exaustos.

Um hidroavião da marinha sobrevoou Tsingtao no dia 5, chocando os alemães, que não esperavam aeroplanos. O piloto relatou a presença do cruzador Austro-Húngaro, cinco canhoneiras, um contratorpedeiro e vários vapores.

Moradores ingleses começaram a formar forças voluntárias de autodefesa, liberando unidades do exército. O exército inglês reuniu uma pequena contribuição para o comando de Kamio: um batalhão de infantaria de linha desembarcaria com a artilharia de sítio japonesa, seguido por duas companhias de infantaria hindus.

Em 13 de setembro a cavalaria japonesa esbarrou no posto avançado alemão em Tsimo, na borda do protetorado. Os espantados germânicos fugiram depois de uma curta escaramuça. Os nipônicos tomaram Kiautschou no dia seguinte, cortando a ferrovia de Shantung. Excelentes estradas germânicas ligavam Tsingtao a estes pontos.

A sabedoria de Kamio em prever as intenções alemãs derivava de uma inteligência militar superior. Ambos os lados recrutavam mão-de-obra chinesa, e tentavam organizar os coolies da área como espiões. Alguns oficiais japoneses se disfarçavam como coolies, chegando mesmo a trabalhar nas linhas germânicas. O regimento de cavalaria japonês deslocou-se para patrulhar o lado mais distante (de terra) do porto, tornando o escape ou a entrada em Tsingtao muito difícil. A opinião pública chinesa, de certa forma, apoiava os japoneses, um sentimento que aumentava de forma mais marcante à medida que a derrota germânica se tornava iminente.

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Em 25 de outubro, toda a artilharia de sítio japonesa relatou estar pronta e em posição. Planejando um grande bombardeio, Kamio ordenou que nenhuma peça abrisse fogo até que cada uma delas tivesse sua dotação completa de munição, de 1.200 granadas. Nenhuma peça revelaria sua posição ao inimigo até que todas o fizessem. Ele queria que cada peça disparasse 80 granadas por dia. O estado maior planejava um bombardeio de sete dias, mas ele insistia em um suprimento para quinze dias. Para o ataque final, os engenheiros japoneses formaram pelotões de assalto equipados com granadas de fuzil e tubos de bambu cheios de explosivos (como os torpedos Bangalore, para limpar os alambrados).

Com as baterias terrestres de Tsingtao obviamente em ruínas, a artilharia de sítio mudou, em dois de novembro, os alvos para os redutos e arame farpado que os apoiavam. Naquela noite, os sitiantes cavaram sapas mais 300 metros para frente. No dia seguinte, algumas baterias obliteraram a geradora de eletricidade, enquanto a maior parte continuou a arrebentar os alambrados e esmagar os redutos. Os alemães começaram a abandonar os redutos, pois os tetos começaram a desabar. Naquela noite, os sitiantes cavaram a sua segunda paralela avançada de assalto. Na alvorada do dia 4 de novembro, uma companhia de infantaria japonesa, reforçada por um pelotão de engenheiros, atacou a estação de bombeamento de água. Ela caiu facilmente, resultando em 21 prisioneiros e os defensores tiveram que passar a se virar com água de poços. Dia após dia, a frota tinha martelado as baterias de costa até arruiná-las, enquanto as baterias de sítio arrebentavam o arame.

Meyer-Waldeck viu o fim se aproximar. Em 6 de novembro ele ordenou ao Taube para seguir para a China com seus últimos despachos. Os chineses enviaram os despachos para a Alemanha. Agora, sem alvos, a artilharia de sítio esmagava os pequenos pedaços de arame ou alvenaria abandonada que ainda podia encontrar.

Avançando pelo buraco no centro alemão, as forças japonesas se espalharam. Uma companhia de infantaria carregou até o topo da colina Iltis. Um holofote iluminou um tenente alemão reunindo seus homens com a espada na mão, no momento em que o capitão japonês subia o morro, liderando seus homens, também com a espada na mão. Piscando, os dois homens olharam um para o outro. Então, em uma incrível paródia de combate feudal, os dois oficiais lutaram um duelo de esgrima entre suas tropas. A espada de samurai provou ser muito superior à espada cerimonial de parada; o comandante japonês derrotou o seu oponente e os alemães se renderam.


Fonte:
http://www.grandesguerras.com.br/artigos/text01.php?art_id=95

Mais:
http://www.youtube.com/watch?v=ksdjeGD_4Z4

domingo, 9 de novembro de 2014

Tanga

A atuação das tropas de Paul von Lettow-Vorbeck, na África Oriental, contra as forças britânicas, em Tanga [3 a 5 de novembro de 1914], durante a Primeira Guerra Mundial.

Uma testemunha ocular descreve vivamente a batalha: "Ao amanhecer, Tighe atacou Tanga com o 13º Rajputs e o 61º de Pioneiros. Na orla de Tanga, Tighe encontrou um entrincheiramento fortemente defendido pelo inimigo. Pouco depois, ele foi atacado e repelido, seus homens cedendo em desordem. Nenhum ato heroico, por parte dos oficiais britânicos, serviu de alguma coisa. Os oficiais eram alvejados um após o outro ao tentarem reunir os homens e deter a debandada. Tivemos cerca de 300 baixas hoje e nossos homens se comportaram vergonhosamente, não mostrando em momento algum coragem militar. Nunca tive muita confiança em nossas medíocres tropas indianas. Os oficiais britânicos comportaram-se como heróis, mas nenhum deles teve qualquer chance, com seus homens fugindo como coelhos e matraqueando como macacos. Ao anoitecer, tínhamos mais dois batalhões em terra, e o restante desembarcaria na manhã seguinte. Nenhum canhão, nem sapadores serão desembarcados, o que é uma pena, pois eles estão com todos os nossos explosivos e granadas. Como é fácil esquecer aquele importante axioma militar: 'A superioridade da força no ponto decisivo.'"

Arthur Aitken [comandante da força de ataque britânica] sentiu então que os Rajputs e os Exploradores não eram de confiança. Todas as tropas, exceto os artilheiros e os sapadores, desembarcariam o mais breve possível nas praias B e C. Não se deu ordem para fazer o reconhecimento. Na verdade, nesse momento Tanga já havia sido abandonada pelos FK germânicos. O comandante alemão foi mais ativo que seu equivalente adversário e pessoalmente fez o reconhecimento de Tanga em bicicleta. Ele também compreendia o valor da artilharia e em suas memórias lamenta muito a ausência de seus canhões, que teriam sido aniquiladores a tão curta distância. Baseado na experiência pessoal adquirida no leste asiático, Lettow-Vorbeck achava que as tropas britânicas foram lançadas à batalha inabilmente e tinha certeza que, numa região fechada e desconhecida como Tanga, seus problemas seriam enormes.

Aitken decidiu avançar a 4 de novembro, numa frente ampla bastante para flanquear os alemães. A direção do avanço seria mantida pelo 2º Regimento Real do Norte de Lancashire (os Loyals), com os outros batalhões, indianos, de confiabilidade menor, metidos entre os melhores. Avançando pelo mato cerrado, pelas densas plantações de seringueiras e sisal e ao calor intenso do dia, os batalhões não podiam se deslocar com a mesma rapidez sem a perda de contato, de modo que houve extravios inevitáveis e o esperado movimento de instrução tornou-se numa turba incontrolável.

Os dois batalhões da Caxemira lograram algum progresso na investida contra Tanga, mas na extrema esquerda o 101º de Granadeiros, apesar do denodo com que se bateu, foi obrigado a recuar. O contra-ataque alemão se desenvolvia contra o flanco esquerdo britânico, que estava aberto; é que Lettow-Vorbeck compreendera que estava, ao sul, aquém do ponto atingido pela ala direita de suas tropas, e, quando os soldados começaram a recuar, o pânico foi provocado por carregadores que, sendo alvejados, abandonaram suas cargas e correram para as praias. Eles foram confundidos com askaris alemães, e este foi o sinal para os medíocres regimentos correrem para as praias. Lettow-Vorbeck insistiu no contra-ataque e o assalto britânico ruiu por terra.

Lettow-Vorbeck descreve assim a fase final da batalha: "O rumo da ação vinha mostrando que a frente inimiga, cujo flanco estava desprotegido, não havia conseguido, ao sul, atingir o ponto alcançado pela ala direita de nossas tropas. Ali, portanto, o nosso contra-ataque mostrar-se-ia aniquilador e nenhuma testemunha esquecerá o momento em que as metralhadoras da 13ª Companhia abriram um fogo contínuo nesse ponto e inverteram por completo a situação. Em louca desordem, o inimigo fugiu, e nossas metralhadoras, convergindo sobre a frente e os flancos do adversário, ceifaram companhias inteiras."

A maioria dos regimentos usados tinha pouco ou nenhum treinamento para as condições nas quais teriam que lutar e nem sequer estavam familiarizados com suas armas ou com seus comandantes. A experiência, em guerra no cerrado, da força expedicionária, era nula e, mesmo assim, ignorara-se a oferta de uma força de cobertura do experimentado KAR (King Afrikan Rifles). Os oficiais britânicos ainda resistiam ao uso de tropas africanas, que eram, realmente os únicos soldados capazes de tolerar as severas condições climáticas da área.

O serviço de inteligência, indispensável ao sucesso das operações militares, não existia na força britânica. O Estado-Maior ignorava a disposição das linhas alemãs e nada conheciam da costa onde se daria o desembarque. O comandante fora advertido de que os alemães, usando a ferrovia, podiam mandar tropas para Tanga em trinta horas, mas ainda assim os soldados foram informados de que não encontrariam qualquer resistência. Aliás, o Governador Belfield achava que a coleta de informações só era necessária "numa emergência". A conduta de uma guerra mundial não estava nessa categoria.

Vale a pena sumariar os fatores importantes que contribuíram para a derrota britânica na Batalha de Tanga. Em resumo, os princípios básicos da guerra haviam sido ignorados. A inexistência do elemento surpresa, a ausência de Inteligência, o fato de não ser feito um reconhecimento e a falta de cooperação entre marinha e exército, tudo isso combinado com a baixa qualidade das tropas, haviam transformado a Batalha de Tanga numa derrota decisiva para os britânicos antes mesmo que começasse.


Fonte:
http://www.grandesguerras.com.br/artigos/text01.php?art_id=36

Mais:
http://caminhosdamemoria.wordpress.com/2009/02/06/o-junker-invencivel-paul-von-lettow-vorbeck
http://timashby.com/the-german-general-who-told-hitler-to-go-screw-himself
http://www.youtube.com/playlist?list=PLrWPsj6fVbeVVzUgCFMZqgJFoLbWlRsJe

domingo, 2 de novembro de 2014

Coronel

La Primera Guerra Mundial llega a Sudamérica: La Batalla de Coronel

El océano de la Región del Bío Bío, al centro de Chile guarda silencioso dos enormes naves de Guerra hundidas en batalla. En su interior, cientos de hombres yacen atrapados para siempre, lejos del hogar, en una Guerra lejana para ellos pero cercana para nosotros.

Para quienes residimos en el Hemisferio Sur resultan lejanas las grandes batallas de las Guerras Mundiales que se llevaron a cabo a inicios del siglo pasado. Sin embargo, pocos conocen que la Guerra alcanzó las costas de Sudamérica; frente a Chile y Argentina. En nuestro país la batalla se desarrolló cerca de las industriales ciudades mineras de Lota y Coronel.

Para cuando terminaba el siglo XIX el Imperio Británico perdía prestigio frente al mundo. Por el contrario, Alemania se levantaba como la nueva gran potencia.

Los británicos mantenían numerosas bases alrededor del planeta, resguardando sus territorios y rutas comerciales. En Sudamérica, el principal punto de reunión para los ingleses se hallaba en las Islas Falklands (Malvinas), frente a las costas de Argentina. Allí se encontraban los hombres y las naves de guerra al mando del contraalmirante Cradock.

Por otra parte en el Pacífico Oriental los Alemanes mantenían a resguardo sus territorios en la costa de China, confiados en su gran poder naval que resguardaba las aguas del este del Pacífico, bajo la autoridad del vicealmirante Von Spee.

Ya iniciada la Primera Guerra Mundial, los británicos se asombraron al enterarse de que los alemanes habían abandonado sus bases en la costa asiática y se encaminaban por el Pacífico con destino a las islas Falklands. Esto alentó a las naves británicas las que inmediatamente se dirigieron al encuentro de los alemanes para impedir así que estos se adueñasen de sus dominios en el Hemisferio Sur del Mundo. La Primera Guerra Mundial llegaba entonces hasta Sudamérica.

En pleno Pacífico se formaba la gran flota alemana a la que se le unieron las diversas naves que resguardaban zonas bajo control germano. El Dresden, proveniente del Atlántico Central, bajando por Cabo de Hornos trajo las noticias sobre la formación británica frente a Argentina. Se reunían así todas las naves alemanas en pleno Océano Pacífico. ¿Dónde sería la batalla?

Chile, bajo su condición de país neutral observaba los acontecimientos detenidamente.

En el sur de nuestro país, en medio de islas y archipiélagos, la armada británica estableció su nueva base, allí se mantendría por algún tiempo, aguardando la llegada de los alemanes.

Octubre 27 de 1914. Se le ordena al Crucero de Guerra Glasgow dirigirse al Puerto de la industrial Ciudad de Coronel para abastecerse de carbón. Los alemanes se enteraban de la noticia.

Mientras las naves germánicas avanzaban por el Océano Pacífico, las presencia del Leipzig era detectada por los radares británicos. Se preparaban para la batalla inminente. 30 kilómetros frente a la Isla Santa María, en Coronel, a las 17 horas del 1 de noviembre, ambas escuadras se encontraban por fin.

Los británicos se ubicaron hacia el occidente, mientras que los alemanes mas cerca de la costa. La idea para los ingleses era que el Sol del atardecer dificultase la visión de los germánicos dándoles así una clara ventaja. Pero las naves inglesas eran lentas y pesadas y la ventaja se perdió. Así, de un momento a otro eran los alemanes quienes se camuflaban con la oscuridad del oriente y los británicos mostraban su silueta hacia el oeste. La noche llega y la batalla comienza.

Los cruceros británicos fueron atacados sin piedad por los alemanes, los primeros en registrar importantes daños fueron el Good Hope y el Monmouth, que redujeron su poder de ataque.

A las 20:57 el contraalmirante británico Cradock, sobre el Good Hope, esperando la menguante luz de la luna sobre el poniente para atacar a sus enemigos, recibía un certero cañonazo que terminaba por hundir rápidamente a la nave y a todos sus tripulantes, incluyendo a su máxima autoridad.

Cerca de las 22 horas el Nuremberg (alemán), que hasta entonces no había participado en la batalla, iniciaba su ataque sobre el ya herido Monmouth, quien a pesar de los graves daños jamás se rindió. A las 21:55 un cañonazo destrozaba a la herida nave británica que terminaba por hundirse con todos sus tripulantes frente a las costas del Bio Bio. No hubo sobrevivientes.

Mientras la batalla sucedía a pocos kilómetros en el océano, en las ciudades industriales costeras de Lota y Coronel los ruidos despertaron a la población, los que asustados observaban los destellos rojizos lejanos que iluminaban el cielo sobre el horizonte.

Terminaba la batalla y los alemanes subían hasta Valparaíso, donde la colonia residente los recibió como héroes. Los británicos en tanto, volvieron derrotados y con perdidas casi totales, sin embargo, cobrarían venganza en la Batalla de las Falcklands donde la armada alemana sería completamente aniquilada, incluyendo a su vicealmirante Von Spee.

Finalizado el tiempo otorgado por los países neutrales (24 horas) los alemanes zarpaban nuevamente a mar abierto, rumbo a nuevas batallas.


Fonte:
http://laciudadelosmineros.blogspot.ie/2014/08/la-primera-guerra-mundial-llega.html

Mais:
http://www.youtube.com/watch?v=gZ8Cx2KyoNc