quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Feliz Ano Novo

Adeus ano velho

Feliz ano novo

Que tudo se realize

No ano que vai nascer

Muito dinheiro no bolso

Saúde pra dar e vender

* * *

sábado, 13 de dezembro de 2008

Aos treze

Na última vez, mencionei uma faxina. Pois enquanto revirava os alfarrábios e perturbava o sossego das traças, também achei a seguinte história em quadrinhos. Pelo que lembro, elaborei-a aos treze anos de idade.






Assim como as obras do metrô, a aventura permanece sem um final.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Temos óleo de peroba

Rir sozinho e sentado de frente para o monitor - atingindo-o com perdigotos - enquanto usa o computador. Hábito já tão arraigado entre nós quanto furar fila e ignorar esmoler. Ato solitário no qual venho reincidindo diversas vezes. Ao ler sobre a campanha Iron Maiden em Fortaleza, ao calcular o número de bípedes que levam a sério o Observatório Da Imprensa e o spam da Samara, ao imaginar: o Borat assustado hospedado em um daqueles hotéis de Mumbai; o chefe dos piratas somalis numa pose estilo rótulo de rum Montilla. Ao testemunhar a explicação da Mulher Melão para a origem de seu nome artístico, ao saber do chamego do mendigo seresteiro com a pirralha tchubaruba, ao concluir o quanto foi acidentada minha vida profissional no semestre 2008.2, ao lembrar trechos  de uma redação antiga que encontrei misturada a vetustas papeladas durante uma recente faxina no quarto.

Sobre essa redação, claro que ela é de uma imbecilidade atroz. Só rindo mesmo, por ter parido tal monstro. A descrição da proposta dizia: Ao ler os textos Meu Amarelo Bichomanteiga e Língua, você deve ter percebido opiniões diferentes de João Ubaldo Ribeiro e Caetano Veloso sobre a língua portuguesa falada no Brasil. Escreva uma carta a um dos autores, posicionando-se em relação às idéias expressas por ele no texto. Ao argumentar, lembre-se de que quem escreve precisa adequar a linguagem ao maior ou menor grau de intimidade que tem com o destinatário.

A professora dessa matéria era uma gorda monocelha fã da revista Época e de MPB, do tipo que suspirava ao comentar com a classe o quão genial era a riqueza polissêmica da canção Hoje A Noite Não Tem Luar. Ao ver que o esquema poderia tratar de mais uma jóia da minha da sua da nossa emepebê, supus que seria fácil lucrar alto com a composição. A velha tática de falar o que acha que a platéia gostaria de ouvir. Joguei a isca e a baleia mordeu.

E esse fuzuê todo em cima de MPB, hein? Seja pró ou anti, hein? Não sei por que raios e diâmetros abordo isso justamente nesse período do ano. Não me tirem das listas de amigo secreto. Não entremos em arenga por uma questão à-toa. Fazer o quê se MPB para mim tem a irrelevância astronômica de um arroto de muriçoca? Problema seria superestimar e aí tropeçar nos patéticos chavões de 1) ou amá-la ou odiá-la mas impossível ser-lhe indiferente e 2) provocar reações tão divergentes e instigar debates já são provas de sua importância. Não. Apenas assumo uma expressão Greta Garbo de ora, faça-me o favor. E há também o papo dogmático de que como a quá quá qualidade das obras do mencionado gênero seria indiscutível, qualquer voz que se mostre não-apreciadora delas não passa de gaiato querendo aparecer ou pagar de mamãe-nado-contra-a-corrente. (Em alguns casos, é mesmo). Durma-se com um barulho desses. Mas continuem numa boa curtindo os barquinhos, o coqueiro que dá coco, o amor I love you, o amanhã vai ser outro dia, a orquestra de pivetes baianos ex-cheiradores de cola batucando em latas de goiabada, o morro feito de samba pra gente sambar, a alma que cheira a talco como bumbum de bebê, o lindo lago do amor, os temas de novela global by Djavan, o Jorge Vacilo: versão genérica do Djavan, o minimalismo de elevador do João Gilberto, a venta do Carlinhos Brown, as unhas da Alcione, as turnês financiadas com dinheiro público, as caminhoneiras, o caipira pirapora, o Tom Zé extraindo sons revolucionários ao barbarizar um penico amassado com uma furadeira, as borbulhas de amor, as águas de março e o fim do caminho. E paremos por aqui. É demais. É pesado. Se eu digo pare, você não repare.

Foi preciso cara-de-pau para apresentar esse texto, que valia nota na escola. Muito óleo de peroba para dar uma lustrada na madeira desse rosto. Quando escrevi essa gema do Febeapá, eu gostava era de Motörhead, isso sim. Bobagem por bobagem, o verruguento Lemmy e sua gangue têm o mérito de não se esconder atrás de escudos de cartolina tais como óóó somos profundos e sérios e odara e cheios de significados só alcançáveis para uma elite de iluminados e musicamos Fernando Pessoa e causamos no Grammy Lat(r)ino e os jazzistas gringos nos admiram tanto e produzimos arte não mero entretenimento e olha os livros do ensino médio com análise de nossas elaboradas letras. Chato na velocidade 5 tudo isso. E não prova nada, prova só que o Coringa é um filho da p#t*. Contando Babau do Pandeiro, Marli, Raimundo Soldado, Ednaldo Pereira, Alípio Martins e outros heróis da resistência, há pouquíssima gente da Jukebox Brazil, reino do divino maravilhoso, na qual eu investiria meus níqueis.

Conhecem Solange, a gaga de Ilhéus? Confiram.

Vejam Caetano, o gago de Santo Amaro:

"Êta!
Êta, êta, êta
É a lua, é o sol é a luz de tiêta
Êta, êta!..."

"Viva a bossa
Sa, sa
Viva a palhoça
Ca, ça, ça, ça..."


"Quem já botou pra rachar
Aprendeu, que é do outro lado
Do lado de lá do lado
Que é lá do lado de lá"

"Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso"
"Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que esta
Minha estúpida retórica"
"Na minha ilha, iê, iê, iê que maravilha, iê, iê, iê
Eu transo todas sem perder o tom
E a quadrilha toda grita iê, iê, iê
Viva a filha da Chiquita iê, iê, iê"

"Uera rá rá rá
Uera rá rá rá
Terça-Feira
Capoeira rá rá rá
Tô no pé de onde der
Rá rá rá rá
Verdadeiro rá rá rá
Derradeiro rá rá rá
Não me impede de cantar
Rá rá rá rá
Tô no pé de onde der
Rá rá rá rá..."

sábado, 22 de novembro de 2008

Esquadrão Supernanny

Há um bairro aqui da cidade, cujo nome não merece ser escrito, em que o bicho tá pegando, a chapa esquentando e a jiripoca piando. Tudo por causa da intensificação de atividades dos businessmen e self-made mendo ramo especializado nos produtos não-legalizados apreciados pela Amy Winehouse, pelo treinador Maradona e pelo ator Fábio Assunção.

Minha vizinhança não é flor que se cheire nem se regue. Mas a mencionada região, que anda fervendo de aventuras, já está virando é uma selva de plantas carnívoras gigantes, aquelas de cine monstro.

Novamente, veio à tona a problemática, ainda sem solucionática, que envolve os moradores mais jovens dessas áreas de risco. A didática e eletrizante matéria:

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=580459

(Viram isso? O que esperar de um lugarejo por onde quinquagenárias circulam com blusinha pink da Sapeka =^;^= Modas sem que o Centro de Controle de Zoonozes ou o hospital psiquiátrico Mira y Lopez tome providências? E esse policial fotografado, hein? Parece a babá do desenho dos Muppet Babies. Mas voltando à vaca fria:)

Olho para o registro dessa brutalidade cor vermelho-sangue e penso se ela é um morango aqui doNordeste. O cidadão comum só conta com os folhetos de São Judas Tadeu na carteira e um boné da Apavv para se proteger do Leão da criminalidade. Gosto tanto de você, Leãozinho, que às vezes no silêncio da noite eu fico imaginando nós dois, você esquartejado e eu traçando sua carne com feijão e arroz. Prezada mãezinha, você que chorando estará ao lembrar de um amor que um dia não soube cuidar, caso seja alfabetizada, deixo-lhe um recado amigo. Que em meio a essa crise financeira internacional pelo menos as funerárias aí das redondezas turbinem os negócios.

Em certo momento, de acordo com o jornal, ela diz: "Pelo amor de Deus, façam alguma coisa por nós, mães do S.M. Estamos perdendo nossos filhos!"

Acho que não captei a vossa mensagem. Como assim? Espécimes semelhantes a seu finado rebento nóia, de conduta mais torta que a boca da Patrícia Saboya e criados pelas que os pariram como se fossem peraltinhas trajando calção curto, camisetinha dos Bananas de Pijamas e bonezinho de hélice, e apenas recebendo repreensõezinhas "Ronivalter, seu peste, tu tá usando droga! Não vai ganhar o sorvete de pitomba da sobremesa!"? A senhora é uma fanfarrona, Dona Suburbana. No que dependeu dos próprios que o puseram no mundo, ele converteu-se em outro Pixote que consome crack, prende a fumaça num coito interrompido, depois extravasa, libera e joga tudo pro ar. Tia, dada sua inépcia como tutora, só lhe resta aguardar uma força-tarefa, no melhor estilo Tropa de Elite osso duro de roer, com atribuições de Supernanny. A milícia vai às sarjetas e aos moquiços, dá broncas e conselhos, subtrai os cachimbos, cigarrinhos do capeta e revólveres da molecada. Além de distribuir cartilhas de conscientização protagonizadas pela Turma da Mônica. Lespeite as leglas com o Cebolinha. A ressocialização como prioridade, violência não.

Vou preparar uns slides e o Datashow para ver se me faço entender. Acompanhem o pontinho laser, por favor.

Na minha época de petiz entusiasta de mingau Cremogema, os traquinas não eram tratados a pão-de-ló. Não, senhor. O repertório punitivo para pôr os pirralhos-encrenca nos eixos era eclético. Palmadas, cinturõezadas, cordadas, bordunadas, catiripapos, cascudos, beliscões, chineladas (particularmente insuportáveis durante o período Rider), ajoelhar-se no milho ou nas tampinhas de refrigerante emborcadas, ser trancafiado na despensa ou marcado com ferro em brasa, voadoras (influência dos filmes de kickboxer), telefones, estrangulamento, corredor polonês de chulipas ou de sabacus, choques elétricos. Técnicas sofisticadas consistiam em torturar o pequeno infame mentindo que, na madrugada, o cramulhão do filme A Lenda, a zebrinha do Fantástico, a negrinha da lata de óleo Pajeú ou o Irapuan Lima viria puxar o pé dele na cama, se ele não se comportasse e parasse de malinagem. Crescemos e aprendemos a obedecer a limites através de uma das raras linguagens que nosso gelatinoso cerebrozinho rústico àquela idade compreendia: a pancada. A lição do hematoma. Um pouco como cães de Pavlov. Porém, existia - e existe - o partido da oposição, com fortes críticas a esses métodos corretivos e uma incansável propensão ao perdão. Nessa homeopatia educacional, os pivetes podem dar vazão a seu lirismo, desabafar sobre o que lhes aflige e expressar os sentimentos que os levaram a pichar muro, a destruir patrimônio do colégio, a quebrar vidraça com baladeira, a surrupiar pêra, jambo, kiwi de pomar, a misturar cocaína na Maizena e a amarrar bomba rasga-lata na cauda do gato angorá.

Diante da belicosa situação do desastrado bairro, as autoridades, como de praxe, prometem tomar uma atitude e tomar DanUp. Tão perto das lendas, tão longe do fim. Como dizem as blogueiras adolescentes senis, falar é fácil, extremamente fácil, pra você, e eu e todo mundo cantar junto.

sábado, 15 de novembro de 2008

Bienal do livro

Na quarta-feira, 12 de novembro, começou a 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará, cujo tema é A aventura cultural da mestiçagem. Senta que lá vem história.

Numa idade em que a gente faz rematadas besteiras, tipo se apaixonar por uma coleguinha fã de Zezé di Camargo & Luciano, colocar nome e RG em abaixo-assinados, usar cordão neo-hippie de contas do tamanho das antigas bolinhas de mouse e ler Rachel de Queiroz, eu freqüentava bienais do livro. Mea maxima culpa. Mas poderia ser pior. Pelo menos nunca fui a uma edição do Cine Ceará, ver trocentos filmes sobre jangadeiro e muié rendeira.

A festinha literária do presente ano tem goiabada, marmelada, Teatro Mágico e João Pedro Stedile. De velhos carnavais, lembro que vi a senadora Boca de Sovaco e o governador Pato Rouco sob uma saraivada de flashes e com as mãos abarrotadas de livros recém-comprados, que provavelmente jamais seriam lidos na íntegra, pois eles são bastante ocupados e tal e cousa.Houve o dia da palestra com o fóssil ambulante Ariano Suassuna, em que um pessoal da platéia gritava "Viva a resistência iraquiana!".E, falando no véi armorial, não existe um órgão de defesa do consumidor nesse mundão de Deus que devolva meus momentos gastos com as páginas da bobagenta Pedra Do Reino. Tempo que daria tranqüilo para assistir ao punhado de episódios de Prison Break que tenho na minha fila de pendências. Mas divago. Houve ainda outra palestra, com um chileno bigodudo, gordo e careca, cercado de convidados chiques tomando cappuccino e debatendo a complexidade e a beleza do realismo mágico. Havia também excursões de agitados pimpolhos de escolas públicas, matilhas fardadas de catarrentos ruidosos sem coleira nem focinheira, nos rostos deles eu via futuros frentistas, vendedores de loja do Centro, motoristas de caminhão da Ecofor e alunos da Faculdade Universo do Saber (Facus). Os maiorezinhos mostravam-se deveras interessados. Em paqueras e em trocas de olhares. Houve uma conversa com o prestativo Pasquale Cipro Neto, que aplacou nossas angústias vernáculas ao explicar a diferença entre música e musicista.Houve um sarau com um poeta chamado Chacal (rima involuntária), no qual ele declamava, rodeado por uma fumaça mais suspeita que Opala preto,seus poemas realmente underground e subversivos. A molecada adorou, como de costume. Muitos uhuuu na ocasião. Houve um show de encerramento com o transcedente e hipermoderno Jorge Mautner. Intrigava-me com o nonsense dos cosplayers no espaço RPG. Houve uma horda de metaleiros - coturnos, camisetas de bandas finlandesas, vastas barbas e cabeleiras, tatuagens em panturrilhas - numa roda de discussão sobre livros de wicca. Havia o pavilhão das publicações evangélicas, com adesivos do Smilingüido por todos os lados. E o que há sempre: garotas sem peito e sem bunda de sarongue resvalando pelos calcanhares - estudantes de Letras, de Pedagogia, de História - e que amam dizer o quanto odeiam TV, senhores com óculos fundo-de-garrafa e aspecto de portador de doença mental e grande predileção por biografias, riquinhos de sobrenome famoso trocando sutis cotoveladas e caneladas para ver quem aparece com mais destaque e mais pose de elite culta em foto para a coluna social do Lúcio Brasileiro.

Acertaram e vão ganhar uma ruma de Halls preto aqueles que pensaram na comunidade  orkutiana 'Meu passado me condena'.

Numa das últimas visitas, adquiri um folheto de cordel intitulado O Verdadeiro ABC Dos Cornos. Compartilho-o, verso a verso, aqui.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

MIJO-GR

Outro dia, estava eu numa lanchonete, conversando com a costumeira turma. Em pauta, o remake do seriado Barrados No Baile, mais uma etapa do ensaio para engatar uma volta dos que não foram - versão 90s. O pessoal de maior quilometragem começamos, jocosamente, a exumar tralhas e epidemias induzidas dos early noventa e adjacências. Desfilaram pela mesa de plástico em torno da qual nos reuníamos a Família Dinossauros, o francesinho Jordy, MC Hammer e suas ofuscantes calças, o funk da Paula, o axé do Rala o Pinto, cólera - a peste da moda -, a novelinha mexicana Carrossel, bicicletas Caloi, HQ d'O Pequeno Ninja, competições de desconta-lá ou de carimba no recreio, mola maluca descendo escadaria, vôo de pirocópteros (nome infeliz) no meio da aula de redação, mousse de baunilha ou gelatina do Bocão na merenda, adolescentes sofrendo de paixonite aguda e circunflexa pela cantora Patrícia, garotas com fixação pelo cubano Jon Secada, Olimpíadas de Barcelona, as coletâneas de Miami bass da Turma do Circuito, conflitos na Bósnia, Eco-92, o caso da carecuda Sinéad O'Connor com a foto de João Paulo II, ensandecidas tietes com bandana do Raça Negra, grunges tresandando a mofo, Thelma & Louise, Instinto Selvagem, Sérgio Mallandro e o quadro da Porta dos Desesperados, assistir escondido ao Cocktail, os bate-estaca e as baladinhas de Eurodance, as punhaladas sem dó na Daniela Perez, o confisco do Collor, os caras-pintadas.

E aqui vai um episódio especial sobre a malta jacobina da cara rabiscada. Cuidado com o "especial", pois não é fato que crianças com síndrome de Down também são designadas pelo termo?

Naquela galáxia distante, minha identidade resumia-se à de um pirralho com idade ainda aquém da casa dos dois dígitos. Meu pai trabalhava em um escritório no Centro, ali na rua Liberato Barroso. Às vezes eu o acompanhava, no intuito de brincar em algum computador 486 DX2.

Meu velho deixava a belina azul em um estacionamento e, para chegar ao cenário de labuta, atravessava a praça José de Alencar. Certa feita, íamos Bob Pai & Bob Filho pela praça nossa. Um aglomerado carnavalesco de afetados pela doença da face manchada confraternizava no local. Uma histeria coletiva.

O redondo Winston Churchill, vendo a cavilação de tinta nos rostos bufões, provavelmente repetiria a preciosidade que disparou ao mirar uma pintura de sua bretã carcaça: "Trata-se de um notável exemplo de arte moderna." Na ocasião, não foi exatamente um elogio. Os piolhentos festivos assemelhavam-se às hordas de zumbis de filme do George Romero. Aliás, até a ideologia desses vida de gado é um defunto que não sabe que morreu, roído pelos vermes do equívoco e da superficialidade. Um papo mais furado que o crânio da Eloá. Eles não mancavam tartamudeando "Brain, brain". Pulavam zurrando criativos "Abaixo a corrupção""Fora Collor", reforçados por arsenais sonoros pedestres ou motorizados que explodiam Geraldo Vandré e Olodum. Ao aproximar-me de uma das fontes de vibrações, meu corpo franzino atuou durante uns 20 segundos como uma caixa de ressonância. É a agremiação MIJO-GR: Movimento Infanto-Juvenil Organizado George Romero. Lutando por ideais decrépitos e putrefatos. Preparem o formol que a milícia vem aí.

Já pensaram como deve ter sido a gênese do furacão contestatório (jargão de William Bonner) mascarado de guache que assolou o recente passado do país? Observem o grupinho no shopping, composto por fãs de Barrados No Baile e do Programa Livre. No McDonald's, eles discutem uma questão essencial. Entre bonés virados para trás, moletons amarrados na cintura, jeans estrategicamente rasgados no joelho com facas Ginsu, cravos e espinhas, estouros de bolas de chiclete, goles de Sukita, agendinhas com cadeado, livros de Martelo Enrabens Palha e de Ana Cretina Celsius, camisetas do Nirvana, tênis M2000 ou Regazone e sandálias Melissinha, surge uma indagação excruciante, do calibre do ser-ou-não-ser: "Como curar nosso tédio, pô?" E eles haviam tentado muito. Horas e demoras em lojas de roupa, fumar baseados, esfregar-se nas empregadas domésticas, pegas de Uno Mille, dezenas de fichas torradas no fliperama do Streets Of Rage, radicalizar de skate. Um integrante do bando sugere, não sem acanhamento, que eles lancem um novo conceito (by estilista gay (redundante?)) para as tais passeatas, cujos amontoados de gente lembravam um show do Guns N' Roses. Existiria sempre a possibilidade de conhecer umas gatinhas e de pirar no lança-perfume, além da chance de pôr em prática as dicas do professor de Geografia "não só para a escola, mas para a vida". O resto é História.

Uma das grandes frases que sintetizam o período veio do meu engravatado papai:

"Perdôo esses meninos por serem cachaceiros, maria-vai-com-as-outras, nulidades de melhoria e politicamente analfabetos, mas fica difícil trabalhar sob barulho infernal, P*RR#!"

Dei uma risada, enquanto jogava Winmine.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

História da Maratona de Programação na UFC

(texto de Wladimir Araújo Tavares)

Maratona de Programação

A Maratona de Programação é um evento da Sociedade Brasileira de Computação que existe desde o ano de 1996. Desde o ano de 2006 o evento vem sendo realizado em parceria com a Fundação Carlos Chagas. A Maratona nasceu das competições regionais classificatórias para as finais mundiais do concurso de programação do ACM, International Collegiate Programming Contest, e é parte da Regional Sul-americana do concurso. Neste ano ocorre a 13ª edição da Maratona.

Ela se destina a alunos de cursos de graduação e início de pós-graduação na área de Computação e afins (Ciência da Computação, Engenharia de Computação, Sistemas de Informação, Matemática, etc). A competição promove nos alunos a criatividade, a capacidade de trabalho em equipe, a busca de novas soluções de software e a habilidade de resolver problemas sob pressão. De ano para ano temos observado que as instituições e principalmente as grandes empresas da área têm valorizado os alunos que participam da Maratona.

Comitê Diretor

Desde o ano 2000, o responsável pelo concurso no Brasil é Carlos E. Ferreira do Depto. de Ciência da Computação do IME-USP. Desde o ano de 2006, a Maratona conta com a parceria da Fundação Carlos Chagas.

O Comitê Diretor da Maratona de Programação é formado por vários professores renomados no cenário acadêmico nacional, como:

- David Deharbe, UFRN
- Fabio Henrique Viduani Martinez, UFMS
- Marcus Vinicius Poggi de Aragão, PUC-RJ
- Raul Fernando Weber, UFRGS
- Rodolfo Jardim de Azevedo, Unicamp

O diretor da super-região latino-americana do ICPC é Ricardo Dahab do IC da Unicamp.

O diretor de problemas e chefe dos juízes é o Prof. Ricardo Anido (IC-Unicamp) e o Diretor de Sistemas é o Prof. Cassio Campos.

Maratona de Programação e a UFC

2002

A história da participação da UFC começa no ano de 2002 com a realização da primeira seletiva interna para a participação da maratona de programação daquele mesmo ano na sede situada na cidade de Recife. A prova da maratona também serviria como a prova da regional Sul-americana.

A UFC participou da competição enviando duas equipes:

- Riquito UFC
- Tiquira UFC

Entre os alunos que participaram naquele ano podemos destacar:

- Francicleber Martins Ferreira
- Pedro Ferreira Melo Júnior
- Alexandre Matos Arruda
- Fabricio Siqueira Benevides
- Marcos Maciel de Castro

A maior parte destes alunos envolveu-se ativamente na pesquisa acadêmica e alguns obtiveram destaque em nível nacional e internacional.
 
A equipe Riquito UFC formada por: Pedro Ferreira Melo Júnior, Alexandre Matos Arruda e Fabricio Siqueira Benevides obteve o melhor resultado da UFC e terminou a competição em 82° lugar geral na Regional Sul-americana.

Podemos considerar que a UFC naquele ano obteve um resultado significativo para uma primeira participação. A participação nessa seletiva regional quase não foi possível, mas a intervenção de alguns professores do Departamento de Computação viabilizou esta participação.

2003

Era o segundo ano que a UFC iria participar dessa competição e mesmo com várias dificuldades a UFC conseguiu inscrever duas equipes naquele ano. Como a UNIFOR passou a ser uma sede regional para a realização da prova, as equipes daquele ano não precisaram preocupar-se com o levantamento de dinheiro para uma possível viagem. Naquele ano, a mesma prova serviria como a maratona de programação e a Regional Sul-americana.

A UFC participou da competição enviando duas equipes com nomes extremamente originais:

- UFC-1
- UFC-2

Entre os alunos que participaram naquele ano podemos destacar:

- Pedro Ferreira Melo Júnior
- Alexandre Matos Arruda
- Fabricio Siqueira Benevides
- Ricardo Lenz Cesar
- Wladimir Araújo Tavares
- Luis Eduardo Maia Peixoto

Naquele ano, o melhor resultado da UFC foi alcançado pela Equipe UFC-2, formada pelos seguintes alunos: Ricardo Lenz Cesar, Wladimir Araújo Tavares e Alexandre Matos Arruda. Essa equipe quase conseguiu uma medalha na maratona de programação e terminou a competição 16° lugar geral na Maratona de Programação e 30° lugar geral na Regional Sul-americana.

2004

Em 2004, a Maratona de Programação ocorreu em duas fases no Brasil. A primeira fase ocorreu no dia 2 de outubro de 2004 em 14 sedes espalhadas pelo país.

Trinta e quatro times brasileiros classificaram-se para a Final Brasileira, disputada nos dias 12 e 13 de novembro de 2004 na Universidade de São Paulo.

Nesse ano, a UFC não conseguiu repetir os resultados conquistados nos anos anteriores e por muito pouco não conseguiu ficar entre os 34 melhores times do país.

2005

Em 2005, a Maratona de Programação foi disputada, como em 2004, em duas fases. A primeira fase teve a participação de mais de 150 times em 21 sedes espalhadas pelo país.

Vinte e nove times classificaram-se para as finais brasileiras, disputadas nos dias 11 e 12 de novembro de 2005 nas Faculdades COC em Ribeirão Preto, SP.

As duas equipes inscritas pela UFC não obtiveram um bom resultado naquele ano e não ficaram entre as 29 melhores equipes daquele ano. Parecia que a história da participação da UFC nas maratonas de programação teria um fim melancólico com duas derrotas consecutivas.

2006

Dois "fracassos" consecutivos fizeram que a UFC não participasse da competição daquele ano. Parecia que a história da participação nestas competições terminaria assim, sem deixar muitas saudades. Mas aquilo mexeu com os brios de alguns alunos da UFC que começaram a preparar-se de maneira mais sistemática culminando mais tarde na criação do GEMP-UFC.

2007

A Maratona de Programação do ano de 2007 foi realizada em parceria com a Fundação Carlos Chagas. A competição teve duas fases. A primeira fase teve a participação recorde de mais de 288 times de 114 escolas em 33 sedes espalhadas pelo país.

Cinqüenta e um times classificaram-se para as finais brasileiras, disputadas nos dias 9 e 10 de novembro de 2005 na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte. A final foi realizada pelo Prof. Wagner Meira e por Fernando Duarte. A competição ocorreu no saguão da Reitoria da UFMG.

Com o apoio do PET-Computação, o Grupo de Estudos para a Maratona de Programação (GEMP-UFC) foi arquitetado. A idéia do grupo era bastante simples: reunir um grupo de alunos que pudesse se reunir semanalmente para discutir problemas e compartilhar conhecimentos sobre algoritmos clássicos e métodos eficientes para resolver problemas. O apoio do ex-aluno Fabricio Siqueira Benevides, que estava em Fortaleza de passagem acertando a sua viagem aos Estados Unidos para a realização do doutorado, e do professor Carlos Eduardo Fish de Brito foi bastante proveitosa. Eles ajudaram a coordenar o grupo durante a sua estadia em Fortaleza.

Nesse ano, a UFC inscreveu 3 equipes para a fase regional da maratona de programação que foi realizada mais uma vez na UNIFOR.

Entre os alunos que participaram naquele ano podemos destacar:

- Paulo Victor Rebouças de Carvalho
- Laerte Gomes Prado
- Álinson Santos Xavier
- Paulo Victor Texeira Eufrasio
- Lucas Texeira Sá
- Silano Faria Rocha Bluhm
- Samuel Texeira
- Wladimir Araújo Tavares

Nesse ano, o melhor resultado da UFC foi alcançado pela Equipe AVL Team UFC formada pelos seguintes alunos: Paulo Victor Rebouças de Carvalho, Laerte Gomes Prado e Álinson Santos Xavier. Essa equipe classificou-se para a final brasileira realizada na UFMG. A equipe terminou a competição em 16° Lugar geral na Maratona de Programação.

2008

A maratona de programação de 2008 contou com a participação de 360 equipes de 129 instituições que competiram em 40 diferentes sedes por todo o país. Classificaram-se 51 equipes para a final, numa concorrência de mais de 7 times para cada vaga.

A equipe AVL-Team UFC, com a mesma formação, obteve pela segunda vez consecutiva a classificação para a final brasileira que será realizada em UVV em Vila Velha, município da Grande Vitória. Os custos da competição não permitem que a organização da maratona financie também a viagem dos times a Vitória/Vila Velha.

A equipe AVL-Team UFC encontra dificuldade para a obtenção dos recursos necessários para a viabilização da sua participação na final desse ano. Estamos contando com o apoio dos professores do departamento de computação da UFC e com os órgãos de financiamento de pesquisa do nosso estado para viabilizar as passagens para a equipe.

Importância da Maratona de Programação para UFC

A maratona de programação é uma competição que tem motivado os alunos no estudo de programação. Muitos alunos terminam o curso com dificuldade em implementar algoritmos e estruturas de dados simples. A maratona de programação tem incentivado os alunos a buscarem este conhecimento por conta própria. Várias faculdades têm enxergado na competição de programação, uma oportunidade dos alunos de superarem suas limitações e a limitação do próprio curso.

A maratona de programação tem sido um instrumento válido para o crescimento intelectual para os alunos da UFC. O GEMP-UFC tem atraído alunos não só do curso de computação, mas de diversos cursos da UFC. Alguns alunos da Engenheira de Telemática e do curso de Matemática participam ativamente do GEMP-UFC.

domingo, 12 de outubro de 2008

Crash - Estranhos Prazeres

Lá pelos meus 6 anos, eu era audiência cativa de umas vinhetas com boletins econômicos que a finada TV Manchete exibia. Para mim, aquilo soava como híbrido de sânscrito com braile, mas o que me divertia às pencas era o barulhinho de máquina de escrever que havia. Embora eu entenda tanto de [liberalismo, subprimes, commodities, leasing, spread, Adam Smith, Bastiat, Mises, Hayek, Friedman] quanto dos hábitos sexuais de preás, aqui vou dar pitaco. Vocês que lêem blogs já aturam um magote de palpiteiros mesmo.

Crise grave, dizem por aí. Indícios de borrasca no horizonte do cifrão. Sou à moda antiga nesse ramo. Tempos atrás, eu teimava em manter meu escasso patrimônio pecuniário embaixo do colchão. Na dúvida, procurei um especialista. Fui à Barra do Ceará, numa região onde moram uns remanescentes indígenas. Tencionava encontrar-me com o velho e rodado pajé Sapussunga, emérito praticante de ocultismo pré-cabralino, exímio sapateiro e afinador de chocalho. Há rumores de que ele, não obstante sua provecta idade, almeja enfrentar o vestibular para a Fafi Siqueira - Faculdade de Filosofia do Siqueira.

Eu queria saber sobre os tais Bovespa, Dow Jones, Nasdaq, Merval. Ele decidiu utilizar sua acurada técnica de trozobomancia, a qual consiste em adivinhar o futuro por meio da interpretação de como o vento balança os imberbes genitais de um grupo de 7 remelentos curumins no alto do morro dos 7 carcarás. Depois de uma criteriosa observação do vai-e-vem dos bilaus, o ancião soprou uma fumaça catinguenta de seu cachimbo e vaticinou: "Mizifio (ok, espertinhos, é dialeto da senzala, e não da oca), rem coija braba puraí." Paguei o analista com um vale-refeição e um pacote de fumo. Recompensei os pirralhos com bombons-chiclete. Não existe almoço grátis.

E eu de besta supondo que estivéssemos acostumados a esses choques nas capangas e nos porquinhos de gesso desde o estouro de 1929. Até nosso presidente, o homem que sabia de menos, agora tem o olho de Thundera que vê além da instabilidade e ergue para a nação o polegar da incompleta mão numa balsâmica mensagem de Com a gente, tudo joinha. Qualquer semelhança com Pangloss e Pollyanna é mera coincidência. Nas aventuras do Inácio, leitura é a kryptonita.

É quando de repente surgem, de que fundo de pedra musguenta ou de que canto mofado de parede, ninguém sabe: Eles. A torcida do Vai Piorar Futebol Clube. Natural born hooligan, essa galera vibra, com seus apitos, rojões, buzinas, tambores e corais de VTNC. Sua lascívia atinge níveis de baile funk ao verem os números e ↓ e %  que desfilam nos telões das bolsas de valores e ratificam a fase ruim, emitem Oh! Yes de Linda Lovelace devido a inverossímeis concordatas e ruínas, gemem lúbricos ao notar os mugangos e as carrancas nos aflitos semblantes dos engravatados investidores, erguem cartazes com as clássicas "OURO DE TOLO" e "A PROPRIEDADE É UM ROUBO". Estranhos prazeres. O bando sequer imagina que, passada a erupção do crash, entre feridos, mortos, bancarrotas, traumas e destroços, o tão (mal) falado sistema continuará. Resistance is futile. Ajudar a limpar a fuligem e a varrer a caliça que é bom, nada.

Ainda que autistas profissionais reneguem e esperneiem. Malgrado a intempérie, o $$$ vai permanecer como uma das bases da maneira de nos organizarmos. Ainda que se celebrem em versos montanhas alterosas, bosques com mais vida e povo heróico que dá brado retumbante, reparem como o cerne da nossa experiência com paisagens e personagens está de fato é nos cenários e nos canastrões do capital. Os amontoados caleidoscópicos de outdoors, as ligações oferecendo assinatura daquela revista que só serve para aliviar o ócio da espera no consultório do dentista, as infatigáveis moças do cartão de crédito universitário, os bares cujas mesas e cadeiras invadem as calçadas, crediário, SPC, Serasa, caderneta de poupança, hipoteca, Assis Chateaubriand, Barão de Mauá, os comerciais de plano de saúde ou funerário com narração que remete ao pensamento vivo de Rocky Balboa, o sorveteiro com o bordão do traga a vasilha, o restaurante self service que trapaceia nas pesagens, o intervalo para o vamos faturar no programa do Raul Bugio, as talentosas cantoras que se transformam em grife de roupa/linha de brinquedos/marca de perfume, o milagre da multiplicação de workshops com o tema Como se tornar milionário, os zigurates pós-modernos em forma de shopping center, as bombas e placas de postos de gasolina, as pizzarias de 100 sabores, os estacionamentos com vários andares, os cultos e misticismos que cercam produtos tipo [relógios Rolex, ternos Armani, bolsas Louis Vuitton, calças Gucci, bonés Von Dutch, carros Rolls-Royce], as máfias de flanelinhas, os hoaxes para extrair grana fácil de lesados virtuais, os ladrões encardidos e disentéricos assombrando as lojinhas do bairro, as 10 horas por dia - 5 dias por semana - no setor de embalagens, os professores de ensino médio que dão aula em 6 colégios, os comensais que botam boneco no momento de rachar a conta do rodízio, as mercearias falidas que se transmutam em igrejas evangélicas, o eletrodoméstico que pode ser adquirido com prestações a perder de vista, as coleções de contracheque, os matrimônios que começam com "Meu bem" e terminam com separação de bens, os gigantescos prédios com escritórios de contabilistas e de advogados, os cunhados trambiqueiros que devem quantias da ordem de R$ 10³, os sem-noção a puxar conversa idem na fila do caixa eletrônico, os figurões de Wall Street com os inseparáveis charutos, os figurões brasileiros e suas entidades filantrópicas - provável fachada para lavagem de dinheiro -, os spams anunciando penis enlargement for only trololó dollars, os muros com a pichação "O CAPITALISMO É UM TIGRE DE PAPEL" (cor da tinta: vermelho-conjuntivite), paraíso fiscal nas ilhas Cayman, os vendedores que divulgam trastes açucarados pelos ônibus, os lacaios de transportadora munidos de armamento pesado, o colorido incuravelmente cafona das casas de bingo, as sacolas d'O Boticário das quais as consumidoras fazem pasta para agenda & material escolar (o que lembra os potes de requeijão travestidos de copos na cozinha), o afável balconista ao lidar com uma devolução de mercadoria, os avisos de Este ponto mudou-se para. Fique com o troco, seu animal.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Se essa rua, se essa rua

Se a rua onde moro e adjacências fossem objeto de uma ficção, seria algo tipo GTA San Paupérias.


Traduzindo a numeração:


1 - Aposentado ocioso sentado na calçada




2 - Circulação de arma ilegal




3 - Assaltante




4 - Birosca/papudinho




5 - Casal brigando




6 - Despacho de macumba




7 - Cafuçus e mocréias conversando muito alto




8 - Filho(s) da mãe solteira jogando bola em frente ao portão




9 - Fofoqueira na calçada




10 - Helicóptero da PM equipado com assento ejetor




11 - LAN house




12 - Casa dos 7x7 cachorros




13 - Mercadinho




14 - Morador de rua




15 - Piriguete (sic)




16 - Roda de pagode




17- Ponto de venda




18 - Aula de reforço escolar




19 - Ronda do quarteirão




20 - Som muito alto




21 - Hilux preta que seqüestra criança




22 - Gatos acasalando no telhado à meia-noite




23 - Entrada da favela: perde 50 pontos e 10 jogadas
          (e mais carteira, relógio, celular, MP4...)




24 - Comício da Adriely Fatal


sábado, 27 de setembro de 2008

Tenho uma camiseta regata com a frase "Garotas, vacinem-se contra a virgindade aqui"

Eu sou o Coringa, o palhaço, o Joker. Trecho do clássico-mor da redublagem, o vídeo Bátima - Feira Da Fruta. Confesso que ri. E, na verdade, não tenho uma camiseta regata com a frase "Garotas, vacinem-se contra a virgindade aqui" plus seta descendente apontando para o jimmy. Foi só para fazer enxame. Falando em Batman (em Robin, mais precisamente), dia desses, estava eu visitando páginas do Radiguet, que era o menino-prodígio das letras francesas. Numa de suas divagações, entre baforadas de Gauloises, o infante terrível (ao lado da trindade Shirley Temple, Super Vicky & Pastorinha Louca, uma das grandes influências da Maísa do SBT) comenta o quão era ridículo em seus contemporâneos o pavor de... Cair no ridículo.

No hábito de reler meus textos antigos, deparo-me com reproduções ipsis litteris daquelas piadinhas que são repassadas por e-mail. Logo adiante, tropeço em trocadalhos do carilho que são genuínos representantes da tradição Arnaldo Antunes & Humberto Jéssica. E há também o mundo além da internet. Minha rústica barbicha de 3 dias, minha coleção de MP3 do Bartô Galeno e do Genival Santos, meu celular invariavelmente sem créditos, meus pés abrigados em havaianas com temática surfista; carregando - em meus passeios de volta da mercearia - um pão sovado no formato de uma parábola de concavidade para baixo. É quando a observação do francesinho desaba em minha cabeça cearense como uma bigorna de desenho da Warner Bros.

Mas não exatamente me envergonho desses posts com jeitão de vocalista do Chiclete com Banana, desses escritos que ostentam mullet, óculos Ambervision e pochete. Tampouco do meu cotidiano Vida Leva Eu. E é questão secundária se isso me põe no mesmo balaio dos pangarés que têm "Mulheres do topo da árvore" ou "Filtro Solar" no quem sou eu do Orkut - e ainda participam da comunidade 'Amo as coisas simples da vida' -, do metrossexual falando alto, ao Nokia, de pomadas cicatrizantes, dos pivetes de bermuda caída e cueca à mostra ouvindo new metal no MP4 et caterva. Melhor é pensar que isso cria um belo apartheid entre mim e aquele outro pessoal Ibiza Prada Audi, bastante asseado e 0% de germes & bactérias, cheirando a cânfora e com aparência de comercial de sabão em pó, certinho e superior, estola de raposa e tamanco de fivela, suíte presidencial, nenhuma peça fora do lugar, aspirante a Napoleão de Ingres ou a capa da Vogue, tô-por-dentro-de-tudo, exalando bom gosto, simetria, harmonia e dandismo de novo-rico admirador da dupla Chiquinho Scarpa e Roberto Justus. Beau Brummell do Parque Manibura, Coco Chanel do Beco dos Pintos. São os fidalgos portadores da síndrome de dona-de-casa gorda com mania de limpeza.

A nível de Brasil, então, a situação é tétrica. Tão decadente que chega a passar raspando em chaminés dos círculos de maior profundidade do inferno. E aí, os que se consideram um tiquinho acima da multidão bovinácea ao seu redor (e às vezes nem isso, são apenas megalomaníacos) já se acham gênios renascentistas incompreendidos no meio de uma nação transbordante de brutos descendentes do Paulinho Paiakan.

Será o pódio do ridículo esse afã de eliminar pela raiz nossas ridicularias? Perguntas retóricas são ridículas? Sim. Essa obsessão - em muitos casos, ineficaz - por parecer sempre sofisticado/refinado praticamente torna-se análoga à tentativa de ser chique povoando de toalhinhas as prateleiras de geladeira. A sofreguidão em fugir d'A Gafe pode ornar uma personalidade tanto quanto uma ruma de guaranás Dolly em uma mesa de festa de aniversário. Militantes de patrulhas tolerância zero anti-ridículo cheios de pose e bebendo Perrier e escarnecendo o mórbido desfile de acochadas calças verde-limão pelas ruas do Centro podem ser tão embaraçosos e, ahn, sim, ridículos quanto título de pornochanchada, discurso de Miss Universo e a bandeira da Paraíba. Assemelham-se a despreparadas tropas de paz da ONU que provocassem chacinas indiscriminadas.

E algo que há tempos deveria ter caído para a 2ª divisão do campeonato das sutilezas ou recebido um carimbo de "perspicaz pero no mucho" da Vigilância Sanitária: querer erradicar até o derradeiro aspecto vil da condição humana é tarefa de Sísifo. Ou, numa abordagem mais Carlos Massa: serviço de corno.

domingo, 14 de setembro de 2008

Laila

Mascote aqui da casa. Chama-se Laila. Não é por causa da música do Eric Clapton, mas vivo dizendo por aí que é. Proveniente da argila que sou, resolvi poetizar também a gênese do nome dela.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Ou seja


Ou seja: pelo menos não falta assunto.

Tenham um bom fim de semana.