domingo, 31 de dezembro de 2006

Ossos de um ofício

Direto da fronteira 2006-2007. Entra ano, sai ano, raros são os que resistem ao impulso de repassar esses textinhos cabotinos que circulam pela internet:

(dedicado a meus coléguas de trabalho)

O QUE É TRABALHAR COM INFORMÁTICA

Você trabalha em horários estranhos (que nem as putas)

Pagam a você para fazer o cliente feliz (que nem as putas)
 

Seu trabalho sempre vai além do expediente (que nem as putas)

Você é mais produtivo à noite (que nem as putas)

Você é recompensado por realizar as idéias mais absurdas do cliente (que nem as putas)

Seus amigos se distanciam de você, e você só anda com outros iguais a você (que nem as putas)

Quando vai ao encontro do cliente, você tem de estar sempre apresentável (que nem as putas)

Mas quando você volta, parece saindo do inferno (que nem as putas)

O cliente quer sempre pagar menos e que você faça maravilhas (que nem as putas)

Quando perguntam em que você trabalha, tem dificuldade de explicar (que nem as putas)

Se as coisas dão errado, é sempre culpa sua (que nem as putas)

Todo dia, ao acordar, você diz: NÃO VOU PASSAR O RESTO DA VIDA FAZENDO ISSO (que nem as putas)

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

A caixa

-((VOLTAMOS A APRESENTAR))-

Em minha época de teentelectualóide (ou será muita pretensão considerar essa condição fato do pretérito extinto?), teatralmente indignado com o que eu designava nas rodas de conversa como baixarias e detritos da TV aberta, ameaçava o prosaico eletrodoméstico com as penas do inferno de Dante, vociferava, erguia o punho cerrado de ódio, esculhambava, meu discurso atingia a veemência de um pastor ou aiatolá alucinado, conclamava colegas ao boicote, combinava de sabotar torres de transmissão e fuzilar apresentadores.

Se eu era telespectador de tanta fuleiragem, só podia estar gastando tempo demais em frente ao aparelho (a caixa, como eu a chamava, em referência a um episódio do antigo desenho animado dos X-Men; na história, havia uma prisão em que esse era o apelido de um tipo diferenciado de celas, parecidas com armários de ginásio). Descobrindo eu que isso era o problema, o pecado original, tratei de resolvê-lo com dura disciplina, educação pela pedra. Hoje, quando penso no desbotado assunto de "nível/qualidade da TV (não só brasileira)", imagino a espécie de público que consome aquilo, que fustiga uma possante demanda por aquilo e -((eureka!))-

duas peças de Lego, dois elos de uma corrente opressora, um gatilho e um dedo, um neurônio e uma molécula de lombra, um pen drive e uma entrada USB, a proibição e o desejo, a tomada e o cabo de energia, Ana Raio e Zé Trovão, os hexágonos de uma colméia, citosina e guanina, a porca e o parafuso, a chave e a fechadura, a TV e seu fiel público: tudo se encaixa

Nada há que mudar. Alterações anulariam a relação entre os participantes, talvez fizessem até algum dos lados (ou todos) - transmissor e receptor - perecer, como numa separação fracassada de gêmeos siameses.

Vejamos o que ocorre com uma mídia overrated como o livro. No mundinho da escrita, existem as Valerie Solanas e Bruna Surfistinha da vida, e nem por isso elas são vistas como prova de quão abominável é o ato de ler, como um todo. Com a televisão, o julgamento é bem diverso. Paspalhos como João Kléber e Sônia Abrão são comumente usados por espertinhos para justificar uma ampla e irrestrita condenação da prática de assistir a TV.

Esses dias, vi um oráculo da pá virada. Era um conglomerado lobbysta de fantasmas da TV do passado. Que me vaticinou o seguinte: daqui a 50 anos, ainda vamos ter bate-boca entre teléfilos e teléfobos, com pseudos e seus argumentos high tech indigentes reclamando do que é exibido nas telas de plasma. O usuário, com sua burrice natural, zapeando os canais com o cyber controle remoto de inteligência artificial.

-((INTERVALO COMERCIAL))-

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Quando o país onde moro é um filme

E o título parece ser: Os Deuses Devem Estar Loucos - Parte 2.

(impressões, ainda que tardias, sobre os resultados da suprema gincana épica da Democrácia*)

[* Democrácia - Terra mitológica que inventei neste exato instante]

O competidor conhecido como Picolé de Chuchu (provavelmente, filho do Sundae de Jiló) dispensou o palito e teve foi um nabo untado com cerol enfiado em suas pretensões. Reveses do mundo vegetal.

Sobre o peão bicampeão, acompanhem a seguinte divagação:
Luciana Gimenez - Presidente, como você perdeu o dedo?

Lula - Foi numa prensa mecânica.

LG - O que é isso, prensa mecânica?

Lula - É uma máquina assim que serve pra prensar e que funciona de maneira mecânica.

LG - Ah, tá. Agora entendi. E doeu?

Lula - Menina, eu tava com tanta cachaça na cabeça nesse dia que eu nem senti nada. Só quando eu olhei pra minha mão esquerda e vi que só tinha oito dedos que eu pensei: Ué, cadê os outros dois?

LG - E você ficou muito abalado?

Lula - Eu tive que repensar minha vida. Não dava mais pra conciliar o trabalho com o goró. Aí eu larguei o trabalho.

LG - Foi aí que você decidiu virar sindicalista?

Lula - Foi. Eu tava um dia jogando sinuca e o Biriba, um compadre nosso, falou que polícia tava metendo tudo que é sindicalista em cana. Como cana é comigo mesmo eu fui lá.

LG - E como é assim sair do nada e de repente virar ídolo nacional?

Lula - Olha, Luciana, eu acho que nós dois temos experiências parecidas. Eu comecei montando num jegue, e você começou montando num Jagger.

LG - E como é ser presidente? É legal?

Lula - Deixa eu dizer uma coisa pra você. Tem hora que eu fico sozinho lá no meu gabinete, olho praquelas parede, olho o jardim lá fora e penso: Rapaz, esqueci de comprar os produto de limpeza que a Marisa me pediu.

LG - Pra terminar eu queria que você dissesse uma palavra de esperança pra quem tá assistindo a gente.

Lula - Vou dizer mais de uma. Eu estou convencido de que esse país tem jeito. A gente pode tá jogando futebol e de repente toma um gol, toma dois, toma cinco, tem dois jogador expulso, o goleiro é míope, o centroavante é perneta, o juiz é ladrão, o gandula demora pra trazer a bola, e a gente toma mais dois gol e mesmo assim a esperança de que tudo vai dar certo continua lá.

LG - Nossa, que profundo.

Lula - Eu acredito, Luciana. Eu estou convicto de que aconteça o que acontecer o amanhã sempre vai chegar.

LG - Bom, muitíssimo obrigada por ter vindo aqui. É o máximo falar com o homem que governa o país.

Lula - Não tem de quê. Eu é que gostei muito de fazer o pograma com você.

LG - Opa, peraí. Eu não faço programa.

Lula - Então tamo empatado. Eu também não governo o país.

[em itálico, texto que circula pela internet (mais um)]

domingo, 13 de agosto de 2006

Lugares - Uma carta

Fortaleza, 13 de agosto de 2006.

Adisculpe pela demora em escrevê, mas é que nos último ataque sincronizado de uma das gangue de cangaceiro aqui da capital, foi distruído um magote de agência de correio, aí já viu o desmantelo, né? O PCC (Punhado de Cabra-macho do Cangaço) assumiu a autoria dos enteado (o nome é isso mermo?). Aqui continua tudo a mesma bosta-rolante. As rua suja e fedida, todo mundo andando apressado esbarrando de cum força em todo mundo na Barão do Rio Branco, a mendigada lascada e feia enchendo as rua do centro; falando em centro, é cinema pornô em tudo que é esquina, mais esses menino de rua que num vale um cibazol, tudo com o nariz despregando de tanto cheirar cola, as praia imunda com tolete boiando na água, os jumento sem dono solto no mei do mundo atrapalhando o trânsito dos fusca e das carroça, os gato véi batendo ponto no Passeio Público, esses PM réi mal-encarado, filmando a gente de cima a baixo ("é o trabalho deles", marróia a fulerage!), raça véa num serve nem pra acabar com essa praga de assaltante que tem nessa praga de cidade; os coronél mandado e desmandando, as carcaça de boi morto pelas avenida e viaduto, a urubuzada e os carcará disputando um olho co'um naco de carne pendurado, os morador de rua almoçando cacto (é, a seca tá braba, quaji 100 purcento do estado no semárido, ehé, tá pensando o quê, tenho cultura, me alembro quando vi isso na iscola em jografía).

E eu continuo no empreguim de vender bala de gengibre e jujuba nos cambão. Até que tá dando pra pagar direitim as prestação da casa. Teve um tempo aí até cum dinheiro sobrando que eu me taquei pra Feira dos Pássaro e comprei um devedê. Nos fim-de-semana eu junto uma negada, fazemo uma cotinha pros celular e pros espetim e ficamo vendo o show da Banda Calipso com o volume da TV nas altura. Aqui em casa à noite anda de lascar, é um nevoeiro de muriçoca da mulésta quando tá perto da novela das seis, começa aqueles ror de mosquito em volta da cabeça do povo, afff! E o que lasca mesmo é que de mistura tem o édes, né?, o mosquito da dengue.

Agora recente a gente foi com a turma de sempre curtir a Pipoca do Fortal. Tudo mundo sentiu muito sua falta, pois todo santo ano tu ficava responsável de levar umas tupperware com farofa e linguicinha pra mode o povo recuperar as energia nos intervalo das apresentação das banda de axé.

Aqui no bairro já tá chêi de zuada de propaganda de pulítica.

Sobre a nossa parentada, vou tentar um resumo rápido. A Creidileane embuchou do namorado; o Máiquel vai tentar vestibular pra Federal de novo; o Dorisvaldo montou uma lojinha no Beco da Poeira; a Mariscleide finalmente ganhou um concurso pra ser dançarina de uma banda de forró; O Wílliame, o mais novo, anda esquisito agora com essas história de rock, ele anda com um bando novo esquisito que apareceu por aí, com umas éguagem de franjinha, chêi de pulsera, brinco nas venta, corrente, uns tênis da mesma marca, tudo de camisa preta. Tá bom de levar umas cordada pra parar com essas baitolagem; o tio Lunga finalmente aceitou fazer tratamento no AA; o Pai e a Mãe tão na mesma e mandam um chêro.

Abraço e mande notícia!

sábado, 24 de junho de 2006

Lugares

OS POVOS E SEUS SIGNIFICADOS *

1 carioca: um surfista
2 cariocas: jogo do bicho
3 cariocas: uma boca de fumo
4 cariocas: um arrastão

1 paulista: nada
2 paulistas: quase nada
3 paulistas: uma roda de fofoca
4 paulistas: uma parada gay

1 gaúcho: um cabra macho, tchê!
2 gaúchos: uma briga de faca entre dois machos, tchê!
3 gaúchos: apareceu o outro macho que os dois estavam disputando
4 gaúchos: A Gisele Bündchen aparece e os três param de brigar para vaiar

1 baiano: um preguiçoso numa rede
2 baianos: uma luta de capoeira
3 baianos: um grupo de axé
4 baianos: um terreiro de macumba

1 pernambucano: um cabra da peste
2 pernambucanos: um surfista e um tubarão na praia
3 pernambucanos: um grupo de manguebeat
4 pernambucanos: um arrasta-pé (ou um grupo de frevo, que é coisa de baitola)

1 acreano: um índio
2 acreanos: um rito canibal
3 acreanos: uma tribo em pé-de-guerra
4 acreanos: uma mentira; não existe tanta gente assim no Acre

1 brasiliense: um funcionário público
2 brasilienses: dois maconheiros ouvindo reggae
3 brasilienses: dois estudantes tocando fogo em um índio
4 brasilienses: máfia dos anões do orçamento

1 goiano: um caipira plantando tomate
2 goianos: uma dupla sertaneja
3 goianos: todos os fãs da dupla no velório de um deles
4 goianos: o cantor que não morreu avisando pros fãs que vai partir pra carreira solo

1 potiguar: um catador de sal
2 potiguares: um catador e um vendedor de sal
3 potiguares: um catador, um vendedor e um comedor de sal
4 potiguares: uma salina completa

1 piauiense: um faminto
2 piauienses: dois famintos
3 piauienses: uma família de famintos
4 piauienses: uma vila de famintos

1 sergipano: absolutamente nada
2 sergipanos: nada ainda
3 sergipanos: quase nada
4 sergipanos: é quase a população de Aracaju, e ainda não é nada

1 cearense: um humorista
2 cearenses: uma dupla repentista
3 cearenses: um circo (um palhaço + um engolidor de vidro + um malabarista)
4 cearenses: pensem numa putaria

[* autor desconhecido]

domingo, 23 de abril de 2006

Fuleirosofia

Vem sendo comentado à exaustão pela internet o rol de feitos homéricos de Chuck Norris.

Aproveitando uma carona nesse mote, se é para o nem-aí de todos e esculhambação geral da nação, destilo uma modesta antologia das pílulas de sabedoria do cantor cearense e filósofo nas horas vagas Falcão:

"A hérnia de disco não tem a qualidade de um CD."

"Dentro dos próximos 10 anos será completada uma década."

"Hoje em dia a maior parte das mulheres é a grande maioria."

"Nunca é tarde para ir dormir cedo."

"A Liberdade é um pássaro voando com gaiola e tudo."

"Quem dá aos pobres tem que pagar o motel."

"A mulher ideal é aquela que não tem pau."

"Para quem está indo, quem vem vindo é na verdade quem está indo."

"Eu acho melhor escapar fedendo do que morrer cheiroso."

"Ninguém anda mais comigo do que eu."

"Pobre é que nem lombriga, quando sai da merda, morre."

"As bonitas que me perdoem, mas a feiúra é de lascar.”

"Eu sei que a burguesia fede, mas tem dinheiro para comprar perfume."

"Não é verdade que mulher feia só sirva para peidar em festa."

"Os animais usam a razão, e os homens usam chapéu."

"Para quem tem mania de perseguição, o jeito é andar de ré."

"É melhor falar besteira do que ser mudo."

"Uma das notáveis exceções na sua falta de regra sou eu."

"Seja razoável, exija o pior."

"A sociedade não pode viver sem as pessoas."

"Tem gente que já nasceu de aviso prévio."

"Entre as minhas qualidades, eu destaco a quantidade."

"A primeira amnésia a gente nunca esquece."

"A besteira é a base da sabedoria."

"Sem o seu trabalho, o homem não tem férias."

"A cor da água varia de acordo com a sede."

"Onde houver fé, que eu leve a dúvida."

"O dinheiro não é tudo mas é 100%."

"Evite acidentes, faça de propósito."

"Mulher de amigo meu para mim é ótimo."

"Conforme diz o versículo nono: mais vale duas pedras no meio do caminho do que uma no rim."

"Minha única vantagem sou eu."

"No começo tudo é início."

“Chifre é como assombração, geralmente aparece para quem tem medo.”

"O motivo é a causa principal."

"E sendo eu um grande entendido no assunto, eu paro e vejo como tem gente besta no mundo."

"A esperança é a única que morre."

"O Brasil é um dos países mais desenvolvidos em matéria de atraso."

"Não sei se foi Voltaire ou se foi um bodegueiro que disse, que o mundo não se acaba quando se acaba um par de chifres."

"Palavras mudam de sentido, eu mudo de cueca."

"Quem trabalha não tem tempo para ganhar dinheiro, o mundo é dos espertos e ri melhor quem ri primeiro."

"O homem sem chifre é um animal indefeso."

"O chato não é ser corno. O chato é o comentário."

"Embora invisível, o tempo pode ser visto nas estrias de uma mulher."

"Antes eu achava que eu era indeciso. Mas agora já não estou mais tão certo."

"Quem ama o feio, é porque o bonito não lhe deu bolas."

"Arranje uma rapariga antes que se apaixone por sua esposa."

"As mulheres menstruam mais do que os homens."

Como tudo na vida, há coisas boas e ruins, sem falar nas mais ou menos."

“O pior cego é aquele que não sabe tocar sanfona."

"No dia em que um jumento falar, a gente não vai entender porra nenhuma."

"A vida é curta para quem morre jovem."

"O débito é um crédito ao contrário."

"Cuidar do fígado para quê? Deus só quer o coração."

"Onde se vive bem, aí é o cabaré."

"Corno: você foi, é ou será."

"Comer com apetite é meia digestão."

"Sogra deveria ter só dois dentes, um para abrir garrafa e o outro para doer o dia inteiro."

"Nada como um dia após o outro, com uma noite no meio."

"O futuro atualmente está muito mudado e qualquer um pode prever inclusive o passado."

"O Brasil está em nossas mãos, e não adianta lavar."

"Tudo é relativo, quanto mais principalmente."

"Quem acha tudo gozado é faxineira de motel."

"Desses produtos de origem desconhecida, conheço todos."

"Promessas e cabaços foram feitos para ser quebrados."

sexta-feira, 14 de abril de 2006

A história de um Lugar

Vai aí o texto de um colega, o Samy, vulgo Jiraiya, que há tempos eu queria postar. Li a pérola em um fanzine chamado Panx e gostei bastante. O autor achava que havia perdido o escrito. Ressurge do limbo, porém,

A história de um Lugar
(Samy Soares)

Era um dia muito bonito, como qualquer outro. As galinhas cantavam, o sol mugia, e o velho fazendeiro de 87 anos foi levantar pesos. Mantinha sempre seus músculos muito bem definidos, fazendo esportes de todos os tipos, tamanhos e cores, individuais e radicais, em equipe e pornográficos, tudo para manter a aparência de 23. Assim era a vida naquela cidade. Todos faziam as compras do mês via correio, pulavam cerca (o esporte preferido, N° 1 em toda a cidade) e jogavam baralho na farmácia do seu Manoel, o português. Isso é assim desde que Lugar, o nome daquele lugar, começara a se desenvolver. Cidade esta que cresceu em torno de um posto de gasolina no meio do nada, que passou a fornecer pão quentinho pela manhã, onde um dia um motorista parou em meio a sua viagem para descansar, abastecer e tomar algo. Parou e perguntou:

- Tem café?

- Temos sim! Com ou sem gelo?

- Dois tetraedros, por favor!

Aquele motorista realmente gostou do maravilhoso atendimento pelo qual havia acabado de passar, do rapaz que o atendera e resolveu que, a partir daquele momento, iria sempre tomar (café) lá, naquele lugar, o qual, até então, não sabia onde ficava.

- Perdão, mas qual é o nome deste lugar?

- Não tem nome...

- Ah... Eu sempre quis estar em um lugar sem nome... Vou fundar uma cidade!

Pegou lápis e papel e pôs-se a pensar em algo...

- Seu nome será... Lugar! Sim! Lugar! Meu amigo, agora você mora no Lugar!

Felizes e alegres, eufóricos e animados, o homem e o outro homem se abraçaram fortemente, encostando seus corpos um no outro, sem medo de gostar, mas acabaram gostando e começaram naquele momento um caso homossexual e a construção de uma nova cidade, o melhor lugar pra se viver. Lugar!

Lugar era um sonho de lugar, e não era como nenhum outro. Um lugar de sonho, onde o que vale é viver, desde que você assista sempre ao Domingão do Faustão.

As pessoas viam aquele lugar, casas em volta de um posto de gasolina no meio do nada, e perguntavam sobre ele... Uma senhora, também de viagem, se encantou com Lugar...

- Que lugar é esse?


- Este lugarejo é Lugar!

- Lugar?

- Lugar!

- Sim! Lugar! Adorei este lugar!

- Quer a-Lugar um quarto no Hotel de Lugar? O melhor lugar para dormir em Lugar?

- A-Lugar? Claro! Sim! Lugar!

- Quer queijo no seu café da manhã?

- Sim! Queijo! Lugar! Quero queijo por todo lugar!

Lugar era um lugarejo onde todos eram felizes. As galinhas cantavam sucessos de todos os tipos, só coisa recente, de primeira. Dias Agnaldo Timóteo, dias Fafá de Belém, com pequenas exceções para o Trio do Balão Mágico. O sol mugia, com seus cabelos loiros e raios dourados que penetravam, lá naquele lugar, no meio das pessoas e as fazia sentir algo que não era seu... Uma coisa quente que entrava gostoso e fazia sentir calor, suar e ficar molhadinho, lá no Lugar... Ah! Lugar! Isso é que é Lugar!

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Meu nome é Prestobarba

Agora a odisséia do mítico Enéas (não o personagem de Publio Virgílio, mas outro, tão folclórico quanto) será sem a tradicional barba de patriarca bíblico.

A explosiva - inclusive com um papo sobre bomba atômica brasileira - e recentemente tosquiada figura da política tupiniquim ressurge insistente a cada nova eleição para presidente, como um fígado de Prometeu. Para ser devorado?

Ok, chega de classicismos por hoje. Anulo. Vote no rei.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Eterno retorno

Festa da carne é o mesmo enredo todos os anos. É lindo o mundiceiro, contagiando e sacudindo essa cidade.

Sapucaí, Recife, Olinda, Salvador, Beberibe, Ouro Preto, Bois Caprichoso & Garantido, Veneza, Nova Orleans, ziriguidum esquindô esquindô.

Favelentos obesos armados de cavaquinho, de caxambu, de cuíca.

Favelentas purpurinadas e lantejouladas.

A veiarada reumática mandando ver e desafiando a ciática nos bailes da saudade. Arlequins e colombinas geriátricos, pierrôs de bengala.

Maurícios e Patrícias deixando pelas praias do interior um rastro de garrafas de cerveja + embalagens de preservativo.

Pagando de madrinhas de bateria, atrizes da Vênus Platinada.

As tentativas de piada do Maurício Kubrusly.

Travestis que parecem sobreviventes do Clube Do Bolinha. Haja pluma e paetê.

Pagode da amarelinha, Cuidado com a cabeça do pimpolho, Dança da Manivela, Vou aparar pela rabiola, Se você pensa que cachaça é água, Olha a cabeleira do Zezé, É um homem no meio com duas mulheres fazendo um sanduíche, Sene (4x) Senegal, Requebra (3x) assim, pode falar pode rir de mim, Luiz Caldas, Cid Guerreiro, Tonho Matéria.

Eterno retorno do esquema samba, suor & sacanagem, como diz aquele quadro do Hermes & Renato.

Eu sou da birra, não posso negar.

Continuam valendo os posts temáticos do ano passado:

No carnaval, Juízo - Parte I

No carnaval, Juízo - Parte II

Vou ali tomar um vermute com amendoim. Combinação dez, nota dez.

sábado, 28 de janeiro de 2006

Um

Já faz mais de um ano que escrevinho por aqui.

Atualmente, com esse esquema dos blogs, qualquer Zé Pereira (tipo eu) com fuleiras pretensões pseudocronistas passa a achar suas idéias, não importa o quanto de controvérsia ou mesmo falta de senso tenham, relevantes ou malucas o suficiente para ficar registradas no Grande Cyberarquivo.

E me lembro de um episódio dos Simpsons, Guerra Da Imprensa, ep. 22 da 15ª temporada. Lisa inventou de publicar um jornalzinho, o qual começou a incomodar o decrépito ancião multimilionário Montgomery Burns, dono do jornal major de Springfield. O véio tenta a todo custo eliminar o periódico da menina. Quando consegue, tarde demais. Do nada, surge um exército de desocupados pelas ruas, inspirados pela garotinha, cada um distribuindo um opúsculo de sua autoria.

Homer então detona mais uma frase antológica do seu arsenal, mais ou menos assim: "Parabéns, filha, graças a seu exemplo, em vez de termos um único grande grupo monopolizando a informação... Agora temos um bando de malucos publicando sem controle suas opiniões insensatas por aí!"