quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Feliz Ano Novo

Adeus ano velho

Feliz ano novo

Que tudo se realize

No ano que vai nascer

Muito dinheiro no bolso

Saúde pra dar e vender

* * *

sábado, 13 de dezembro de 2008

Aos treze

Na última vez, mencionei uma faxina. Pois enquanto revirava os alfarrábios e perturbava o sossego das traças, também achei a seguinte história em quadrinhos. Pelo que lembro, elaborei-a aos treze anos de idade.






Assim como as obras do metrô, a aventura permanece sem um final.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Temos óleo de peroba

Rir sozinho e sentado de frente para o monitor - atingindo-o com perdigotos - enquanto usa o computador. Hábito já tão arraigado entre nós quanto furar fila e ignorar esmoler. Ato solitário no qual venho reincidindo diversas vezes. Ao ler sobre a campanha Iron Maiden em Fortaleza, ao calcular o número de bípedes que levam a sério o Observatório Da Imprensa e o spam da Samara, ao imaginar: o Borat assustado hospedado em um daqueles hotéis de Mumbai; o chefe dos piratas somalis numa pose estilo rótulo de rum Montilla. Ao testemunhar a explicação da Mulher Melão para a origem de seu nome artístico, ao saber do chamego do mendigo seresteiro com a pirralha tchubaruba, ao concluir o quanto foi acidentada minha vida profissional no semestre 2008.2, ao lembrar trechos  de uma redação antiga que encontrei misturada a vetustas papeladas durante uma recente faxina no quarto.

Sobre essa redação, claro que ela é de uma imbecilidade atroz. Só rindo mesmo, por ter parido tal monstro. A descrição da proposta dizia: Ao ler os textos Meu Amarelo Bichomanteiga e Língua, você deve ter percebido opiniões diferentes de João Ubaldo Ribeiro e Caetano Veloso sobre a língua portuguesa falada no Brasil. Escreva uma carta a um dos autores, posicionando-se em relação às idéias expressas por ele no texto. Ao argumentar, lembre-se de que quem escreve precisa adequar a linguagem ao maior ou menor grau de intimidade que tem com o destinatário.

A professora dessa matéria era uma gorda monocelha fã da revista Época e de MPB, do tipo que suspirava ao comentar com a classe o quão genial era a riqueza polissêmica da canção Hoje A Noite Não Tem Luar. Ao ver que o esquema poderia tratar de mais uma jóia da minha da sua da nossa emepebê, supus que seria fácil lucrar alto com a composição. A velha tática de falar o que acha que a platéia gostaria de ouvir. Joguei a isca e a baleia mordeu.

E esse fuzuê todo em cima de MPB, hein? Seja pró ou anti, hein? Não sei por que raios e diâmetros abordo isso justamente nesse período do ano. Não me tirem das listas de amigo secreto. Não entremos em arenga por uma questão à-toa. Fazer o quê se MPB para mim tem a irrelevância astronômica de um arroto de muriçoca? Problema seria superestimar e aí tropeçar nos patéticos chavões de 1) ou amá-la ou odiá-la mas impossível ser-lhe indiferente e 2) provocar reações tão divergentes e instigar debates já são provas de sua importância. Não. Apenas assumo uma expressão Greta Garbo de ora, faça-me o favor. E há também o papo dogmático de que como a quá quá qualidade das obras do mencionado gênero seria indiscutível, qualquer voz que se mostre não-apreciadora delas não passa de gaiato querendo aparecer ou pagar de mamãe-nado-contra-a-corrente. (Em alguns casos, é mesmo). Durma-se com um barulho desses. Mas continuem numa boa curtindo os barquinhos, o coqueiro que dá coco, o amor I love you, o amanhã vai ser outro dia, a orquestra de pivetes baianos ex-cheiradores de cola batucando em latas de goiabada, o morro feito de samba pra gente sambar, a alma que cheira a talco como bumbum de bebê, o lindo lago do amor, os temas de novela global by Djavan, o Jorge Vacilo: versão genérica do Djavan, o minimalismo de elevador do João Gilberto, a venta do Carlinhos Brown, as unhas da Alcione, as turnês financiadas com dinheiro público, as caminhoneiras, o caipira pirapora, o Tom Zé extraindo sons revolucionários ao barbarizar um penico amassado com uma furadeira, as borbulhas de amor, as águas de março e o fim do caminho. E paremos por aqui. É demais. É pesado. Se eu digo pare, você não repare.

Foi preciso cara-de-pau para apresentar esse texto, que valia nota na escola. Muito óleo de peroba para dar uma lustrada na madeira desse rosto. Quando escrevi essa gema do Febeapá, eu gostava era de Motörhead, isso sim. Bobagem por bobagem, o verruguento Lemmy e sua gangue têm o mérito de não se esconder atrás de escudos de cartolina tais como óóó somos profundos e sérios e odara e cheios de significados só alcançáveis para uma elite de iluminados e musicamos Fernando Pessoa e causamos no Grammy Lat(r)ino e os jazzistas gringos nos admiram tanto e produzimos arte não mero entretenimento e olha os livros do ensino médio com análise de nossas elaboradas letras. Chato na velocidade 5 tudo isso. E não prova nada, prova só que o Coringa é um filho da p#t*. Contando Babau do Pandeiro, Marli, Raimundo Soldado, Ednaldo Pereira, Alípio Martins e outros heróis da resistência, há pouquíssima gente da Jukebox Brazil, reino do divino maravilhoso, na qual eu investiria meus níqueis.

Conhecem Solange, a gaga de Ilhéus? Confiram.

Vejam Caetano, o gago de Santo Amaro:

"Êta!
Êta, êta, êta
É a lua, é o sol é a luz de tiêta
Êta, êta!..."

"Viva a bossa
Sa, sa
Viva a palhoça
Ca, ça, ça, ça..."


"Quem já botou pra rachar
Aprendeu, que é do outro lado
Do lado de lá do lado
Que é lá do lado de lá"

"Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso"
"Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que esta
Minha estúpida retórica"
"Na minha ilha, iê, iê, iê que maravilha, iê, iê, iê
Eu transo todas sem perder o tom
E a quadrilha toda grita iê, iê, iê
Viva a filha da Chiquita iê, iê, iê"

"Uera rá rá rá
Uera rá rá rá
Terça-Feira
Capoeira rá rá rá
Tô no pé de onde der
Rá rá rá rá
Verdadeiro rá rá rá
Derradeiro rá rá rá
Não me impede de cantar
Rá rá rá rá
Tô no pé de onde der
Rá rá rá rá..."