sexta-feira, 27 de junho de 2008

sábado, 21 de junho de 2008

Divina comédia

Nas antigas, divertiam-se à custa deles vendo-os ser trucidados por leões. Agora que a gente posta uma pilheriazinha fuleira com o vacilo de um adepto mais ingênuo da congregação, começam a pulular, tal qual praga do Egito, seres indignados fazendo carrancas de reprovação à gag.

A despeito disso, continuando a explorar o binômio religião/humor, escutem a seguinte:

Certa vez um jornalista perguntou-lhe qual o único livro que gostaria de ter caso fosse parar numa ilha deserta. Depois de uma pequena pausa, ele respondeu "Já sei: 'Guia prático para a construção de navios'."

O assunto não foi religioso, mas o autor da espirituosa resposta, ínfima amostra de seu arsenal, chamava-se Gilbert Keith Chesterton. Sujeito profundamente cristão que, com habilidade de sniper, disparava acidez irônica, verve satírica, eloqüência e argúcia com gosto de gás. Considero o gorducho um dos grandes e notáveis atiradores do front das idéias.

Fervo de curiosidade imaginando como seria a visão do balofo G.K. da atual baderna de tronchos louvores e de banais ofensas envolvendo Escrituras, partituras, cristãos, pagãos, muçulmanos, soteropolitanos, Bento XVI, Richard Dawkins, o diabo a quatro & a Santíssima Trindade.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Uma conversa [2]

Inesperado remake de uma antiga aventura:

O COMEÇO
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janaina:
olá silvio tudo bem com vc? vc realmente gosta da sessão de descarrego? se a sua resposta for sim parabens é um otimo programa e se não se for só zoação procure conhecer a procedencia deste programa e sem duvidas vc gostara muito.não estou sendo enxirida.mais vc chamou a minha atenção.chau..................

RÉPLICA:
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Silvio...:
olá,
é só zoação mesmo :)
abs'

TRÉPLICA:
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janaina:
ok mais não precisa ser tão infantil assim por favor não considere isso como uma ofensa é so para vc ficar ligado..........

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Schadenfreude


De acordo com a Dra. Wikipédia, Schadenfreude é uma palavra de origem alemã usada também em outras línguas para designar o sentimento de alegria pelo sofrimento ou infelicidade dos outros.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Cinqüenta e um

Falar do tal (19)68?

Eu voooou, por que não, por que nãããão...

Aquele período foi a grande cloaca com cheiro de sovaco de hippie que pariu a versão moderna da atual fauna de cretinos que tanto inspira meus dotes satíricos.

A meninada de colégio - chamá-los de estudantes soaria forçado demais - que, com atitude na veia podicrê, aproveitava a hora do recreio para atirar pedra no pelotão de choque ou quem sabe ficar tatuado com ferraduras de ginetes da guarda montada. Os músicos altamente politizados e engajados, cada um preocupado em valorizar a sigla MPB, "Meu Próprio Benefício". Os fãs de Sartre, o filósofo das multidões (aos que não lembram, era um francês que parecia um bulldog com síndrome de Down). A mulherada totalmente heróica e prafrentex, adornada com colares de miçanga, muito cônscia sim senhor a sacudir suas trancinhas sioux e a exigir seus direitos fundamentais: tomar pílula anticoncepcional, usar minissaia, coçar a virilha em público e deixar o buço crescer. Os intelectuais, que assumiam a dianteira das passeatas, reuniam-se em barzinho da moda a bebericar whisky adulterado e a discutir Gramsci, OPEP, os rumos da humanidade e besteiróis similares, sempre munidos de seus kits contendo óculos de grau com armação grossa, echarpe, boina, camiseta com pintura de Roy Lichtenstein, cavanhaque postiço, cigarro meio caído na boca ("in God-ard we trust") e postura blasé comprada no Beco da Poeira. Os negros com os refrões de praxe sobre reparação histórica. A galera universitária, antenada e militante como de costume, com sua admiração pelos regimes cubano e soviético, suas reivindicações e palavras de ordem com odor mais kitsch que coral choroso grunhindo música da Legião Urbana em velório de adolescente. Todos eles surgiram como brotoejas na pele de uma época mundana e sem futuro. E seus herdeiros andam por aí.

Entendo o auê midiático que explora a efervescência desse passado recente. Se infidelidades de atores, aventuras sexuais não-ortodoxas de futebolistas e o traseiro avantajado e disforme de uma dançarina de funk carioca têm seu espaço no noticiário, por que não? Por que nãããão...? E haja memorialismo festivo em torno da histrionice visual, sonora e ideológica da deslumbrada espécie fajuta por natureza e rebelada por cacoete.

E não vejo qual seria a graça de abordar aqui o pretenso saldo positivo e as conquistas - wow, meu São Bregônio! - dessa era turbulenta. Já existe uma ruma de gente pelo mundo fazendo isso, sob o signo da hipérbole.

68? Não, obrigado.

51, isso sim que é uma boa idéia.

domingo, 1 de junho de 2008

Gente culta é outra conversa

(I)
- Amigo, ri às bandeiras despregadas com as aventuras daquele Tom.
- Esse cara é impagável.

(II)
- O que pensas sobre Camus?
- Admirável! É das minhas (leituras?) favoritas.

(III)
- Rapaz, o Dom Quixote é magnífico.
- É um dos personagens que mais aprecio.

(IV)
- Olhe, aquela "Divina Comédia" é arrebatadora.
- Também gosto deveras dela.

(V)
Triângulos amorosos fascinam-me.
- Essa temática também apetece-me.

(VI)
- "As Quatro Estações" não é algo esplendoroso?
- Bravo! Nunca me canso de ouvir essa obra-prima.

(VII)
- Não achas que Machado foi eficiente em seu trabalho?
- O Machado? Concordo plenamente.

(VIII)
- Que achas de Sócrates?
- É um sujeito talentoso e sabe se expressar muito bem.

(IX)
- Que triste foi o destino de Julieta.
- Pois é, pobre menina. Coisas da vida.

(X)
- "A Metamorfose" é uma sofisticada metáfora de nossa condição.
- Realmente profundo o que ele disse lá.

(XI)
- Eis aí um estudo complexo e imortal sobre o ato criminoso.
- De fato, essa é uma criação que me emociona sempre. Belíssima!

(XII)
- A maestria com que ele subverte o tempo cronológico é impressionante.
- Exato. Nada menos que genial! Vivo recomendando essa história a meus colegas.

(XIII)
- Aquele homossexual não é de papas na língua!
- Nossa! Ele é um que não perdoa ninguém.

(XIV)
- Aprecias filmes do leste europeu?
- Sim! Gosto bastante da produção cinematográfica daquela região.

(XV)
- Sou devoto do talentoso Santo.
- Eu também.

(XVI)
- Simpatizas com ficção científica?
- Sim, sim. Muito.

(XVII)
- E a pose com o charuto, hein?
- Très bien! J'adore, como dizem os franceses.

(XVIII)
- Humor precisa ser refinado.
- Concordo!

(XIX)
Picasso foi dos grandes.
- Nem me lembre! 
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