domingo, 26 de novembro de 2017

Agatha

Trechos de Agatha Christie: Autobiografia (1977).


A Guerra dos Bôeres, suponho, foi a última das que podemos chamar de "guerras no estilo antigo", guerras que, na realidade, não afetavam nossa própria pátria, nem nossas vidas.

- - -
Archie falou-me muito de si próprio, contou-me o quanto estava impaciente por ingressar no recém-formado regimento do Real Corpo de Aviadores. Falou que esse viria a ser o transporte mais útil no futuro: se eclodisse uma guerra, a primeira coisa necessária seriam os aviões.

- - -
Os cursos de enfermagem e primeiros socorros começaram a tornar-se populares durante o ano de 1913 e no princípio de 1914. Todas nós os frequentávamos, aprendíamos a colocar ligaduras nas pernas e nos braços umas das outras e tentávamos colocá-las habilmente nas cabeças: muito mais difícil!

Passávamos em nossos exames e recebíamos um pequeno cartão impresso como prova de nosso êxito. Era tão grande o entusiasmo feminino em exercer os novos conhecimentos que, se por acaso algum homem sofria um acidente, ele entrava em estado de terror só com a ideia de ter perto de si uma dessas mulheres tão prestativas.

"Não consintam que uma dessas mulheres dos cursos de primeiros socorros chegue perto de mim!", era um grito comum.

- - -
Quando, na longínqua Sarajevo, foi assassinado um arquiduque, pareceu-nos um incidente muito distante - não nos dizia respeito. Afinal, nos Balcãs estavam sempre assassinando gente! Parecia inacreditável que isso viesse a afetar-nos, na Inglaterra; e não estou falando apenas de mim própria, mas de todo mundo.

Ninguém, suponho, exceto alguns ministros e os círculos internos do Ministério do Exterior, poderia conceber que houvesse uma guerra. Não passavam de boatos e, se certas pessoas começavam a se preocupar e a dizer que a situação parecia "bastante séria", era por causa dos discursos dos políticos. E, no entanto, certa manhã, aconteceu. A Inglaterra estava em guerra.

- - -
Em 1914, porém, não se registravam guerras... havia quanto tempo? Cinquenta anos? Mais? É verdade que houvera as Guerras dos Bôeres, escaramuças na fronteira do noroeste; essas guerras, porém, não haviam envolvido a própria nação - tinham sido como que exercícios do exército em grande escala, para manter a soberania em lugares distantes. Agora, porém, era diferente - estávamos em guerra com a Alemanha.

- - -
Acorri ao meu destacamento do Serviço de Voluntárias para ver o que se passava. Preparávamos grandes quantidades de bandagens, que enrolávamos; enchíamos cestos com mechas de algodão para os hospitais. Algumas das coisas que fazíamos eram úteis; a maior parte delas, porém, não servia para nada, só nos ajudava a passar o tempo; em breve, implacavelmente, começaram a chegar os primeiros feridos. Organizou-se então um serviço de refeições leves que seriam fornecidas aos soldados, à medida que fossem chegando à estação. Esta, devo dizer, foi uma das ideias mais estúpidas que qualquer comando já teve. Esses homens já haviam sido bem alimentados durante a viagem, desde Southampton, e quando finalmente chegavam à estação da estrada de ferro de Torquay o principal era tirá-los do trem, nas macas, e levá-los em ambulâncias para o hospital.

- - -
Muitas das senhoras de meia-idade cuidavam pouco ou nada dos pacientes e, mesmo cheias de compaixão e de boa vontade, não apreciavam muito certas tarefas, tais como despejar urinóis, lavar os oleados e o vômito, e suportar o cheiro dos ferimentos que supuravam. A ideia que tinham de enfermagem, acho, era a de alisar travesseiros e murmurar palavras suaves e tranquilizadoras para nossos bravos combatentes. Por isso, essas tais idealistas abandonaram suas tarefas com satisfação: jamais pensaram que teriam de fazer coisas como aquelas, diziam. Para junto dos feridos foram destacadas, então, as mais moças e, por isso, mais empreendedoras.

- - -
Desde o começo, gostei de enfermagem. Não me era difícil exercê-la, e eu achava ser essa uma das profissões mais compensadoras que uma pessoa poderia ter. Penso até que, se não tivesse me casado, uma vez terminada a guerra, iria treinar-me como enfermeira.

- - -
Mesmo aqueles médicos que eram desprezados secretamente pelas enfermeiras, por serem de baixo gabarito, tornavam-se muito convencidos no hospital e era-lhes concedida uma veneração mais adequada a pessoas de alta envergadura.

- - -
Muitas das senhoras de Torquay jamais haviam visto piolhos - eu própria também nunca os tinha visto -, e esses terríveis parasitas foram chocantes demais para as pobres queridas!

- - -
Houve um caso de tétano em nossa primeira remessa de pacientes. Foi nosso primeiro caso mortal, e um grande choque para todas nós. Contudo, em mais ou menos três semanas eu já me sentia como se tivesse passado toda a minha vida cuidando de soldados, e após um mês de experiência estava completamente apta a fazer malograr os vários truques de que eles dispunham.

- - -
"Johnson, o que esteve escrevendo em sua tabuleta?" As tabuletas, com os gráficos da febre e o peso do doente, costumavam ficar suspensas aos pés da cama.

"Escrevendo em minha tabuleta, enfermeira?", dizia ele, com ar de inocência ultrajada. "Nada, é claro! Que poderia estar escrevendo?"

"Parece que alguém andou prescrevendo para você um regime muito especial. Não creio que tenha sido a enfermeira, nem o doutor. Acho muito estranho que lhe receitem vinho do Porto!"

- - -
A primeira vez que tive que prestar assistência numa operação representou um desprestígio para mim. De repente, as paredes da sala começaram a rodopiar em torno de mim, e somente o firme apoio de outra enfermeira, que segurou meus ombros e fez com que eu saísse da sala rapidamente, salvou-me de um desastre. Jamais me ocorrera que a visão de sangue ou ferimentos me fizesse desmaiar.

- - -
A próxima operação que ela me mandou assistir foi curta, e sobrevivi. Com o costume, nunca mais senti a menor perturbação, embora, muitas vezes, desviasse meus olhos da primeira incisão com o bisturi. Essa era a parte que mais me afligia - depois, eu podia olhar para aquilo com calma e interesse. A verdade é que nos acostumamos a tudo.

- - -
Três dias antes do Natal, Archie, de repente, conseguiu uma licença. Fui com minha mãe a Londres para me encontrar com ele. Eu levava em mente o projeto de nos casarmos. Muita gente estava fazendo desses casamentos rápidos.

"Não consigo entender", disse, "como podemos continuar a nos preocupar com pequenas cautelas e pensar no futuro, quando tanta gente está morrendo."

Minha mãe concordou comigo. "É", disse ela. "Penso como você. Não podemos continuar pensando nos riscos que corremos e nesse gênero de coisas."

Não falamos em tal coisa, mas ambas sabíamos que as probabilidades de Archie ser morto eram muito grandes. As baixas, que haviam começado, sobressaltaram e surpreenderam todo mundo. Muitos de meus amigos eram soldados, e foram imediatamente mobilizados. Parecia que todos os dias líamos nos jornais a notícia da morte de alguém que conhecíamos.

- - -
Embora o passado me pareça agora um pouco nebuloso, os casos estranhos perduram na memória. Recordo-me de uma jovem empregada, principiante, que ajudava na sala de cirurgia; naquele dia, ela ficara até mais tarde fazendo a faxina, e ajudei-a a carregar uma perna amputada para jogá-la na fornalha.

- - -
Certa vez, encontrei um sargento bêbado, mas ele só queria mostrar-se galante. "Bom trabalho o que está fazendo", disse, cambaleando um pouco.

- - -
O dispensário era interessante por certo tempo, mas tornava-se monótono - eu, pelo menos, não queria trabalhar ali em caráter permanente. [...] Eileen era minha instrutora de química e, devo confessar, sabia demais para mim. Principiou não pelo lado prático, mas pela teoria. Ser apresentada repentinamente à tabela periódica, ao peso atômico e às ramificações dos derivativos do alcatrão mineral deixou-me totalmente desorientada. Contudo, não me afligi demais, e consegui dominar os fatos mais simples.

Depois de termos feito ir pelos ares nossa máquina de café, que era de vidro, ensaiando com ela o teste de Marsh, nossos progressos realmente começaram.

- - -
Perto do fim da guerra, a pasta Bip saiu de moda, foi substituída por outro preparado mais inócuo, e, finalmente, por enormes garrafões de solução de hipoclorina. Esta era feita com cloreto de cal, soda e outros ingredientes, e exalava um cheiro penetrante, que se infiltrava nas roupas. Muitos dos desinfetantes de nossos dias para aparelhos sanitários contêm essa solução. Apenas uma baforada desse cheiro, ainda hoje, é o bastante para me nausear.

- - -
Foi quando trabalhava no dispensário que me ocorreu escrever uma história policial. [...] Comecei a considerar que espécie de história policial poderia escrever. Visto que estava rodeada de venenos, talvez fosse natural que selecionasse a morte por envenenamento.

[...] Quem poderia ter como detetive? Revi todos os que conhecera e admirara nos livros. Havia Sherlock Holmes, inconfundível - jamais poderia ser capaz de rivalizar com ele! Havia Arsène Lupin - mas esse era detetive ou criminoso? De qualquer modo, não fazia meu gênero. Havia o jovem jornalista Rouletabille, do Mistério do Quarto Amarelo - era a personagem que gostaria de ter inventado: alguém que jamais fora utilizado antes. Quem poderia ser? Um estudante? Muito difícil! Um cientista? Que sabia eu acerca de cientistas? Lembrei-me então de nossos refugiados belgas. Havia uma colônia de refugiados belgas, bastante numerosa, na paróquia de Tor. Todo mundo transbordou de amor, amabilidade, compaixão, quando chegaram. Houve gente que mobiliou casas para eles morarem e fez todo o possível para que se sentissem à vontade. Mais tarde, porém, houve a reação habitual, quando os refugiados não se mostraram suficientemente gratos pelo que lhes tinha sido feito e se queixaram disto ou daquilo. O fato de as pobres criaturas estarem desorientadas e num país estranho não foi bem compreendido. Muitos deles eram pobres camponeses desconfiados, e a última coisa que queriam era um convite para tomar chá, ou para uma visita; tudo o que pediam era que os deixassem em paz, para que pudessem sobreviver, economizar dinheiro, cavar seus jardins, estrumá-los à maneira deles, particular e íntima.

Por que não seria belga meu detetive? Deixei que crescesse como personagem.

- - -
O que se passou a seguir foi súbito e inesperado. Archie chegou a casa, pois fora nomeado para um posto no Ministério da Aeronáutica, em Londres. A guerra arrastava-se havia tanto tempo - quase quatro anos -, e eu estava tão acostumada a trabalhar no hospital e a morar em casa de mamãe, que foi quase um choque para mim encarar a vida de modo diferente.

- - -
Um dia, na escola em que estudava, o professor interrompeu a lição, saiu da sala e regressou dizendo: "Por hoje não há mais aula. A guerra terminou!"

Parecia incrível. Não houvera nenhum sinal positivo de que isso pudesse acontecer - nada que nos levasse a pensar que a guerra poderia terminar dentro de seis meses ou um ano. A posição da França parecia inalterável. Ganhavam-se ou perdiam-se alguns metros de território.

Fui para a rua bastante tonta. Então, assisti a uma das cenas mais curiosas que já vi - na verdade, ainda a recordo com o que me parece uma sensação de temor. Havia mulheres dançando por todo lado. A mulher inglesa não pertence ao gênero que sai para as ruas dançando: seria uma reação mais de acordo com as francesas e com a cidade de Paris. No entanto, ali estavam, rindo, gritando, pulando numa espécie de selvagem orgia de prazer, quase de gozo brutal. Era assustador. Sentia-se que, se houvesse alguns alemães por perto, as mulheres os teriam feito em pedaços. Algumas, suponho, estavam de fato bêbadas, embora todas parecessem embriagadas. Rodopiavam, caminhavam aos trambolhões e berravam.


Mais:
http://docs.google.com/file/d/0BxwrrqPyqsnIWmxsXzZ2Z3FiNWc

domingo, 19 de novembro de 2017

Cambrai

HISTORIA MUNDO
diciembre 15, 2009

La Batalla de Cambrai

(Joaquín Toledo)

1917: UN NUEVO AÑO DE UNA DEVASTADORA GUERRA

Luego de las antológicas y devastadoras batallas de Verdún y Somme, tanto aliados como alemanes no concebían semejante grado de brutalidad que se había visto en el frente occidental. Las pérdidas, tanto materiales como humanas, habían sido ingentes y ambos bandos estaban llevando sus esfuerzos al límite. Lo que es más, finalizadas las dos batallas mencionadas, no hubo enfrentamientos de grandes consideraciones y no era para menos pues debido a todo lo apostado en ellas, el frente quedó paralizado y los ejércitos maltrechos.

Se llegó a decir que los ejércitos alemanes y anglosajones enfrentados en Somme, terminada dicha batalla, se transformaron en simples milicias... sea como sea, ya iban poco más de tres años de conflicto y parecía no tener un fin cercano. Así llegó 1917, y nuevas y mortíferas armas, tales como los gases, tanques y cañones gigantes, causaban penurias, mortandad y miseria, tanto en militares como civiles. Pero a pesar de todo esto, ambos bandos también sabían que presionar al enemigo era el único modo posible de hacerse con la victoria, no quedaba otra alternativa. Por ende, el Alto Mando Británico, planea una nueva y modesta ofensiva a comparación de las anteriores, pero esta vez con los carros de combate usándose como una herramienta eficaz, organizada y hasta letal.

EL SURGIMIENTO DEL PLAN DE BATALLA Y LOS PREPARATIVOS

El coronel Fuller, jefe del Cuerpo de Tanques, una unidad nueva en el ejército británico y en el mundo bélico, sugirieron que la situación en el frente, luego de la tercera Batalla de Ypres había sencillamente llegado a un punto muerto. Tanto los bombardeos como las lluvias habían convertido al terreno en algo inaccesible para los tanques, bastante lentos y rústicos en aquellas época, imposibilitando un despliegue óptimo de los mismos. Por ende, antes de la llegada del invierno de 1917 se debía programar un ataque el cual, primero se planeó sobre St. Quentin, donde el terreno permitiría un accionar de los tanques realmente efectivo. Pero debido a que en dicho lugar se necesitaría de la infantería francesa, haciendo perder la esencia y la sorpresa del ataque, el lugar designado fue cambiado a Cambrai.

Los generales ingleses se negaron a prestar tropas, por ende si el ataque se llevaría a cabo, sería con limitada infantería, es más, la ofensiva sobre Cambrai propuesta ni siquiera cobró forma hasta que se reconoció totalmente el fracaso de la ofensiva de Ypres. Así se dio el visto bueno para iniciar una ofensiva el 20 de octubre. En efecto se trataba de una ofensiva en la que participarían por primera vez, un conjunto de tanques en un ataque coordinado, la infantería solamente apoyaría para arremeter contra algunos soldados, hacer prisioneros y capturar artillería. Además se atacaría en un pequeño frente, de preferencia protegido por canales para evitar el ataque por los flancos y además de evitar una dispersión de los blindados.

EL INICIO DE LA BATALLA

Luego de múltiples retrasos el ataque comenzó el 20 de noviembre a las 8 de la noche. Los alemanes ya habían recibido una advertencia y estuvieron bien preparados a pesar del fuego artillero aliado que recibieron en un inicio. El ataque en conjunto estaba compuesto por 6 divisiones de infantería, los del III Cuerpo a la derecha y el IV Cuerpo a la izquierda, mientras que el Cuerpo de Blindados estaba compuesto por 381 tanques (si bien a lo largo del combate se usaron casi 500).

El éxito fue inmediato, pues la Línea Hindenburg fue penetrada hasta unos 8 kilómetros, considerable para la época y teniendo en cuenta los poco efectivos apostados. Los alemanes abandonaban sus posiciones despavoridos, si bien ocasionaron algunas bajas con su artillería, pronto se vieron obligados a abandonarlas. En el flanco derecho el ataque prosiguió y tomó un puente muy importante en el canal de St. Quentin. En Masnieres, sin embargo cuando los tanques intentaron atravesarlo, el puente colapsó, lo que hizo desperdiciar todo el tiempo ganado. Por la parte central del frente la 6 División capturó Ribecourt y Marcoing sin embargo luego se vieron obligados a retroceder hasta la zona de Noyelles.

Probablemente la peor parte se la llevaron los de la 51 División, en el frente del IV Cuerpo, pues Flesquieres estaba bien resguardada y los alemanes atacaron con todo lo que tenían, es más algunos tanques se separaron muchos de otros, perdiendo su fuerza de choque unida, siendo blancos fáciles de los alemanes y su artillería, otros fueron tomados por asalto. A los británicos les costó 40 tanques tomar dicha localidad, los alemanes se vieron obligados a abandonarla pero bastante satisfechos. En el oeste de este pueblo se pudo legar a Havrincourt y Graincourt un poco después. Hasta aquel momento ya 180 tanques, es decir sólo durante el primer día, habían sido puestos fuera de combate, pero la infantería debió reconocer que el avance rápido y efectivo se debió al uso en masa y organizado de los mismos.

Ya desde entonces se empezaba a reconocer la efectividad de estas máquinas, aunque fueron luego los alemanes, los primeros en usar dicha táctica con efectividad. No hay que desconocer sus defectos tampoco, las máquinas, pioneras en su género, casi más de cien sufrieron muchos desperfectos, varios otros tuvieron que ser abandonados. En cuanto a pérdidas humanas se registraron 4 mil, pero se tomaron un número similar de prisioneros, y teniendo en cuenta el avance rápido y relativamente profundo, se demostró así que la operación iba por buen rumbo.

EL INICIO DEL FRACASO

El 21 de noviembre empezaron las penurias. La gran algarabía había durado sólo un día, pues los alemanes, alertados, empezaron a traer refuerzos y pronto la desorganización invadió las filas aliadas, se tuvo que abandonar Flesquieres y Cantaing. El esfuerzo principal se dirigió hacia Bourlon donde las peleas fueron fieras y costosas, así como en Anneux. Las divisiones inglesas fueron suplantadas pues estaban muy agotadas, mientras las pérdidas se incrementaban, sin tener en cuenta que el contraataque alemán aún no había llegado. La siguiente semana fue totalmente infructífera para los aliados quienes no pudieron avanzar más allá de los bosques y las colinas.

El día 28 la ofensiva británica estaba acabada. En realidad los británicos gastaron sus fuerzas intentando tomar la cima de Bourlon lo cual le dio un tiempo precioso a los alemanes para reorganizarse. Desplegaron 20 divisiones en el área, y sus primeros contraataques fueron contra Havrincourt y el mismo Bourlon. Usando técnicas de infiltración, los germanos consolidaron su avance y se aseguraron información indispensable acerca de la situación de los aliados, bastante penosa por cierto. Con siete divisiones de infantería desplegadas en todo el frente que los británicos habían abierto, los alemanes atacaron con renovadas fuerzas el 30 de noviembre a las 7 horas.

Los alemanes avanzaron imparables, al sur por ejemplo cerca de 13 km, pues los aliados eran muy débiles y fueron tomados casi por sorpresa. Sólo en las elevaciones de Bourlon los alemanes sufrieron muchas bajas antes de tomarlo. Algo de la línea británica fue salvada, pues llegó la noche e intervinieron algunos blindados. De ahí en más hasta el día 3 de diciembre, los alemanes continuaron presionando y resistiendo pequeñas contra-ofensivas, las cuales fueron todas rechazadas. Sin embargo el ímpetu alemán se fue perdiendo y la línea quedó nuevamente restablecida, inclusive los germanos tomaron La Vacquerie y reubicaron a los ingleses cerca al canal de St. Quentin. Luego de esto la orden de los aliados fue retroceder definitivamente en todo el frente antes de verse totalmente exterminados, con excepción de las zonas alrededor de Havrincourt, Rivecourt y Flesquieres. A cambio de esto los alemanes capturaron algunas porciones de terreno al sur.

Al final la tan esperada ofensiva resultó en un nuevo fracaso por obvias razones, la falta de apoyo y material. Nadie creyó en la ofensiva desde el inicio y allí radicó su fracaso, pues como hemos narrado, los propios aliados se vieron sorprendidos por el avance efectuado en tan poco tiempo gracias a los tanques, aparato bélico que sorprendió y llamo la atención especial de los alemanes, quiénes se percataron primero que en los blindados reposaba la oportunidad de quebrar líneas y trincheras. Al final ese fue el mejor fruto de esta batalla, una lección para el futuro, pues la misma significó la pérdida de unos 45 mil soldados y casi 200 tanques en acción, así como más de 11 mil alemanes y 9 mil ingleses prisioneros.


Fonte:
http://historiamundo.com/batalla-de-cambrai

Mais:
http://www.youtube.com/watch?v=QFbVMaqw8kg

domingo, 12 de novembro de 2017

Propaganda

Trechos de The Attention Merchants (2016), de Tim Wu.


In August 1914, the British had an able, professional fighting force of just eighty thousand regulars - small enough, the late German chancellor Otto von Bismarck had once joked, to be arrested by the German police.

- - -
Foreseeing a much longer war than his colleagues did, one with heavy losses, [Lord] Kitchener took the highly realistic view that Britain needed to do something it had never done before: raise a huge army of a million men at least. With conscription ruled out by tradition and policy, however, Kitchener had the idea to make a direct and personal appeal to the British public. And thus began the first state-run attention harvest, or what historians would later call the "first systematic propaganda campaign directed at the civilian population."

- - -
The very word "propaganda" originally had a strictly ecclesiastical meaning of propagating the faith. As Mark Crispin Miller writes, "It was not until 1915 that governments first systematically deployed the entire range of modern media to rouse their population to fanatical assent."

- - -
Whether the trick was provoking a sense of duty or subtle fears of German invasion or simply presenting the image of the great man himself, the initial August appeal was extraordinarily successful. Within a month, an astonishing 30,000 men a day were signing up at recruitment offices. By October, over 750,000 had joined the British Army, creating, in two months, an infantry larger than America's current active force. Lord Kitchener now had his army.

[...] Like all effective posters, this one proved nearly impossible to ignore.

Also in the fall, the authorities began to conduct what they called "aggressive open-air propaganda" in the form of massive parades and rallies. One staged in the fall of 1914 in Brighton was perhaps typical. There, the military paraded through the seaside town, with horses dragging giant artillery guns through the streets, and the band whipping up the crowd with martial tunes. The ensuing rally culminated in a stirring speech by Rudyard Kipling, who, deploying rhetoric for its original ancient purpose, played upon deep-seated fears of German domination.

- - -
Seeing the necessity to keep innovating, the government did have a few more inspired ideas. For example, it built a small fleet of specialized "cine-motor vans," which were equipped to screen films conducive to enlistment on large walls around the country - the drive-in movie was thus born not of romance but existential threat. In 1918, on the fourth anniversary of the war, the government would distribute a special, sealed message from the prime minister to be read aloud at 9 p.m. sharp at more than four thousand cinemas, music halls, and theaters. By such means - at a time when "broadcast" still referred to a crop sowing technique - the prime minister reached an estimated 2.5 million people at once, an unheard of audience at the time.

Mainly, though, it was no single invention that marked the government's effort so much as its massive scale and organization.15 In this, the British anticipated an insight that would be expressed by the French philosopher Jacques Ellul halfway through the twentieth century: to succeed, propaganda must be total. The propagandist must utilize all of the technical means and media available in his time - movies, posters, meetings, door-to-door canvassing in one century, social media in another, as the rise of ISIS attests. Where there is only sporadic or random effort - a planted newspaper article here, a poster or a radio program there, a few slogans sprayed on walls - this modern form of attention capture does not bear its once unimagined fruit.

Even the most successful and adaptive efforts to harvest attention can come up short. In fact, by the nature of the crop, most do. Ultimately the military would have to resort to conscription to meet its manpower needs. Still, Kitchener's recruitment drive was almost certainly the most successful in history. Out of 5.5 million men of military age at the start of the war, about half had enlisted voluntarily by late September of 1915, this despite staggeringly high casualties in the early years. To heed the call was to accept a great chance of death or serious injury, a roughly 50/50 chance. That Lord Kitchener's campaign managed to achieve by persuasion what other countries achieved by legal coercion was a lesson lost on no one. Just as the patent medicine advertisements had demonstrated that attention could be converted into cash, the first propaganda drives showed it was also convertible into other forms of value, like compliant service even unto death. The British example would come to be copied by others for the rest of the century: by governments in the Soviet Union, communist China, and Nazi Germany; and elsewhere by commercial actors. As the historians M. L. Sanders and Philip Taylor wrote, "The British Government was responsible for opening a Pandoran box which unleashed the weapon of propaganda upon the modern world."

- - -
The very first country to try out the British propaganda techniques was not one synonymous with mind control, but rather the Land of the Free, which, in 1917, would abandon its neutrality to enter the war. Long before Americans began borrowing British television shows, they were borrowing propaganda techniques. However, like nearly every American imitation of a British original, the American version would be much bigger.

- - -
Following the British example, [George] Creel sought a massive and totalizing seizure of the nation's attention. For this, a flood of government communication was necessary, for he understood that "to conduct as well as accommodate this torrent he needed to command every possible sluice, the broader the better." Toward this end there was "no medium of appeal that we did not employ. The printed word, the spoken word, the motion picture, the telegraph, the cable, the wireless, the poster, the sign-board - all these were used in our campaign to make our own people and all other peoples understand the causes that compelled America to take arms."

Within a year of its founding, Creel's committee had twenty domestic subdivisions, and reported staff of 150,000; it may have been the fastest-growing government bureaucracy in world history. It did more of everything, faster, channeling the age's spirit of mass production. The committee produced more posters, speeches, pamphlets, press releases than any other entity. [...] In the burgeoning battle for human attention, Creel's approach was the equivalent of carpet-bombing.

- - -
Finally, there was the American version of the giant Kitchener poster that had been so important to the British effort. Lacking a living personification of the cause, however, the Pictorial Arts Division substituted the allegorical Uncle Sam pointing his finger and declaring "I want YOU for the U.S. Army," for what would surely be the most indelible instance of the recruitment genre.

- - -
Some 700,000 Americans volunteered for the armed forces, even though, unlike the British, the American army, from nearly the beginning, relied on conscription.

- - -
The outlandish success of the British and American propaganda campaigns left their mark on the rest of the century, setting a new standard for what was possible in manipulating the public to adopt a strong viewpoint about a matter where opinion had been divided before. The effect on those who lived through it seemed to depend very much on something deep within one's character. Some who found the experience alarming determined never to let such a thing happen again. Others found the wild success of British and American propagandizing nothing less than inspiring.

Walter Lippmann, a progressive journalist, co-founder of The New Republic, and a power within the Wilson administration, had been among those who pressured Wilson to take the nation to war. During the war he worked at the Creel Committee, and witnessed firsthand its power to whip the country into a fanatical assent. Despite his own initial support for the war, the ease with which the Creel Committee had succeeded turned him into something of a lifelong cynic.

What Lippmann took from the war - as he explained in his 1922 classic Public Opinion - was the gap between the true complexity of the world and the narratives the public uses to understand it - the rough "stereotypes" (a word he coined in his book). When it came to the war, he believed that the "consent" of the governed had been, in his phrase, "manufactured." Hence, as he wrote, "It is no longer possible... to believe in the original dogma of democracy; that the knowledge needed for the management of human affairs comes up spontaneously from the human heart. Where we act on that theory we expose ourselves to self-deception, and to forms of persuasion that we cannot verify."

- - -
That "public opinion" had been so easy to manufacture left Lippmann an abiding pessimist about democracy's dependence on it.

Lippmann's orientation was shared by prominent progressives in the American judiciary, who, witnessing the rough treatment of dissenters like [Eugene] Debs, began to think twice about what had been done in the name of progressivism.

- - -
[...] Vienna-born Edward Bernays, the nephew of Sigmund Freud. Residing in the United States, and just twenty-four at the start of the war, he was making his living as a journalist turned press agent. To create publicity for his clients, Bernays was already employing his uncle's idea of a human nature driven by unconscious desires. During the war Bernays worked, like many journalists, on the Creel Committee, and like Lippmann, he emerged with a sense of the futility of democracy. But unlike Lippmann, Bernays drew from the experience a belief in the necessity of enlightened manipulation. Otherwise, he wrote, the public "could very easily vote for the wrong man or want the wrong thing, so that they had to be guided from above." As he saw it, "the conscious and intelligent manipulation of the organized habits and opinions of the masses is an important element in democratic society."

But Bernays's real passion was for manipulation on behalf of business interests. As he later recalled, "I decided that if you could use propaganda for war, you could certainly use it for peace." He would devote the rest of his influential career as the self-described "father of public relations" to the use of propaganda techniques on behalf of commercial clients. In his words, the wartime triumph had "opened the eyes of the intelligent few in all departments of life to the possibilities of regimenting the public mind."

- - -
With the government campaigns as proof-of-concept for what a mass advertising campaign might achieve, corporate America soon caught Bernays's enthusiasm.

- - -
Another German war veteran, while in prison, wrote a tract admiring British propaganda as "marvelous," praising its simple presentation of "negative and positive notions of love and hatred, right and wrong, truth and falsehood," thereby allowing "no half-measures which might have given rise to some doubt." The fan was Adolf Hitler, and given his chance, he thought he could do even better.


Mais:
http://encyclopedia.1914-1918-online.net/article/pressjournalism
http://geschichtspuls.de/art1336-erster-weltkrieg-der-kriegsbeginn-in-der-presse-1
http://www.cndp.fr/fileadmin/La_Presse_pendant_la_guerre_de_1914_1918.pdf
http://www.gutenberg.org/files/31086/31086-h/31086-h.htm
http://www.gutenberg.org/files/3317/3317-h/3317-h.htm

domingo, 5 de novembro de 2017

Outubro vermelho

AVENTURAS NA HISTÓRIA
1 de outubro de 2007

Revolução comunista na Rússia: outubro vermelho

(José Francisco Botelho)

Há 90 nos, estourava na Rússia a primeira revolução comunista vitoriosa da história. Operários, camponeses e soldados pegavam em armas.

Era 24 de outubro de 1917. Quase desmaiando de cansaço, dois homens relaxavam um pouco, deitados no chão de uma sala escura em um edifício de Petrogrado, atual São Petersburgo. O mais novo, um judeu ucraniano de 38 anos, cultivava uma farta cabeleira desgrenhada e usava óculos redondos. Seu companheiro, então com 47 anos, quase já não tinha cabelos, apesar da pouca idade. E chamava a atenção por seus olhos amendoados, uma herança da família de origem tártara. Do lado de fora daquele prédio, no outono frio e nublado da Rússia, ressoavam marchas e palavras de ordem. Olhando para o teto, o mais velho traçou com a ponta do dedo indicador um círculo sobre a cabeça e disse: "Tudo gira."

O jovem senhor de olhos estreitos era Vladimir Ilitch Ulianov, mais conhecido como Lenin, apelido adotado no submundo revolucionário. Quem estava a seu lado era o camarada Lev Bronstein, que também havia cunhado um codinome famoso: Trotski. Os dois tinham boas razões para estar exaustos. Nos dez dias anteriores, eles haviam organizado, articulado e desencadeado um dos eventos mais importantes da história mundial. Enquanto descansavam naquele quartinho do Instituto Smólni - antiga escola para moças da nobreza, agora sede do Partido Comunista -, seus correligionários e aliados tomavam o poder nas ruas de Petrogrado e em outras cidades-chave do país. Era o "Outubro Vermelho". A Revolução Russa, que havia começado alguns meses antes, chegava ao clímax. Estava nascendo o primeiro Estado socialista do mundo.

TODO PODER AOS SOVIETES

Lenin sabia usar as palavras como ninguém. E tinha a exata noção do que dizia ao afirmar que, naquele momento, tudo estava girando. "Revolução" vem do latim "revolvere", ou "girar", um termo que, na Antiguidade, designava o movimento dos planetas no espaço sideral. Em 1688, ganhou sentido político pela primeira vez, quando os ingleses batizaram de Revolução Gloriosa seu levante contra a monarquia absolutista. No século seguinte, ocorreriam mais dois grandes e violentos "giros" - as Revoluções Americana e Francesa, que criaram novos sistemas de governo e colocaram o mundo na órbita da modernidade.

Quando a Revolução Russa começou, em fevereiro de 1917, ela se parecia bastante com as anteriores. Em princípio, a maioria dos revolucionários queria apenas derrubar a dinastia Romanov, que governava o Império Russo com mão de ferro desde o século 17. Numa época em que as nações europeias se modernizavam a todo vapor, a Rússia czarista era uma relíquia monstruosa da Idade Média: um gigante com cerca de 140 milhões de habitantes, sem parlamentos, sem partidos de oposição, sem liberdade de imprensa. Camponeses e trabalhadores urbanos viviam à míngua. Quem reclamava costumava amargar um longo e penoso exílio nas planícies geladas da Sibéria. O resultado dessa trágica equação social e política não poderia ser outro: o regime caiu de maduro, em meio aos tumultos da Primeira Guerra Mundial.

Após a queda do czar Nicolau II, a primeira opção dos russos foi por um esboço de democracia. Um governo provisório, formado por liberais e socialistas moderados, tentou colocar ordem na casa convocando eleições. Àquela altura, no entanto, os marxistas bolcheviques liderados por Lenin já haviam conquistado enorme influência perante os chamados sovietes, conselhos populares formados por operários, camponeses e soldados. Legítimos representantes das classes sociais mais oprimidas, nos sovietes residia o poder de fato. Eles derrubariam o recém-instaurado governo liberal no segundo round da revolução, em outubro de 1917. O povo, guiado por uma vanguarda revolucionária, assumiria o controle do Estado. "Todo poder aos sovietes", conclamava Lenin.

PESADELO TOTALITÁRIO

Naqueles vertiginosos dias de outubro, a Revolução Russa seguiu um caminho inédito e extraordinário. Lenin, Trotski e seus adeptos sonhavam com algo muito mais grandioso do que qualquer outra revolução já realizara. Queriam inverter a pirâmide social, abolir a propriedade privada e colocar todo o poder nas mãos dos trabalhadores. "Eles almejavam um processo de transformação completa, não só de toda ordem política e socioeconômica preestabelecida, mas da própria existência humana", afirma o historiador americano Richard Pipes em História Concisa da Revolução Russa. "Em outras palavras, queriam virar o mundo." Eram ambições épicas, que refletiam uma confiança quase religiosa na razão e no progresso da humanidade. Como escreveu Edmund Wilson no clássico Rumo à Estação Finlândia: os revolucionários acreditavam que o evangelho marxista podia ordenar o presente e determinar a "história do futuro".

Mas o século 20, que para os bolcheviques marcaria o início de uma idade dourada, acabou sendo o mais violento de todos os tempos. E a utopia socialista, alguns anos depois da Revolução Russa, iria se converter em pesadelo totalitário, tragicamente semelhante à monarquia absoluta que ela havia derrubado. Dos czares, o regime soviético acabou herdando a ânsia imperialista. Que o digam os habitantes muçulmanos da atual Chechênia, vítimas de uma tripla ironia histórica: conquistados pelos exércitos dos czares, foram oprimidos e deportados pelas falanges soviéticas e até hoje sofrem o jugo da Rússia de Vladimir Putin.

Para Osvaldo Coggiolo, especialista em História Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP), o fracasso da Revolução Russa não deve obscurecer a pureza de suas intenções. "O objetivo dos revolucionários era levar os operários ao poder, mas as circunstâncias históricas não permitiram", diz o historiador. "Sempre à beira da destruição, o Estado socialista fez o que pôde para sobreviver a conflitos internos e a duas guerras mundiais. E, apesar de todos os obstáculos, a URSS transformou-se em uma potência capaz de competir com os EUA durante a Guerra Fria." Outros estudiosos, no entanto, acreditam que o levante comunista de 1917 estava condenado desde seu início. Calcada na ditadura de partido único, essa busca pela utopia só poderia conduzir a seu oposto. "A maioria dos que empreenderam a revolução tinha mesmo ideais nobres, mas irrealizáveis", escreve o historiador britânico Orlando Figes em A Tragédia de um Povo.

A FOICE E O MARTELO

A luta proletária e camponesa contra a burguesia não foi travada apenas com baionetas, mas também com imagens. Assim que o czar Nicolau II foi deposto, a insígnia do czarismo - uma águia de duas cabeças - rapidamente desapareceu de repartições públicas e documentos oficiais. Em seu lugar apareceram, inicialmente, um martelo e um arado, que já eram usados nos uniformes das tropas bolcheviques e representavam a união de operários e camponeses em sua marcha revolucionária.

Em 1922, com a revolução já consolidada, o Partido Comunista decidiu trocar o arado por um símbolo mais agressivo - uma foice. Assim nasceu a bandeira do primeiro Estado socialista do mundo: foice e martelo sobrepostos em um campo vermelho, cor tradicional da luta operária desde o século 19. O brasão soviético, usado em selos e ministérios, foi ainda mais eloqüente quanto às pretensões globais da revolução: mostrava a foice e o martelo flutuando sobre o globo terrestre. Embaixo, o lema cunhado por Karl Marx e Friedrich Engels, pais do comunismo, nas 17 línguas faladas na ex-URSS: "Trabalhadores do mundo, uni-vos!".

UM TIRO PELA CULATRA

Certa vez, em meados do século 19, um grupo de discípulos perguntou a Karl Marx o que ele achava de uma possível revolução socialista na Rússia. "Duvido muito", respondeu o autor de O Capital. Marx acreditava que a classe operária, surgida com a Revolução Industrial, iria se levantar em todo o mundo para destruir o capitalismo. E que esse movimento começaria pelos países mais industrializados da época, como Inglaterra e Alemanha. Os comunistas ingleses e franceses jamais tiraram a revolução do papel. Na Alemanha, contudo, a história foi diferente.

Em novembro de 1918, um ano depois do "Outubro Vermelho", soldados e operários alemães rebelaram-se contra o governo do imperador Guilherme II. Como na Rússia, o estopim da revolta foi a catástrofe da Primeira Guerra Mundial. Greves e motins incendiaram o país. Resultado: o kaiser foi obrigado a renunciar, e a Alemanha saiu oficialmente da guerra. O Partido Comunista, percebendo o momento de fragilidade do regime, tentou tomar o poder em janeiro de 1919. Mas uma aliança entre a classe média, o Exército e os remanescentes da monarquia sufocou o movimento. A revolução frustrada acabou no assassinato brutal da judia polonesa Rosa Luxemburgo, líder dos comunistas alemães. E o medo de outro levante socialista começou a empurrar o país para a extrema direita. Resultado: em 1920, surgiu na Alemanha o partido nazista - que 13 anos mais tarde conduziria Adolf Hitler ao poder.


Fonte:
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/russia-outubro-vermelho-435618.shtml

Mais:
http://www.youtube.com/playlist?list=PLrWPsj6fVbeWs8mBZDCOzV-u2g-8IOEr_