domingo, 10 de agosto de 2014

Mons

Um mês após a dura Batalha de Mons, na 1ª Guerra Mundial, foi publicada no Evening News, de Londres, uma notícia que causou sensação na época e provocou uma controvérsia que ainda dura.

A notícia, assinada por um jornalista e escritor galês, Arthur Machen, referia como uma pequena força expedicionária britânica, numa desproporção numérica de 3 para 1 em relação ao inimigo, fora salva por reforços celestiais. Os Anjos de Mons (ou O Anjo; os relatos variam entre um e outro pelotão) surgiram repentinamente entre os ingleses e os alemães, que se defrontavam numa batalha. Compreensivelmente, estes últimos recuaram em grande confusão.

A batalha travou-se no dia 26 de Agosto de 1914, e quando a notícia foi publicada, em setembro seguinte, a maioria dos sobreviventes encontrava-se ainda na França. No mês de maio do ano seguinte, a filha de um pastor de Clifton, na cidade de Bristol, publicou anonimamente, na revista da paróquia, o que afirmou ser a declaração, prestada sob juramento, de um oficial britânico.

Nela o oficial declarava que, quando sua companhia se retirava de Mons, fora perseguida por uma unidade de cavalaria alemã. O oficial tentara alcançar um local onde a companhia pudesse abrigar-se e combater, mas os alemães haviam-nos precedido.

Esperando uma morte quase certa, os ingleses voltaram-se e viram então, para seu espanto, uma companhia de anjos entre eles e o inimigo. Os cavalos alemães, aterrorizados, fugiram desordenadamente em todas as direções.

Um capelão do Exército, o Reverendo C. M. Chavasse, irmão de Noel Chavasse, condecorado com a Victoria Cross e mais tarde Bispo de Rochester, declarou ter ouvido relatos semelhantes de um brigadeiro e dois de seus oficiais.

Um tenente-coronel descreveu como, aquando da retirada, o seu batalhão fora escoltado durante 20 minutos por uma cavalaria fantasma.

Do lado alemão surgiu a notícia de que os combatentes germânicos recusaram-se a atacar em um determinado ponto onde as linhas inglesas tinham sido cortadas, devido à presença de grande quantidade de tropas. Segundo os registros dos Aliados, não havia nessa altura um único soldado inglês na área.

UM ESCRITOR COM IMAGINAÇÃO

Um pormenor notável no que respeita a todos os relatos sobre Mons é que nenhum deles foi divulgado a primeira mão. Em todos os casos, os oficiais que transmitiram a notícia quiseram ficar no anonimato, temendo que o seu relato não fosse considerado digno de crédito e que tal fato constituísse um obstáculo a uma possível promoção.

Anos depois, Machen, autor de histórias de terror e do sobrenatural, que fora membro da sociedade mística conhecida pelo nome de Ordem Hermética da Aurora Dourada, reconheceu que a primeira notícia que divulgara não passava de imaginação.

O mistério tornou-se assim mais intrigante ainda. Apesar do desmentido, muitos soldados de regresso à pátria entregaram-se a reminiscências sobre os estranhos acontecimentos de Mons, e os investigadores chegaram a acreditar que, de fato, algo sobrenatural ocorrera.

Teriam os soldados regressados da guerra recorrido a uma história que lhes agradava e que apoiavam determinadamente? Ou teria acontecido algo - uma miragem, por exemplo - que induzira os ingleses e os alemães a acreditarem que haviam visto um exército espectral de anjos?

Qualquer que seja a explicação, os ingleses conseguiram algo semelhante a um milagre. Apesar de uma desvantagem esmagadora e de pesadas perdas, a retirada foi realizada com êxito, e a Força Expedicionária Britânica manteve-se uma efetiva força de combate.


Fonte:
http://sobrenatural.org/conto/detalhar/13928/anjos_de_mons_

Mais:
http://www.gutenberg.org/cache/epub/14044/pg14044.html