domingo, 4 de janeiro de 2015

Os últimos dias de Santa Sangre

Pessoas atentas observaram estarrecidas quando o conflito desencadeado em 14 atingiu níveis de destruição material e moral até então impensáveis. Não poucos acharam estar diante de mais uma guerra, instituição muito velha - por volta de 2300 a.C. Sargão da Acádia promovia ferozes combates, multidões de mortos caídos pelo solo do Crescente Fértil. Mas daquela vez havia algo diferente. Era o início do choque da mentalidade século XIX com os avanços técnicos que mudariam para sempre a arte de despachar tropas inimigas.

Não demorou para que os violentos atritos provocassem receios apocalípticos. Diz o Evangelho de Mateus, 24:6-7:

"E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.
Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares."


Para os mais devotos não restava dúvida. A consumação dos tempos chegara.

Já em 1915 o inquieto pensador austríaco Karl Kraus, sob o impacto das atrocidades que se acumulavam, começou a escrever a sátira que é geralmente considerada sua obra-prima, a estranha peça Os Últimos Dias Da Humanidade.

E por falar em estranho, tem um filme - ruim - do diretor chileno Alejandro Jodorowsky, Santa Sangre, em que aparece uma musiquinha de temática apocalíptica, e por algum obscuro motivo passei a associá-la a imagens da luta deflagrada em 14. E desde então ficou na minha cabeça uma mistura bizarra de Grande Guerra, Kraus, Jodorowsky e fim do mundo. Vejam e digam se estou maluco:



El fin del mundo se acerca ya

Toda esperanza se acabará

Ya las señales se están cumpliendo

Se están cumpliendo como escrito está

Um aviso aos mais distraídos: o mundo não acabou.



Mais:
http://thelastdaysofmankind.com
http://corior.blogspot.com/2006/02/revisionismo-e-mentiras-das.html