domingo, 8 de junho de 2014

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DEUTSCHE WELLE
4 de agosto de 2012

1914: Reino Unido declara guerra à Alemanha

Na noite de 4 de agosto de 1914, o governo britânico sob o primeiro-ministro Henry Asquith declarava guerra ao Império Alemão.

(Rachel Gessat)

"Povo alemão! Agora, a espada há de decidir. Em meio à paz, fomos atacados pelo inimigo. Por isso, mãos às armas! Qualquer hesitação seria uma traição à pátria.", disse o último imperador da Alemanha, Guilherme 2º. Embora nos dez anos anteriores os dois países tivessem se preparado militarmente para um confronto, a decisão política de declarar guerra permaneceu controversa até o último momento.

Quando o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, foi assassinado por nacionalistas sérvios em 28 de junho de 1914, a maioria dos ingleses achava que esse conflito continental não os atingia. Algumas semanas depois, tornou-se evidente tratar-se de um engano. Com o ultimato dado pela Áustria à Sérvia, em 23 de julho, exigindo duras providências oficiais contra a campanha antiaustríaca, o conflito bilateral ameaçou alastrar-se.

Quase todas as potências europeias já haviam optado por alianças políticas. A Inglaterra, a França e a Rússia, por exemplo, haviam formado a Tríplice Entente. Já a Alemanha deu uma espécie de cheque em branco aos vizinhos austríacos, garantindo apoio. Para os russos, um ataque austríaco à Sérvia era inaceitável. Uma guerra teuto-russa forçosamente envolveria a França.

A única questão em aberto era a posição do Reino Unido. Londres preservava uma tradição política de não se intrometer em assuntos do continente europeu, a não ser que os interesses vitais do país estivessem em perigo. Não havia consenso nem mesmo entre os membros do governo, se esse seria o caso naquele momento.

NEUTRALIDADE BELGA

Em 1º de agosto, o primeiro-ministro liberal Henry Asquith ainda escreveu a uma amiga: "Há ameaças de renúncias. A principal controvérsia refere-se à Bélgica e à sua neutralidade. Se entrarmos em guerra, haverá uma divisão no gabinete. Se Grey renunciar, eu também renuncio, e aí haverá uma derrocada geral."

Dois dias depois, em 3 de agosto, o ministro das Relações Exteriores Edward Grey conseguiu convencer a maioria dos parlamentares de que a Inglaterra não poderia se manter fora do conflito por mais tempo: "Mesmo que nos mantenhamos fora, não posso imaginar um só momento que, no final dessa guerra, estejamos em condições de neutralizar suas consequências; que, diante de nossos olhos, toda a Europa Ocidental caia sob o domínio de um só império."

No final das contas, a questão da neutralidade belga foi decisiva. Os planos de ataque da Alemanha à França previam, há tempos, a passagem pela Bélgica, o que significaria uma violação do tratado de 1839, em que os belgas definiram a sua perpétua neutralidade. O Reino Unido era um dos países que, ao lado da França e da Rússia, haviam se comprometido a proteger a inviolabilidade das fronteiras belgas.

Quando tropas alemãs invadiram o território belga na manhã de 4 de agosto, o rei da Bélgica pediu ajuda a esses países. O Reino Unido imediatamente deu um ultimato ao Império Alemão, exigindo o fim da invasão. Se até a meia-noite no horário alemão (23 horas em Londres) não viesse uma resposta satisfatória de Berlim, o Reino Unido declararia guerra à Alemanha.

Não houve resposta. Em 2 de agosto de 1914, a Primeira Guerra Mundial começava com o ataque alemão à cidade industrial belga de Liège. A guerra durou quatro anos e causou 10 milhões de mortos.


Fonte:
http://www.dw.de/1914-reino-unido-declara-guerra-à-alemanha/a-319734

Mais:
http://www.youtube.com/watch?v=ydrGqZtScxU