sábado, 9 de abril de 2005

Trindade, Triângulo

Ontem. Notícia que chegou a meus ouvidos vinda de emanações da sala até a cozinha onde eu jantava garoupa e berinjela à milanesa com suco de maracujá, cuspida pelos alto-falantes da tevê, por sua vez vomitada pela boca flácida e desdentada do comediante Boris Casoy em um telejornal picareta e britadeira.

Um ex-padre ia a um motel com uma ex-noviça. No meio do caminho, foi assassinado, dizem as investigações, provavelmente pelo ex-marido da ex-noviça. Da Santíssima Trindade a um Triângulo Amoroso. Depois de tanto "ex-coisa-qualquer", realizar-se-ão ex-équias (sim, essa foi podre). O morto, quando vivo e quando padre, foi acusado de ter participado da morte por envenenamento de um outro padre. Esse segundo padre morto, por sua vez, já havia sido acusado de ter matado a tiros um terceiro padre. Calma, a história parou por aí. O terceiro padreco é inocente até que se prove o contrário e apareçam adultos com traumas da época em que eram coroinhas.

Engraçado é que isso passava no canal Record, mais um brinquedo nas mãos da lucrativa Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), a qual em seus programas religiosos adora queimar o filme de credos rivais. Catolicismo, espiritismo e macumba são as que mais levam peia. Comédia é ver alguns deles, IURD-istas, a comemorar fatos desse naipe, casos constrangedores envolvendo membros (ex-membros, vejam bem) da instituição concorrente. Ainda mais que a Igreja Católica anda em evidência midiática desde o falecimento do grande Karol Wojtyla.

Quem assistia ao seriado Arquivo X sabe como é: "The truth is out there."

O (ex-)padre que passeava com a (ex-)noviça deixa um filho órfão. O (ex-)seriado Arquivo X era exibido na Record e deixou na orfandade uma legião de telespectadores que não tinham TV por assinatura. Grato pela atenção. Deus lhes pague.