A filha de uma amiga da minha mãe já tentou suicídio.
Ingeriu uma dose de raticida.
Falhou.
De acordo com a Central Leão Lobo de Notícias, a garota havia sido dispensada pelo namorado.
Ficou deprimida.
Quando mãe me contou, achei engraçado.
¿Quién es esa niña? Who's that girl? Não sei até onde foi a sinceridade do procedimento da fútil garota mimada, mas sei isso: o quase-crime contra si põe a pirralha 3,5 centímetros acima de sua habitual mediocridade de fêmea púbere da classe emergente, concede-lhe por 15 minutos uma aura de pseudo-Ofélia (a da peça de Shakespeare, não a da Cozinha Maravilhosa, óbvio) cearense, além de presentear blogueiros e as vizinhas gordas e varizentas e de cabeças enxameadas de bobs com uma excitante ruptura na pasmaceira do bairro. Digna de drama de novela das 8 e logo ali na outra calçada. Emoçãozinha barata, de R$ 1,99, para nossas alminhas suburbanas. Há também uma efêmera e duvidosa celebridade que aposto como até a autora sobrevivente da travessura, no momento oportuno vai apreciar ou mesmo envaidecer-se de.
Essa tragédia abortada é o Sazon que transforma a insípida jovenzinha em questão numa spice girl, é uma façanha de baixa ordem, é merecedora de nota de 6 linhas curtas em jornal local, é uma turbulência com máscaras caindo do teto da rotina, chega a ser charme para uma parcela do público. É, enfim, um tchanananan na ausência do qual eu dificilmente sequer saberia da existência dessa menina, que seria apenas mais uma deficiente de prendas num ecossistema onde abundam lambisgóias exibindo minissaia, camiseta da Avril Lavigne e imaturidade.
Brotinhos passionais e instáveis à parte, a galera ishperta e pragmática de plantão, essa sim entende do riscado e sabe como extrair dividendos de flertes com a indesejada das gentes. É fácil. Você aí, que toca numa banda de pop. Quer uma boa jogada marketeira para quando seu grupo, por um desses insondáveis mistérios tipo neutrinos e mãe virgem de messias, for selecionado para tocar no palco secundário ou terciário do megafestival que reúne todas as tribos? Na véspera do show, enforque-se no quarto com uma corda fuleira, ou engula também uma quantia light de chumbinho, ou beba mililitros de água sanitária, ou corte os pulsos com borda de papel ofício, ou tenha uma overdose meio fake, ou arme um circo midiático de horas ao ameaçar pular do viaduto da Mister Hull. É garantido, tudo pronto para sua sonoridade (híbrida de Jota Quest com Kelly Key) tomar de assalto, tal qual blitzkrieg, o top hits das rádios, as manchetes de jornais e a parada de clipes da versão regional da MTV. Que passaria em brancas nuvens se você teimasse em permanecer enfadonhamente ileso.
Ingeriu uma dose de raticida.
Falhou.
De acordo com a Central Leão Lobo de Notícias, a garota havia sido dispensada pelo namorado.
Ficou deprimida.
Quando mãe me contou, achei engraçado.
¿Quién es esa niña? Who's that girl? Não sei até onde foi a sinceridade do procedimento da fútil garota mimada, mas sei isso: o quase-crime contra si põe a pirralha 3,5 centímetros acima de sua habitual mediocridade de fêmea púbere da classe emergente, concede-lhe por 15 minutos uma aura de pseudo-Ofélia (a da peça de Shakespeare, não a da Cozinha Maravilhosa, óbvio) cearense, além de presentear blogueiros e as vizinhas gordas e varizentas e de cabeças enxameadas de bobs com uma excitante ruptura na pasmaceira do bairro. Digna de drama de novela das 8 e logo ali na outra calçada. Emoçãozinha barata, de R$ 1,99, para nossas alminhas suburbanas. Há também uma efêmera e duvidosa celebridade que aposto como até a autora sobrevivente da travessura, no momento oportuno vai apreciar ou mesmo envaidecer-se de.
Essa tragédia abortada é o Sazon que transforma a insípida jovenzinha em questão numa spice girl, é uma façanha de baixa ordem, é merecedora de nota de 6 linhas curtas em jornal local, é uma turbulência com máscaras caindo do teto da rotina, chega a ser charme para uma parcela do público. É, enfim, um tchanananan na ausência do qual eu dificilmente sequer saberia da existência dessa menina, que seria apenas mais uma deficiente de prendas num ecossistema onde abundam lambisgóias exibindo minissaia, camiseta da Avril Lavigne e imaturidade.
Brotinhos passionais e instáveis à parte, a galera ishperta e pragmática de plantão, essa sim entende do riscado e sabe como extrair dividendos de flertes com a indesejada das gentes. É fácil. Você aí, que toca numa banda de pop. Quer uma boa jogada marketeira para quando seu grupo, por um desses insondáveis mistérios tipo neutrinos e mãe virgem de messias, for selecionado para tocar no palco secundário ou terciário do megafestival que reúne todas as tribos? Na véspera do show, enforque-se no quarto com uma corda fuleira, ou engula também uma quantia light de chumbinho, ou beba mililitros de água sanitária, ou corte os pulsos com borda de papel ofício, ou tenha uma overdose meio fake, ou arme um circo midiático de horas ao ameaçar pular do viaduto da Mister Hull. É garantido, tudo pronto para sua sonoridade (híbrida de Jota Quest com Kelly Key) tomar de assalto, tal qual blitzkrieg, o top hits das rádios, as manchetes de jornais e a parada de clipes da versão regional da MTV. Que passaria em brancas nuvens se você teimasse em permanecer enfadonhamente ileso.