sábado, 23 de agosto de 2008

Olympia

Entre causos envolvendo 1 vara perdida, 1 sova argentina e n chororôs, minha vez de falar de Olimpíadas. Ou quase isso.


Vejamos o diferenciado regime Fu Manchu de pavio curto em vigência no país dos amarelos anfitriões da versão 2008, herança vermelha dos anos passados sob o tacão do papa-uh-Mao-Mao. É um baita nicho de mercado para os aspirantes a Bono Vox. Protestos bacaninhas, manifestos, abaixo-assinados, atitudes engajadas e produtos semelhantes. Made in China.


Esses dias, dei uma oportuna reassistida no filme Olympia, partes 1 e 2, da Leni Riefenstahl. É um documentário sobre essa grande gincana periódica, a do longínquo e logo ali 1936, realizada na Alemanha. Ou seja, numa nação a lamber os coturnos do homenzinho do bigode abominoso & sua grife, o nacional-socialismo.


A bonita seqüência dos saltos em câmera lenta no trampolim da piscina evoca força e cadência dignas de obra do conterrâneo Richard Wagner. Leni era uma apaixonada por: estética, técnica e harmonia (a do corpo humano, notadamente). Para explorar os temas que tanto estimava, ela pegou carona em um rebotalho como o nazismo. Com naturalidade e despudor. E que são ainda mais evidentes n'O Triunfo Da Vontade. O fascínio pelo mal. O belo que brota do mal. A obsessão por um ideal de juventude & beleza, a mesma que amaldiçoou o angustiado Dorian Gray.


No assim chamado mundo real, em território chinês, não há closes memoráveis nos fuzilamentos, nem tomadas antológicas nas perseguições a desafetos políticos, nem música triste do John Williams (ganhadora de Oscar) como trilha sonora de pessoas humilhadas pela censura. Adolfo e seus áulicos foram devidamente escorraçados do trono já faz tempo. Os tiranetes burocratas de olhos puxados permanecem por lá. Festanças prodigalizando jogos e gentileza postiça são todo o verniz com o qual líderes mesquinhos adoram pintar seus brinquedinhos de governar, o cetim para ataviar suas repúblicas impopulares, pouco importa o local ou a época.


Arrefecida a atlética euforia e terminado o evento, o urso panda pergunta: E o bambu?