Na quarta-feira, 12 de novembro, começou a 8ª Bienal Internacional do Livro do Ceará, cujo tema é A aventura cultural da mestiçagem. Senta que lá vem história.
Numa idade em que a gente faz rematadas besteiras, tipo se apaixonar por uma coleguinha fã de Zezé di Camargo & Luciano, colocar nome e RG em abaixo-assinados, usar cordão neo-hippie de contas do tamanho das antigas bolinhas de mouse e ler Rachel de Queiroz, eu freqüentava bienais do livro. Mea maxima culpa. Mas poderia ser pior. Pelo menos nunca fui a uma edição do Cine Ceará, ver trocentos filmes sobre jangadeiro e muié rendeira.
A festinha literária do presente ano tem goiabada, marmelada, Teatro Mágico e João Pedro Stedile. De velhos carnavais, lembro que vi a senadora Boca de Sovaco e o governador Pato Rouco sob uma saraivada de flashes e com as mãos abarrotadas de livros recém-comprados, que provavelmente jamais seriam lidos na íntegra, pois eles são bastante ocupados e tal e cousa.Houve o dia da palestra com o fóssil ambulante Ariano Suassuna, em que um pessoal da platéia gritava "Viva a resistência iraquiana!".E, falando no véi armorial, não existe um órgão de defesa do consumidor nesse mundão de Deus que devolva meus momentos gastos com as páginas da bobagenta Pedra Do Reino. Tempo que daria tranqüilo para assistir ao punhado de episódios de Prison Break que tenho na minha fila de pendências. Mas divago. Houve ainda outra palestra, com um chileno bigodudo, gordo e careca, cercado de convidados chiques tomando cappuccino e debatendo a complexidade e a beleza do realismo mágico. Havia também excursões de agitados pimpolhos de escolas públicas, matilhas fardadas de catarrentos ruidosos sem coleira nem focinheira, nos rostos deles eu via futuros frentistas, vendedores de loja do Centro, motoristas de caminhão da Ecofor e alunos da Faculdade Universo do Saber (Facus). Os maiorezinhos mostravam-se deveras interessados. Em paqueras e em trocas de olhares. Houve uma conversa com o prestativo Pasquale Cipro Neto, que aplacou nossas angústias vernáculas ao explicar a diferença entre música e musicista.Houve um sarau com um poeta chamado Chacal (rima involuntária), no qual ele declamava, rodeado por uma fumaça mais suspeita que Opala preto,seus poemas realmente underground e subversivos. A molecada adorou, como de costume. Muitos uhuuu na ocasião. Houve um show de encerramento com o transcedente e hipermoderno Jorge Mautner. Intrigava-me com o nonsense dos cosplayers no espaço RPG. Houve uma horda de metaleiros - coturnos, camisetas de bandas finlandesas, vastas barbas e cabeleiras, tatuagens em panturrilhas - numa roda de discussão sobre livros de wicca. Havia o pavilhão das publicações evangélicas, com adesivos do Smilingüido por todos os lados. E o que há sempre: garotas sem peito e sem bunda de sarongue resvalando pelos calcanhares - estudantes de Letras, de Pedagogia, de História - e que amam dizer o quanto odeiam TV, senhores com óculos fundo-de-garrafa e aspecto de portador de doença mental e grande predileção por biografias, riquinhos de sobrenome famoso trocando sutis cotoveladas e caneladas para ver quem aparece com mais destaque e mais pose de elite culta em foto para a coluna social do Lúcio Brasileiro.
Numa idade em que a gente faz rematadas besteiras, tipo se apaixonar por uma coleguinha fã de Zezé di Camargo & Luciano, colocar nome e RG em abaixo-assinados, usar cordão neo-hippie de contas do tamanho das antigas bolinhas de mouse e ler Rachel de Queiroz, eu freqüentava bienais do livro. Mea maxima culpa. Mas poderia ser pior. Pelo menos nunca fui a uma edição do Cine Ceará, ver trocentos filmes sobre jangadeiro e muié rendeira.
A festinha literária do presente ano tem goiabada, marmelada, Teatro Mágico e João Pedro Stedile. De velhos carnavais, lembro que vi a senadora Boca de Sovaco e o governador Pato Rouco sob uma saraivada de flashes e com as mãos abarrotadas de livros recém-comprados, que provavelmente jamais seriam lidos na íntegra, pois eles são bastante ocupados e tal e cousa.Houve o dia da palestra com o fóssil ambulante Ariano Suassuna, em que um pessoal da platéia gritava "Viva a resistência iraquiana!".E, falando no véi armorial, não existe um órgão de defesa do consumidor nesse mundão de Deus que devolva meus momentos gastos com as páginas da bobagenta Pedra Do Reino. Tempo que daria tranqüilo para assistir ao punhado de episódios de Prison Break que tenho na minha fila de pendências. Mas divago. Houve ainda outra palestra, com um chileno bigodudo, gordo e careca, cercado de convidados chiques tomando cappuccino e debatendo a complexidade e a beleza do realismo mágico. Havia também excursões de agitados pimpolhos de escolas públicas, matilhas fardadas de catarrentos ruidosos sem coleira nem focinheira, nos rostos deles eu via futuros frentistas, vendedores de loja do Centro, motoristas de caminhão da Ecofor e alunos da Faculdade Universo do Saber (Facus). Os maiorezinhos mostravam-se deveras interessados. Em paqueras e em trocas de olhares. Houve uma conversa com o prestativo Pasquale Cipro Neto, que aplacou nossas angústias vernáculas ao explicar a diferença entre música e musicista.Houve um sarau com um poeta chamado Chacal (rima involuntária), no qual ele declamava, rodeado por uma fumaça mais suspeita que Opala preto,seus poemas realmente underground e subversivos. A molecada adorou, como de costume. Muitos uhuuu na ocasião. Houve um show de encerramento com o transcedente e hipermoderno Jorge Mautner. Intrigava-me com o nonsense dos cosplayers no espaço RPG. Houve uma horda de metaleiros - coturnos, camisetas de bandas finlandesas, vastas barbas e cabeleiras, tatuagens em panturrilhas - numa roda de discussão sobre livros de wicca. Havia o pavilhão das publicações evangélicas, com adesivos do Smilingüido por todos os lados. E o que há sempre: garotas sem peito e sem bunda de sarongue resvalando pelos calcanhares - estudantes de Letras, de Pedagogia, de História - e que amam dizer o quanto odeiam TV, senhores com óculos fundo-de-garrafa e aspecto de portador de doença mental e grande predileção por biografias, riquinhos de sobrenome famoso trocando sutis cotoveladas e caneladas para ver quem aparece com mais destaque e mais pose de elite culta em foto para a coluna social do Lúcio Brasileiro.
Acertaram e vão ganhar uma ruma de Halls preto aqueles que pensaram na comunidade orkutiana 'Meu passado me condena'.
Numa das últimas visitas, adquiri um folheto de cordel intitulado O Verdadeiro ABC Dos Cornos. Compartilho-o, verso a verso, aqui.