Trechos de O Bom Soldado Švejk (1921), de Jaroslav Hašek.
O bom soldado Švejk caminhava humildemente, acompanhado pelos armados defensores do Estado.
As baionetas brilhavam ao sol. Quando chegaram ao bairro de Malá Strana, Švejk parou diante do monumento a Radetzky e, dirigindo-se ao gentio que os acompanhava, exclamou:
- A Belgrado! A Belgrado!
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O último recurso daqueles que não queriam ir à guerra era a prisão militar. Conheci um professor que não queria atirar porque era matemático, de maneira que roubou o relógio de um tenente para que o trancafiassem na prisão militar. Fez isso depois de ter pensado muito. A guerra não o atraía nem entusiasmava. Disparar contra o inimigo e matar outros professores de matemática tão infelizes como ele parecia uma estupidez.
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Exibiam algumas execuções levadas a cabo pelo exército na Galícia e na Sérvia. Eram fotografias artísticas de casas de campo queimadas e de árvores cujos galhos se inclinavam sob o peso dos enforcados. Uma fotografia especialmente bela era a de uma família enforcada. Um menino, o pai e a mãe. Dois soldados com baionetas vigiavam a árvore com os enforcados e um oficial aparecia em primeiro plano fazendo uma pose de vencedor com um cigarro na mão.
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Recordo que uma vez, durante uma dessas missas, um avião inimigo deixou cair uma bomba precisamente sobre o altar de campanha, e restaram do capelão apenas uns farrapos sanguinolentos. Os jornais disseram então que era um mártir, enquanto nossos aviões preparavam o mesmo tipo de glória para os capelães adversários.
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- Alguns estudiosos dizem que a guerra é consequência das manchas solares. O surgimento de uma dessas manchas prediz que algo terrível está prestes a acontecer. A conquista de Cartago...
- Vá para o diabo com sua erudição, sabichão - interrompeu-o o sargento.
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"Caramba!", disse para si, lendo com interesse as notícias do dia. "O sultão acaba de condecorar o Kaiser Wilhelm com a medalha de guerra, e eu, no entanto, não tenho nenhuma medalha, nem uma pequena, prateada."
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Quando viu que Švejk continuava seu discurso com uma expressão estúpida, semelhante a que talvez pudesse ter sido vista na fotografia que fora publicada certa vez em A Crônica da Guerra Mundial com o seguinte título: "O sucessor do trono austríaco conversa com dois aviadores abatidos por um aeroplano russo."
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Enquanto um sem-fim de soldados instalados nos bosques à beira do Dunajec e do Raab eram cobertos por uma chuva de granadas e a artilharia de grande calibre destroçava e enterrava tropas inteiras nos Cárpatos, enquanto nos horizontes de todos os campos de batalha resplandecia o fulgor das cidades e das aldeias incendiadas, o tenente Lukáš, acompanhado por Švejk, vivia, entediado, seu idílio com a dama que fugira do marido e agora representava o papel de dona de casa.
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"Quando tomba no campo de batalha, deve prestar continência antes de morrer. Quem não sabe prestar continência, quem finge que não viu ou presta com negligência, este, para mim, é um animal."
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- Não faz muito, na taverna, um homem contava que o imperador [Franz Joseph] tem duas amas de leite que lhe dão o peito três vezes ao dia.
- Quem dera que tudo acabasse logo! - suspirou o soldado. - Que nos deem uma surra, mas que a Áustria volte a viver em paz de uma vez por todas.
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Continuaram interpretando as opiniões da média do povo tcheco sobre a guerra; o soldado da caserna repetia que naquele dia ouvira dizer em Praga que era possível ouvir os canhões disparando em Náchod e que o czar estava prestes a entrar na Cracóvia.
Depois, comentaram o fato de o nosso trigo estar sendo enviado para a Alemanha e de os soldados alemães receberem cigarros e chocolates.
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- Meu soldado, uma última coisa. Se cair prisioneiro de guerra na Rússia, dê lembranças de minha parte ao cervejeiro Zeman de Zdolbunov. Eu escrevi o meu nome em um papel. Mas, sobretudo, seja esperto e evite ficar muito tempo no front.
- Não se preocupe comigo - disse Švejk -, sempre é interessante conhecer terras estrangeiras, e ainda por cima de graça.
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Antes que o trem de passageiros chegasse, o bar de terceira classe ficou lotado de soldados e civis. Os soldados pertenciam a diferentes regimentos e formações e eram de diversos países. O redemoinho bélico os levara aos hospitais militares de Tábor e agora voltavam ao campo de batalha em busca de novas feridas, mutilações e sofrimentos, ou para ganhar uma simples cruz de madeira em seu túmulo, sobre a qual, ainda depois de muitos anos, na triste planície da Galícia, ondeará sob o vento e a chuva um quepe descolorido de um soldado austro-húngaro com a viseira oxidada; de vez em quando pousará nela um velho corvo que recordará os pantagruélicos banquetes de antanho e a interminável mesa cheia de saborosos cadáveres de homens e cavalos, e pensará que precisamente sob um quepe como aquele costumava encontrar o mais delicioso dos bocados: olhos humanos.
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Quando descobriram os carros, os russos começaram a cobri-los com granadas. Uma granada matou o cavalo do cocheiro Josef Bong, do 3º Esquadrão Imperial e Real de Serviço. Bong lamentou: "Meu branquinho, acabaram com você, pobrezinho!" Nisso Bong foi atingido por um estilhaço de granada.
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Jareš filho, avô do velho Jareš, guarda costeiro em Razic, perto de Protivín, foi coberto de chumbo e pólvora por ter desertado. E antes de ser fuzilado na fortaleza de Písek, foi obrigado a atravessar um corredor polonês; levou seiscentas cacetadas.
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No exército temos os lanceiros territoriais austríacos, a defesa territorial austríaca, os caçadores bósnios, os caçadores austríacos, a infantaria húngara, os artilheiros imperiais tiroleses, a infantaria bósnia, os hovends da infantaria húngara, os hussardos húngaros, os hussardos territoriais, os carabineiros montados, os dragões, os lanceiros, os artilheiros, os trens, os sapadores, o corpo de saúde, os marinheiros. Estão entendendo? E a Bélgica? A primeira e a segunda esquadra formam o exército operacional, a terceira fica na retaguarda...
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Será um simples intercâmbio. Um soldado tcheco dormirá com uma garota húngara e uma pobre menina tcheca receberá, em sua casa, um soldado húngaro; depois de alguns séculos, os antropólogos terão uma grande surpresa: por que surgiram às margens do Malše pessoas com faces salientes?
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- Mesmo que no meio da luta caísse na latrina, teria que se lamber e voltar ao combate. No quartel todo mundo está habituado aos gases tóxicos, pois comem pão de campanha e ervilhas com cevada. Mas dizem que os russos acabaram de inventar alguma coisa contra os oficiais...
- Devem ser descargas elétricas - completou o voluntário.
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Não faz muito tempo, em Budejovice um companheiro ferido me contou que quando estavam avançando se cagou três vezes: a primeira quando saíram das trincheiras e se arrastaram até os alambrados, a segunda quando começaram a derrubá-los e a terceira quando os russos caíram em cima deles gritando "Hurra!". Então recuaram até as trincheiras e no grupo não restou um que não tivesse se cagado.
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No ato oficial e solene de recepção ao trem em Viena intervieram três membros da Cruz Vermelha austríaca, duas sócias de uma associação bélica de senhoras e jovens vienenses, um delegado oficial da magistratura de Viena e um representante das Forças Armadas.
O cansaço era patente em todos os rostos.
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O major havia voltado ao seu regimento depois que ficara patente sua absoluta inaptidão nas batalhas do Drina, na Sérvia. Diziam que mandara destruir uma ponte flutuante quando a metade de seu batalhão ainda estava na outra margem.
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Ao entardecer [o tenente Lukáš] havia saído do acampamento apenas para ir a Királyhida, ao teatro húngaro da cidade, onde estava sendo representada uma opereta húngara protagonizada por atrizes judias gordinhas, cujo maior atrativo era que quando dançavam levantavam as pernas e se via que não usavam nem anáguas nem calcinhas; e além disso, ainda para maior prazer dos oficiais, estavam raspadas como as tártaras.
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De vez em quando Švejk se distraía, pegava o fone e ficava escutando. O telefone dispunha de um novo sistema que acabara de ser introduzido no exército. Tinha a vantagem de permitir que fossem ouvidas, nitidamente, as conversas de toda a linha.
A intendência e o quartel de artilharia se insultavam mutuamente, os sapadores ameaçavam o correio militar, a artilharia do exército protestava contra a seção de metralhadoras.
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Em Osek, na Croácia, dois veteranos trouxeram ao vagão um caldeirão com coelho assado; não conseguimos nos segurar e mergulhamos de cabeça. Naquela viagem não fizemos nada além de vomitar pelas janelas. Em nosso vagão, o cabo Matejka comeu tanto que tivemos que colocar uma mesa em cima de sua barriga e ficar pulando, como se estivéssemos pisando uvas; isso o aliviou, e começou a expelir tudo por cima e por baixo. Quando estávamos atravessando a Hungria, atiravam galinhas assadas nos vagões. No entanto, na Bósnia não nos deram nem água.
O bom soldado Švejk caminhava humildemente, acompanhado pelos armados defensores do Estado.
As baionetas brilhavam ao sol. Quando chegaram ao bairro de Malá Strana, Švejk parou diante do monumento a Radetzky e, dirigindo-se ao gentio que os acompanhava, exclamou:
- A Belgrado! A Belgrado!
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O último recurso daqueles que não queriam ir à guerra era a prisão militar. Conheci um professor que não queria atirar porque era matemático, de maneira que roubou o relógio de um tenente para que o trancafiassem na prisão militar. Fez isso depois de ter pensado muito. A guerra não o atraía nem entusiasmava. Disparar contra o inimigo e matar outros professores de matemática tão infelizes como ele parecia uma estupidez.
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Exibiam algumas execuções levadas a cabo pelo exército na Galícia e na Sérvia. Eram fotografias artísticas de casas de campo queimadas e de árvores cujos galhos se inclinavam sob o peso dos enforcados. Uma fotografia especialmente bela era a de uma família enforcada. Um menino, o pai e a mãe. Dois soldados com baionetas vigiavam a árvore com os enforcados e um oficial aparecia em primeiro plano fazendo uma pose de vencedor com um cigarro na mão.
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Recordo que uma vez, durante uma dessas missas, um avião inimigo deixou cair uma bomba precisamente sobre o altar de campanha, e restaram do capelão apenas uns farrapos sanguinolentos. Os jornais disseram então que era um mártir, enquanto nossos aviões preparavam o mesmo tipo de glória para os capelães adversários.
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- Alguns estudiosos dizem que a guerra é consequência das manchas solares. O surgimento de uma dessas manchas prediz que algo terrível está prestes a acontecer. A conquista de Cartago...
- Vá para o diabo com sua erudição, sabichão - interrompeu-o o sargento.
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"Caramba!", disse para si, lendo com interesse as notícias do dia. "O sultão acaba de condecorar o Kaiser Wilhelm com a medalha de guerra, e eu, no entanto, não tenho nenhuma medalha, nem uma pequena, prateada."
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Quando viu que Švejk continuava seu discurso com uma expressão estúpida, semelhante a que talvez pudesse ter sido vista na fotografia que fora publicada certa vez em A Crônica da Guerra Mundial com o seguinte título: "O sucessor do trono austríaco conversa com dois aviadores abatidos por um aeroplano russo."
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Enquanto um sem-fim de soldados instalados nos bosques à beira do Dunajec e do Raab eram cobertos por uma chuva de granadas e a artilharia de grande calibre destroçava e enterrava tropas inteiras nos Cárpatos, enquanto nos horizontes de todos os campos de batalha resplandecia o fulgor das cidades e das aldeias incendiadas, o tenente Lukáš, acompanhado por Švejk, vivia, entediado, seu idílio com a dama que fugira do marido e agora representava o papel de dona de casa.
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"Quando tomba no campo de batalha, deve prestar continência antes de morrer. Quem não sabe prestar continência, quem finge que não viu ou presta com negligência, este, para mim, é um animal."
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- Não faz muito, na taverna, um homem contava que o imperador [Franz Joseph] tem duas amas de leite que lhe dão o peito três vezes ao dia.
- Quem dera que tudo acabasse logo! - suspirou o soldado. - Que nos deem uma surra, mas que a Áustria volte a viver em paz de uma vez por todas.
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Continuaram interpretando as opiniões da média do povo tcheco sobre a guerra; o soldado da caserna repetia que naquele dia ouvira dizer em Praga que era possível ouvir os canhões disparando em Náchod e que o czar estava prestes a entrar na Cracóvia.
Depois, comentaram o fato de o nosso trigo estar sendo enviado para a Alemanha e de os soldados alemães receberem cigarros e chocolates.
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- Meu soldado, uma última coisa. Se cair prisioneiro de guerra na Rússia, dê lembranças de minha parte ao cervejeiro Zeman de Zdolbunov. Eu escrevi o meu nome em um papel. Mas, sobretudo, seja esperto e evite ficar muito tempo no front.
- Não se preocupe comigo - disse Švejk -, sempre é interessante conhecer terras estrangeiras, e ainda por cima de graça.
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Antes que o trem de passageiros chegasse, o bar de terceira classe ficou lotado de soldados e civis. Os soldados pertenciam a diferentes regimentos e formações e eram de diversos países. O redemoinho bélico os levara aos hospitais militares de Tábor e agora voltavam ao campo de batalha em busca de novas feridas, mutilações e sofrimentos, ou para ganhar uma simples cruz de madeira em seu túmulo, sobre a qual, ainda depois de muitos anos, na triste planície da Galícia, ondeará sob o vento e a chuva um quepe descolorido de um soldado austro-húngaro com a viseira oxidada; de vez em quando pousará nela um velho corvo que recordará os pantagruélicos banquetes de antanho e a interminável mesa cheia de saborosos cadáveres de homens e cavalos, e pensará que precisamente sob um quepe como aquele costumava encontrar o mais delicioso dos bocados: olhos humanos.
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Quando descobriram os carros, os russos começaram a cobri-los com granadas. Uma granada matou o cavalo do cocheiro Josef Bong, do 3º Esquadrão Imperial e Real de Serviço. Bong lamentou: "Meu branquinho, acabaram com você, pobrezinho!" Nisso Bong foi atingido por um estilhaço de granada.
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Jareš filho, avô do velho Jareš, guarda costeiro em Razic, perto de Protivín, foi coberto de chumbo e pólvora por ter desertado. E antes de ser fuzilado na fortaleza de Písek, foi obrigado a atravessar um corredor polonês; levou seiscentas cacetadas.
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No exército temos os lanceiros territoriais austríacos, a defesa territorial austríaca, os caçadores bósnios, os caçadores austríacos, a infantaria húngara, os artilheiros imperiais tiroleses, a infantaria bósnia, os hovends da infantaria húngara, os hussardos húngaros, os hussardos territoriais, os carabineiros montados, os dragões, os lanceiros, os artilheiros, os trens, os sapadores, o corpo de saúde, os marinheiros. Estão entendendo? E a Bélgica? A primeira e a segunda esquadra formam o exército operacional, a terceira fica na retaguarda...
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Será um simples intercâmbio. Um soldado tcheco dormirá com uma garota húngara e uma pobre menina tcheca receberá, em sua casa, um soldado húngaro; depois de alguns séculos, os antropólogos terão uma grande surpresa: por que surgiram às margens do Malše pessoas com faces salientes?
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- Mesmo que no meio da luta caísse na latrina, teria que se lamber e voltar ao combate. No quartel todo mundo está habituado aos gases tóxicos, pois comem pão de campanha e ervilhas com cevada. Mas dizem que os russos acabaram de inventar alguma coisa contra os oficiais...
- Devem ser descargas elétricas - completou o voluntário.
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Não faz muito tempo, em Budejovice um companheiro ferido me contou que quando estavam avançando se cagou três vezes: a primeira quando saíram das trincheiras e se arrastaram até os alambrados, a segunda quando começaram a derrubá-los e a terceira quando os russos caíram em cima deles gritando "Hurra!". Então recuaram até as trincheiras e no grupo não restou um que não tivesse se cagado.
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No ato oficial e solene de recepção ao trem em Viena intervieram três membros da Cruz Vermelha austríaca, duas sócias de uma associação bélica de senhoras e jovens vienenses, um delegado oficial da magistratura de Viena e um representante das Forças Armadas.
O cansaço era patente em todos os rostos.
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O major havia voltado ao seu regimento depois que ficara patente sua absoluta inaptidão nas batalhas do Drina, na Sérvia. Diziam que mandara destruir uma ponte flutuante quando a metade de seu batalhão ainda estava na outra margem.
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Ao entardecer [o tenente Lukáš] havia saído do acampamento apenas para ir a Királyhida, ao teatro húngaro da cidade, onde estava sendo representada uma opereta húngara protagonizada por atrizes judias gordinhas, cujo maior atrativo era que quando dançavam levantavam as pernas e se via que não usavam nem anáguas nem calcinhas; e além disso, ainda para maior prazer dos oficiais, estavam raspadas como as tártaras.
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De vez em quando Švejk se distraía, pegava o fone e ficava escutando. O telefone dispunha de um novo sistema que acabara de ser introduzido no exército. Tinha a vantagem de permitir que fossem ouvidas, nitidamente, as conversas de toda a linha.
A intendência e o quartel de artilharia se insultavam mutuamente, os sapadores ameaçavam o correio militar, a artilharia do exército protestava contra a seção de metralhadoras.
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Em Osek, na Croácia, dois veteranos trouxeram ao vagão um caldeirão com coelho assado; não conseguimos nos segurar e mergulhamos de cabeça. Naquela viagem não fizemos nada além de vomitar pelas janelas. Em nosso vagão, o cabo Matejka comeu tanto que tivemos que colocar uma mesa em cima de sua barriga e ficar pulando, como se estivéssemos pisando uvas; isso o aliviou, e começou a expelir tudo por cima e por baixo. Quando estávamos atravessando a Hungria, atiravam galinhas assadas nos vagões. No entanto, na Bósnia não nos deram nem água.