sábado, 24 de dezembro de 2011

All through the night

No encerramento do episódio 01x03 de The Sopranos aparece uma versão, digamos, um tanto incomum da canção natalina de origem galesa All Through The Night. Se não pela versão em si, certamente pelas imagens que a acompanham. Momento claramente inspirado pela cena do batizado na reta final de O Poderoso Chefão I. A quase todos, meus sicilianos votos de feliz Natal e próspero 2012.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Data Center

Em Fortaleza, a Data Center ficava na rua Barão do Rio Branco, Nº 750. A seguir, o capítulo 4 do livro didático do curso de Introdução aos (micro)Computadores [1985], de autoria do professor Paulo Bianchi França. Direto do túnel do tempo.











segunda-feira, 31 de outubro de 2011

The legend of Zilda

O Máiquel (argh... Jesus!) parecia ter um Desculpe qualquer coisa tatuado na acidentada testa de Cro-Magnon. E no traseiro acostumado a pontapés, um Agradecemos a preferência, desses de churrascaria com telão para transmitir jogo do Brasileirão. Ele tinha uma apagada e quase enfermiça cor roxa comum aos afogados e ao papel celofane de gosto suspeito.

Conheci-o quando fazíamos curso de montagem e manutenção de computadores no SENAC, ali na Tristão Gonçalves. Foi em uma ocasião, na cantina, eu mordiscando um oleoso pastel de queijo que ensopava o guardanapo, que o esquisitão dirigiu-se a mim pela inaugural vez. Eu sentava ao lado dele em uma das bancadas, na sala B4, os pares de alunos que observavam as CPUs de macarrônicas vísceras expostas, como numa aula de anatomia, tudo sob a veemente iluminação dos retângulos fluorescentes do teto. Essa proximidade geográfica deve tê-lo encorajado. Mau sinal. Em clima de confidência, ele contou que estava com dificuldades, se eu poderia esclarecer tal dúvida. Por que não fala com o professor, anta?, pergunta a esfinge. Em vão.

Rapaz, só sei que o hiena Hardy ficou de tramela solta e importunou-me com um resumo não-solicitado de sua vida. Descobri, e não me orgulho disso, que se tratava d'O pobrinho batalhador. Do tipo que se intimidava com a catraca high tech que permitia nossa entrada no prédio pela identificação do polegar encostado numa telinha de cristal. No infame covil em que morara com a mãe solteira, dois irmãos e uma irmã, um menos promissor que o outro, apelara, em deprimentes paródias de almoço, a um copo de aluá com uma lata de ervilhas fora do prazo de validade. A mãe, sem tostão nem profissão e desesperada, pensou até em envenenar piedosamente (?) as crias com cicuta, estricnina, o diabo. Narrativa pedestre e desinteressante, é óbvio. Foi salvo desse cotidiano de letra de rap ao ser amadrinhado por uma dondoca, tia distante já meio que enjoando do caviar e de Bariloche. A matrona endinheirada, sucesso no ramo da confecção, escapou do tédio quando virou moda no seu círculo de amigas a filantropia publicitária, como anteriormente haviam sido moda os estofados em tons de sépia, os bibelôs de material reciclado, os livros de Khalil Gibran e o penteado da Ana Maria Braga. Um arremedo desses programas de auditório nos quais o cara pega um portador-de-necessidades-financeiras-especiais e custeia reforma da casa, cesta básica, aparelho de estampar camiseta, giro de limusine, banho de loja, manicure, veterinário. Era ela quem pagava a mensalidade e auxiliava o pequeno Máiq a conquistar as tábuas do monte SENAC.

Os meses passaram e vieram os exames finais. No primeiro deles, o cidadão M apareceu trajando uma máscara de borocoxô que era um caso sério. Verdadeiro cão hidrófobo esperando injeção letal, resto de gato amassado com marca de pneu no dorso. Época atarefada no armazém em que trabalhava, explicou-me, nervoso. Estudara mal e porcamente para os testes práticos. Calma, relaxa, eu disse, esforçando-me para engolir um "seu trouxa". Uma dupla era sorteada e ia para uma bancada lá diante da turma inteira, onde estava um dos gabinetes de lateral aberta trazidos pelo grande professor Sérgio (grande mesmo: ótimo docente e mais de 1,90 de altura). A missão, achar o defeito que impedia a máquina de iniciar corretamente. Fui com o Rafa à mesa de operações. 2 minutos. Cronometrando. Valendo. Concentração agora. Ei, o que é aquilo? Um jumper encaixado nos pinos em posição 2-3, mas o certo seria em 1-2. Muito fácil.

- Tempo esgotado. Qual o diagnóstico, minha gente?

Respondemos.

- Experimentem.

Liga estabilizador. Aperta botão Power. O reconfortante e aprovador barulhinho do bip.

- Excelente. Voltem a seus lugares.

O ratinho assustado teve como companhia a garota que sempre chegava atrasada e nunca puxava conversa com alguém da classe. Tinha uns cabelos negros como a asa da graúna, um derrière imponente e maciço como uma Bastilha e uma comissão de frente herdada de alguma divindade babilônica. Rapidinho, botaram nela (epa) o apelido de Zilda. Boazilda, Gostosilda. Depois, espiando as assinaturas da lista de presença que ia de mão em mão, vimos que se chamava Karina. 2 minutos. Cronometrando. Valendo. Inclinados sobre o paciente, trocavam olhares clínicos de E então?. Nada. A fronte do bosquímano perlava-se de suor, um bolo obstruía-lhe a garganta. E pouco ajudava a visão daquele pedação de mulher recendendo a loção, curvada acima do amontoado de hardware, o avantajado busto saltando da folgada blusa estilo cigana. Ele mirava os fios em amarelo-preto-vermelho, mirava o nicho do par de fru
tões. Mirava a bateria de lítio, mirava os frutões. Os pentes de memória RAM, os frutões. Conectores do HD, frutões. Barramento PCI, frutões. Chipset, frutões.

- Tempo esgotado. Qual o diagnóstico, minha gente?

Um silêncio atordoante. Pressão demais. O mico Máiquel explodiu:

- O sutiã da Zilda é verde-malva com uns floreados em relevo.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Axiomas de Winnie

Figuras femininas do mundo pop que publicaram livros não são exatamente o que se chame de raridade. Desde a barbie Hilary Duff, passando pela madame wisecrack Zsa Zsa Gabor até a provocante Jennifer Love Hewitt. Mas, ei, quantas vocês conhecem que se lançaram a escrever sobre... Matemática?

Danica McKellar fez bastante sucesso como a ultrameiga Winnie Cooper do seriado Anos Incríveis, a menin-

e aquela abertura, hein? a família Arnold posando para a câmera Super-8; ao fundo, o tal do sonho americano, com a casinha branca, a cerca viva, o gramado frontal, o Impala estacionado; Kevin numa camisa verde quase fosforescente, ensaiando mira com o taco de baseball; tchauzinhos; Paul Pfeiffer aparentemente tendo um ataque de asma no meio-fio da calçada; Jack e Norma presidindo o churrasco; Wayne desferindo uma bandejada na testa da Karen; brigas fajutas; Kevin recebendo das mãos de sua musa Winnie (de macacão, boné vermelho e óculos de datilógrafa) a enorme e estranha noz que é a bola de football; uma discussão talvez acerca do placar; e, é claro, a exagerada (inspirada, julgarão outros) interpretação de Joe Cocker para With A Little Help From My Friends

- como eu ia dizendo, a menina certinha da pacata e tediosa rua suburbana, com suas blusinhas de cashmere ou vestidos à Nancy Sinatra
na ida à parada do ônibus escolar, carregando em postura de abraço tomos de Álgebra e cadernos e que teve o irmão mais velho morto no Vietnã. Pois ela deu um tempo na carreira de atriz, foi estudar Matemática na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e graduou-se em 1998 com um cobiçado summa cum laude. Existe inclusive um teorema com o nome dela, o 'Chayes-McKellar-Winn theorem'. Em 2007, ela estreou no mercado editorial com Math Doesn't Suck, subtítulo How To Survive Middle-School Math Without Losing Your Mind Or Breaking A Nail. Não o li, baseio-me no aperitivo em flash disponível no amazon.com.

A obra é dedicada à irmã dela, Crystal McKellar, que também atuou em Anos Incríveis, encarnando a rancorosa, violenta e hilária Becky "I Hate Men" Slater. Danica começa contando como era terrified of math, trazendo-nos a difundida imagem dos algarismos e das equações na lousa como texto chinês de cabeça para baixo ou hebraico ao contrário, caso de prova entregue em branco e a posterior reviravolta, com a descoberta de macetes e truques. Lembram-se do "As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá, senoA.cossenoB + senoB.cossenoA", prelúdio para a fórmula de sen(A + B)?

As dicas dirigem-se para garotas que estejam em algum lugar da adolescência. Parágrafos como o seguinte deixam isso bem óbvio:

"Let's get a few things straight: Acne sucks. Mean people suck. Finding out that your boyfriend kissed another girl? That would totally suck. Too much homework, broken promises, detention, divorce, insecurities: suck, suck, suck, suck, suck. But math is actually a good thing."

Na verdade, deveria aventurar-se nessa leitura qualquer pessoa minimamente curiosa que tropeça em aritmética elementar, que fica zonza ao pensar na magnitude da constante de Avogadro, nas cifras relativas ao número de vítimas da fome de Bengala em 1770 ou no total de crioulos dizimados no Congo durante um pedaço do reinado de Leopoldo II, soberano da Bélgica.

Tem uma parte muito interessante:

"When I was in middle-school, I had insecurities like everybody else. It didn't help that I was on a TV series (The Wonder Years) at the time. Don't get me wrong - I loved acting, but it didn't take long for me to learn that when you are acting in front of millions of people you get a lot of attention that doesn't necessarily have anything to do with who you really are. Every day, walking down the street, people would come up to me, ask for my autograph, and tell me how much they loved the character I was playing. Great, right?

Well, after a few years of this, I started to wonder if people would still like me if I weren't on television. Eventually, whenever someone would tell me how much they liked my character, I would say 'thank you', and then feel kind of empty inside. I started to question my self-worth."


Consideração que me remete a dois pontos:

1º) Um trecho de Pensamentos, do francês Blaise Pascal:

"Quando gostamos de uma pessoa por causa de sua beleza, gostamos dela? Não; pois a varíola, que tirará a beleza sem matar a pessoa, fará que não gostemos mais; e, quando se gosta de mim por meu juízo, ou por minha memória, gosta-se de mim? Não; pois posso perder essas qualidades sem me perder. Onde está, pois, esse eu, se não no corpo nem na alma? E como amar o corpo ou a alma, se não por essas qualidades, que não são o que faz o eu, de vez que são perecíveis? Com efeito, amaríamos a substância da alma de uma pessoa abstratamente, e algumas qualidades que nela existissem? Isso não é possível, e seria injusto. Portanto, não amamos nunca a pessoa, mas somente as qualidades."

Nota de rodapé referente a esse trecho: "Pascal sofisma: como muito bem observa Havet, não existem qualidades separadas das coisas."

2º) No episódio 01x01 de House, MD, legenda em português de um inquietante diálogo entre o carismático protagonista misantropo e a médica auxiliar Allison Cameron:

- Isso a incomoda? Mesmo? Pensar que foi contratada por um legado genético de beleza ao invés de um legado genético de inteligência?
- Batalhei muito para chegar aonde estou.
- Mas não precisava.
[...] Poderia ter ficado rica se casando, ter sido modelo. Só precisava parecer para conseguir as coisas. [...] Mulheres lindas não fazem medicina. A não ser que tenham sido magoadas na proporção da beleza.

Enfim: esse assunto vai longe e não cabe numa postagem de blog.

O capítulo 1 aborda fatoração e números primos, com problemas e imaginosas aplicações. Os diferentes padrões para montar um bracelete com 8 contas de jade e 16 de ônix. Como dividir batons pelas bolsas de uma excêntrica celebridade hollywoodiana. "It's hard to believe that there's no way to evenly divide up 101, but it's true!", comenta. Ao falar em árvores de fatores, exemplifica:


E observa que, mesmo em variações, as "folhas" da árvore nunca mudam. Ou seja (e agora arrisco uma intromissão):


E o resto da amostra grátis amazônica do produto é uma miscelânea de sugestões para organizar o aprendizado e superar bloqueios.

domingo, 21 de agosto de 2011

Povo do Walmart

Quando eu crescer, quero blogar que nem os caras do People Of Walmart.

























Agora repitam comigo, usando gíria de vovô e tudo: Blog supimpa!

 
"Blog supimpa!"

  
"Blog supimpa!"

 
"Blog supimpa!"

 
"Blog supimpa!"

 
"Blog supimpa!"

 
"Blog supimpa!"

 
"Blog supimpa!"

 
"Blog supimpa!"

 
"Blog supimpa!"