A velha surda Boris Casoy vacilou feio no episódio com os garis.
Observem. Eu, que já atendi a clientes inacreditáveis na manutenção de hardware, sei. Eu, que já freqüentei famigerados e universalmente assustadores churrascões-com-a-fauna-da-empresa, sei. Vendedores de Lamborghini ou de planos Golden Cross com uma lábia de serpente do Éden sabem. Popstars e moviestars divulgando lançamentos e conclamando o público, idem. O redator sempre pronto a defender seu jornal-patrão & os anunciantes - isso marchando lado a lado com a antipatia aos concorrentes, pelo menos enquanto não for contratado por eles -, mesma cousa. Porém, É. Uma. Vergonha. O ancião âncora de boca murcha parece ter ignorado: Você nunca imagina quando vai precisar das criaturas que despreza profundamente.
Vejam nossa busca pelo vil metal. Carecemos de ir atrás das pessoas e apresentarmo-nos com alguma utilidade. Nessa caça ao tesouro, raramente ao quadrado seremos compelidos a pensar sobre a validade do lucro porque o fulano pagante usa o funk da panela de pressão como ringtone do celular, tem laços comerciais com China e Arábia Saudita ou diz "pogresso", "abadonar" e "tóchico". Em outras situações, sem o perigo de estragar relacionamentos ou de arriscar a sobrevivência financeira, a gente julgaria sem dó nem piedade esses - cof, cof - detalhes irrelevantes para os negócios. Os amigos de longa data ou parentes queridos nos quais atenuamos/encenamos vista grossa a/toleramos defeitos intoleráveis. O receio de espinafrar aquele ridículo que nos elogiou. Ou ainda: nós próprios sendo o alvo desse tipo de análise clínica cínica. É mentira, Terta? Salta aos olhos a perfídia, como diria o manifesto da Confederação do Equador.
Vejam também minhas bastardas e inglórias voltas para casa à noite, o trânsito repleto de brutamontes de vários formatos, cores, idades, gêneros e procedências. A vontade que dá é de espancá-los com um retirante morto até o cadáver famélico gritar "Asa Braaanca". Mas isso não se faz. A que se deve a obviedade dessa proibição? A uma geringonça chamada civilização. Tem muito de boas maneiras. E mais um tanto de falsidade. Civilizar é refrear instintos, elaborar rituais, condutas artificiais. E isso envolve sim uma certa dose de hipocrisia, a qual, para fins ornamentais, apelidamos de diplomacia. Sinceridade desembestada ladeira abaixo é mania de rebelde da geração Toddynho ("Falo na cara, morô!"). O máximo a que podemos aspirar é tentar dar um pouco de engenho a essas necessárias máscaras, dissimulações e incoerências de cada dia.
Observem. Eu, que já atendi a clientes inacreditáveis na manutenção de hardware, sei. Eu, que já freqüentei famigerados e universalmente assustadores churrascões-com-a-fauna-da-empresa, sei. Vendedores de Lamborghini ou de planos Golden Cross com uma lábia de serpente do Éden sabem. Popstars e moviestars divulgando lançamentos e conclamando o público, idem. O redator sempre pronto a defender seu jornal-patrão & os anunciantes - isso marchando lado a lado com a antipatia aos concorrentes, pelo menos enquanto não for contratado por eles -, mesma cousa. Porém, É. Uma. Vergonha. O ancião âncora de boca murcha parece ter ignorado: Você nunca imagina quando vai precisar das criaturas que despreza profundamente.
Vejam nossa busca pelo vil metal. Carecemos de ir atrás das pessoas e apresentarmo-nos com alguma utilidade. Nessa caça ao tesouro, raramente ao quadrado seremos compelidos a pensar sobre a validade do lucro porque o fulano pagante usa o funk da panela de pressão como ringtone do celular, tem laços comerciais com China e Arábia Saudita ou diz "pogresso", "abadonar" e "tóchico". Em outras situações, sem o perigo de estragar relacionamentos ou de arriscar a sobrevivência financeira, a gente julgaria sem dó nem piedade esses - cof, cof - detalhes irrelevantes para os negócios. Os amigos de longa data ou parentes queridos nos quais atenuamos/encenamos vista grossa a/toleramos defeitos intoleráveis. O receio de espinafrar aquele ridículo que nos elogiou. Ou ainda: nós próprios sendo o alvo desse tipo de análise clínica cínica. É mentira, Terta? Salta aos olhos a perfídia, como diria o manifesto da Confederação do Equador.
Vejam também minhas bastardas e inglórias voltas para casa à noite, o trânsito repleto de brutamontes de vários formatos, cores, idades, gêneros e procedências. A vontade que dá é de espancá-los com um retirante morto até o cadáver famélico gritar "Asa Braaanca". Mas isso não se faz. A que se deve a obviedade dessa proibição? A uma geringonça chamada civilização. Tem muito de boas maneiras. E mais um tanto de falsidade. Civilizar é refrear instintos, elaborar rituais, condutas artificiais. E isso envolve sim uma certa dose de hipocrisia, a qual, para fins ornamentais, apelidamos de diplomacia. Sinceridade desembestada ladeira abaixo é mania de rebelde da geração Toddynho ("Falo na cara, morô!"). O máximo a que podemos aspirar é tentar dar um pouco de engenho a essas necessárias máscaras, dissimulações e incoerências de cada dia.