E está aí mais uma vez o zeitgeist de final de ano. Apreciação
culinária é meu forte nessa época. Época apressada e ruidosa. Papai Noel,
Rudolph do Nariz Vermelho, menino Jesus, Mr. Hanky, presépio, guirlanda,
pinheiros enfeitados, artesanato de papel crepom, cordéis de luzes
pisca-pisca com 100 mini-lâmpadas, centros de compras
lotados, povo das antigas talvez recorde a propaganda do Banco Nacional
(a vinheta da TV Globo continua ("O futuro já começou",
bla bla bla)), cartões, abraços bregamente efusivos e hipócritas, hora
de acalentar esperanças e descontos de 20%, filmes de ocasião, CDs e
DVDs de ocasião, solidariedade de ocasião (aquele agitator aidético,
tsc, tsc), a trilha sonora que impregna: [Jingle Bells, Deck The Halls, Noite Feliz, Adeste Fideles,
melodias de harpa, releitura de Lennon pela Simone], especial do Roberto Carlos, desenhos
animados adaptando a história de Charles Dickens sobre os 3 fantasmas,
insuportáveis garotos(as)-enxaqueca lembrando-nos a cada 5 minutos de
que tudo não passa de invenção do comércio, música do Vangelis no
anúncio televisivo da corrida São Silvestre, Milagre Na Rua 34, A Felicidade Não Se Compra,
sisudos balconistas de loja usando gorrinhos encarnados, caixinha de
funcionários, roupa branca, Sidra Cereser, as taças afuniladas sempre
repletas e com a meia rodela de limão na borda, bacalhau da promoção,
panetone, lasanha gratinada, torta de pêssego, noz, avelã, votos (no
estilo Coxinha) de felicidade e de prosperidade, o espocar de carabina
da tampa do champanhe - a espuma escorrendo, a garrafa um vulcão
lambuzado de lava a pingar no chão da sala gotas de basalto fermentado
-, pular onda na praia, programas de retrospectiva, o caos das explosões
de fogos de artifício, metas - candidatas a negligências - para os
próximos doze meses.
Mas invocado mesmo é aqui, agora, esse cheiro de peru ou de chester, sei lá, assando. E a casa cheia de gente mais ou menos civilizada. Vejo nessas festividades domésticas de dezembro algo simultaneamente cafona e irresistível. É uma excelente desculpa para nos entupirmos das iguarias típicas do período e reunir pessoas gradas, parentes ou não, que moram longe e/ou dificilmente têm tempo durante o resto do ano.
Presentinhos são bem-vindos, é lógico.
E como diria Joey Ramone, seus bastardos: Merry Christmas, I don't want to fight tonight.
Mas invocado mesmo é aqui, agora, esse cheiro de peru ou de chester, sei lá, assando. E a casa cheia de gente mais ou menos civilizada. Vejo nessas festividades domésticas de dezembro algo simultaneamente cafona e irresistível. É uma excelente desculpa para nos entupirmos das iguarias típicas do período e reunir pessoas gradas, parentes ou não, que moram longe e/ou dificilmente têm tempo durante o resto do ano.
Presentinhos são bem-vindos, é lógico.
E como diria Joey Ramone, seus bastardos: Merry Christmas, I don't want to fight tonight.